Adolescência perdida dos garotos do ISIS

Fala de jovem terrorista ajuda a compreender o que torna extremismo atraente: não dogmas religiosos, mas ódio à invasão pelos EUA e esperança de recuperar dignidade

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Fala de jovem terrorista condenado à morte ajuda a compreender o que torna extremismo atraente: não os dogmas religiosos, mas o ódio à invasão norte-americana e esperança de recuperar dignidade

Por Lydia Wilson | Tradução: Gilberto Schittini

Tão logo eu me acomodo na sala de entrevistas na estação de polícia de Kirkuk, Iraque, o primeiro prisioneiro que fui ver é trazido, acompanhado por dois policiais, e em algemas. Eu me levanto desajeitadamente, incerta sobre a etiqueta envolvida em uma entrevista com um combatente condenado à pena de morte. Ele é pequeno, bem menor do que eu: à primeira vista, apenas um garoto com problemas com a polícia, seus olhos fixos no chão, seu rosto como uma máscara. Nós nos sentamos em poltronas alinhadas contra paredes opostas, em uma sala nevoenta com fumaça de cigarro e iluminada com lâmpadas fluorescentes — uma sala tão pequena que meus joelhos quase tocam os do prisioneiro, mas ele ainda não levanta o rosto. Já entrevistei vários soldados do outro lado desta luta, a maioria das forças curdas (também conhecidas como peshmerga), mas também soldados do exército iraquiano (conhecidos como Forças de Segurança Iraquianas ou ISF em inglês), tanto árabes quanto curdos. Combatentes do ISIS, é claro, são bem mais esquivos, a não ser que você esteja viajando para o Estado Islâmico propriamente dito, mas eu prefiro manter minha cabeça sobre os ombros.

Há vários boatos sobre execuções sumárias, sem o devido processo legal, de guerrilheiros do Estado Islâmico aprisionados, mas é claro que ninguém vai relatar oficialmente tais abusos de direitos humanos. Como uma anedota, nos contaram sobre um prisioneiro que foi interrogado por 30 dias mas que apenas disse “Allahu Akbar” (Deus é grande) durante todo o mês. “Você não atiraria nele?”, eles perguntaram. Um peshmerga relatou ter testemunhado a captura, interrogatório e execução de cinco prisioneiros. Nós conversamos com vários líderes que disseram que eles não querem pegar prisioneiros, já que corpos feridos frequentemente contém armadilhas e matam soldados que se aproximam; por essa razão o PKK tem como política não fazer nenhum prisioneiro. (o PKK, ou Partido Trabalhista Curdo, é o grupo separatista curdo sediado na Turquia e no norte do Iraque que está na lista de terrorismo internacional; ao se provarem como indispensáveis na luta contra o ISIS, eles criaram um dilema para os governos ocidentais. Mas eles aparentemente não são tão indispensáveis a ponto desses governos se sentirem compelidos a se oporem aos recentes bombardeios da Turquia sobre eles).

Com o ISIS não há conciliação… eles não estão interessados em trocar prisioneiros.

Outra fonte nos contou sobre a futilidade de manter prisioneiros por seu valor de barganha: “Com o ISIS, não há conciliação, não há negociação… eles não estão interessados em trocar prisioneiros porque acreditam ser melhor morrer”. Independente da verdade por trás do comportamento dos serviços militares e de segurança, o fato se mantém: prisioneiros do ISIS são difíceis de achar.

Em uma noite, assistimos a um documentário na BBC Árabe com o perfil do General Brigadeiro Sarhad Qadir, o chefe de polícia do governo iraquiano em Kirkuk. Ele é filmado policiando a cidade, patrulhando pessoalmente as ruas e casas, prendendo pessoas suspeitas de lutar para o ISIS. Kirkuk, então, parece ser um bom lugar para começar: pelo menos lá há prisioneiros, de acordo com a BBC.

E então meus colegas e eu dirigimos até Kirkuk a partir da capital do Curdistão Iraquiano, Erbil, para encontrar Qadir. Apesar da carga de trabalho na manutenção da segurança, nessa cidade inquieta de misturas étnicas (em maioria árabes, curdos e turcos), repleta de células adormecidas do ISIS, ele é hospitaleiro e envia guardas armados para nos escoltar da estrada até a cidade. Nós somos servidos com chá em seu escritório e ele senta conosco por meia hora, até que somos levados para a sala de interrogatórios com dois coronéis. (Na semana seguinte após eu sair do país, ele e outros oficiais foram atingidos por uma enorme explosão de carro bomba. Qadir foi ferido pela décima quarta vez servindo pelo Curdistão).

Assim que o primeiro prisioneiro chegou, e que não havia nenhuma possibilidade de conversa fiada, nós partimos direto para as perguntas de pesquisa que eu devo fazer, as mesmas questões feitas a lutadores e não-lutadores em todo o país, perguntas que eu também fiz no Líbano e que vêm sendo replicadas em outras partes do mundo por meus colegas da Artis International, um consórcio para o estudo científico a serviço da resolução de conflitos. A pesquisa é baseada em psicologia moral e cognitiva, explorando quando e por que seres humanos cometem os sacrifícios mais extremos – incluindo suas vidas e as vidas de suas famílias – por causas abstratas, pelos assim chamados “valores sagrados”. Nossa pesquisa tenta determinar por que as pessoas mudam de ideia acerca desses valores sagrados, se e como elas mudam seu comportamento em sua defesa. Nós esperamos descobrir como persuadir pessoas a abandonar vias violentas, apesar de que eu estou rapidamente perdendo a fé nessa possibilidade, nesta parte do mundo.

Nesta viagem, sou acompanhada por colegas experientes: Scott Atran, um acadêmico baseado na França e Doug Stone, um general norte-americano aposentado que passou mais de dois anos no Iraque durante a ocupação dos EUA, entrevistando prisioneiros diariamente. Isso, é claro, muda fundamentalmente a experiência da entrevista, lotando a sala e dando ao evento mais importância, mas formalidade, mas também trazendo à tona perguntas totalmente diferentes, ênfases e expertise e, assim, desenhando muitos ângulos diferentes sobre os entrevistados. De qualquer maneira, nunca haverá informalidade com prisioneiros que aguardam no corredor da morte.

As primeiras perguntas são sobre a percepção da força de vários grupos — com alguns dos quais o entrevistado pode ter simpatias (mesmo que ele possa não expressá-las). Outros grupos, ele pode claramente considerar como o Outro, o Inimigo. Em apresento um cartão com fotos de homens semi-nus, variando desde o razoavelmente franzino até o maior halterofilista — cada cabeça foi substituída por uma bandeira do Estado Islâmico. Fosse lá o que este jovem estivesse esperando, fosse lá o que já perguntaram a ele — isto não era nem uma coisa nem outra. Ele levanta os olhos, surpreso, na direção do meu colega Hoshang Waziri — sua primeira reação humana — que começa a explicar.

“Este é o Estado Islâmico — veja, aqui está a bandeira”, Hoshang diz, apontando para o halterofilista e flexionando seus bíceps. “Esta figura mostra o Estado Islâmico tão forte quanto ele possa ser. Aqui eles são muito, muito fracos; e aqui estão todas as coisas que ficam no meio. Quão fortes você acha que eles são?” O menino timidamente aponta para o mais fraco — o que é esperado, já que ele não quer parecer um fã — e nós passamos para uma figura semelhante, mas com a bandeira curda ao invés do Estado Islâmico sobreposta aos corpos. “Agora os peshmerga: Quão fortes eles são?”

O prisioneiro entendeu as perguntas, e aponta para a segunda foto mais forte. Em outras imagens, ele decide que o exército iraquiano está no meio, o Irã é um pouco mais fraco do que isso, e os Estados Unidos são o mais forte (Ele não ouviu falar do PKK, apesar de suas repetidas vitórias sobre o ISIS). Nós pedimos para ele ranquear todas as forças, usando as cartas e então percebemos que ele ainda está algemando e eu peço para que as algemas sejam retiradas. No hiato subsequente, com os policiais procurando chaves e andando para lá e para cá, e procuro bater papo mais informalmente e finalmente ele olha para mim, respondendo questões com respostas de uma palavra sobre sua idade, passado, educação, família. Lentamente, com fragmentos surgindo ao longo do resto da entrevista, eu monto uma imagem que depois vai se repetir, com apenas pequenas diferenças, em outros prisioneiros com quem conversamos naquele dia. São histórias familiares ao general Stone da época da ocupação aliada e também a jornalistas e pesquisadores com quem tenho conversado desde então.

Este homem tem 26 anos, é o mais velho entre 17 crianças de duas mães (ou seja, seu pai teve duas esposas ao mesmo tempo) e é de Kirkuk. Completou a sexta série, ao menos é alfabetizado, diferentemente de outros que entrevistamos. É casado, tem dois filhos, um menino chamado “Rasuul”, que quer dizer Profeta, e uma menina chamada “Rusil”, que é o plural de Profeta – o que indica a centralidade do Islã em sua vida. Estava empregado como trabalhador braçal para sustentar sua família imensa, quando machucou suas costas e perdeu o emprego. Foi então, de acordo com ele, que um amigo, da mesma tribo mas apenas um parente distante, aproximou-se e ofereceu-lhe um trabalho com o ISIS. Sua história já foi aparada por inúmeros interrogatórios e pelo julgamento, por isso sai um tanto amenizada. A vida sob o Estado Islâmico era puro terror, ele diz; ele lutou apenas porque estava aterrorizado. Outros podem ter feito isso pela fé, mas não ele. Sua família precisava do dinheiro, e essa era a única oportunidade de consegui-lo.

“Nós precisamos que a guerra acabe, nós precisamos de segurança… tudo o que eu quero é estar com minha família, meus filhos”.

Mais tarde, na entrevista, nós descobrimos o quanto ele está comprometido com sua família, primeiro com os cartões que usamos para testar o grau de fusão entre os indivíduos e diferentes grupos. Nós perguntamos sobre o Iraque, o Islã, família, amigos e o Estado Islâmico. As escolhas são feitas pictograficamente: nós usamos um conjunto de dois círculos crescentemente sobrepostos (em um extremo do espectro, os círculos nem se tocam, no outro eles estão totalmente sobrepostos, e há quatro círculos com graus variados de sobreposição entre os extremos), e, novamente, eles são inesperados e confusos para o prisioneiro – não há uma resposta “certa” óbvia para a maioria deles. O homem foi atraído para fora de sua concha e contra a sua vontade perdeu sua auto-consciência na sua concentração e nas suas perguntas para Hoshang. Ao fim, ele decide que está quase, mas não totalmente, fundido com o Iraque e com o Islã, completamente separado do Estado Islâmico (novamente, isso era esperado), levemente conectado com seus amigos (“Eu não tenho amigos”), e totalmente fundido com sua família. De fato, sua família é o único grupo com o qual ele estava totalmente fundido, uma decisão que foi tomada instantaneamente. Durante um questionamento mais informal sobre sua família e sua tribo saiu essa afirmação reveladora: “Nós precisamos que a guerra acabe, nós precisamos de segurança, estamos cansados de tanta guerra… tudo o que eu quero é estar com minha família, meus filhos”.

Quando ele foi retirado da sala, tivemos a oportunidade de descobrir por que ele foi condenado, como foi encontrado e quais as provas condenatórias. Ele era um mestre em carros-bombas, detonou pelo menos quatro deles em Kirkuk mesmo e também uma lambreta-bomba que explodiu em um mercado lotado de lojas de armas, matando muitas pessoas e também enfraquecendo a capacidade de residentes locais lutarem contra o ISIS. Ele foi descoberto a partir da captura de um dos financiadores da “célula adormecida” em Kirkuk, que o tinha registrado numa lista com pseudônimos, junto com números de telefone e quantidades de dinheiro. A polícia fez este homem ligar para cada pessoa na lista, uma célula de seis, e agendar encontros, em que foram capturados – todos em um dia. Quando o bombardeador do ISIS percebeu que eles estavam ali “ele entrou em colapso e fez uma confissão de cinco páginas”. Manteve sua confissão na corte, onde foi julgado seugndo o Artigo 40 da lei iraquiana sobre terrorismo, que estabelece a pena de morte.

Por que ele fez todas essas coisas? Muitos assumem que estes lutadores são motivados pela crença no Estado Islâmico, um califado dominado por um califa que tem o título tradicional de Emir al-Muminiin, “Comandante dos fiéis”, um papel atualmente desempenhado por Abu Bakr al-Baghdadi; que lutadores de todas as partes do mundo estão acorrendo à região, atrás de uma chance de lutar pelos seus sonhos. Mas isso não corresponde aos prisioneiros que estamos entrevistando. Eles são tristemente ignorantes sobre o Islã e tem dificuldades em responder questões sobre a lei sharia, jihad militante e o califado. Ocorre que um conhecimento detalhado, ou ao menos superficial, sobre o Islã não é necessariamente relevante para o ideal de lutar pelo Estado Islâmico, como vimos pelo caso da compra, via Amazon, do livro Islã para principiantes, por um combatente britânico que se juntou ao ISIS.

“Eu não gostava de Saddam, mas pelo menos não tínhamos guerra. Quando vocês vieram para cá, a guerra civil começou”

De fato, Erin Saltman, pesquisador sênior em contra-extremismo do Instituto para Diálogo Estratégico (Institute for Strategic Dialogue), diz que agora há menos ênfase em conhecimentos sobre o Islã, na fase de recrutamento. “Nós estamos vendo um afastamento do treinamento religioso rigoroso como requisito para o recrutamento”, ele me disse. “Se entrevistássemos lutadores recrutas estrangeiros dirigindo-se ao Afeganistão, há dez ou vinte anos, veríamos que havia muito treinamento religioso e teológico ligado ao recrutamento. Hoje, vemos que a estratégia de recrutamento ramificou-se para uma audiência mais ampla com muitos fatores de atração”.

Não há dúvidas de que esses prisioneiros que estou entrevistando estão comprometidos com o Islã; é apenas seu próprio tipo de Islã, que está distantemente relacionado com aquele do Estado Islâmico. Da mesma forma, lutadores ocidentais que viajam para o Estado Islâmico também estão profundamente comprometidos, mas é com sua própria ideia de jihad ao invés de uma concepção solidamente fundamentada em argumentos teológicos ou mesmo em evidências do Corão. Como disse Saltman, “o recrutamento [do ISIS] joga com desejos de aventura, ativismo, romance, poder, pertencimento, junto com realização espiritual”. Ou seja, o Islã desempenha um papel, mas não necessariamente na forma rígida, salafista, preconizada pelos líderes do Estado Islâmico.

Além da teologia islâmica, há outras explicações, bem mais convincentes, sobre por que eles escolheram lutar pelo lado em que vêm lutando. Ao final da entrevista com o primeiro prisioneiro, nós perguntamos: “Você tem alguma pergunta para nós?” Pela primeira vez desde que chegou na sala, ele sorri – com surpresa – e finalmente nos diz o que realmente o motiva, sem nenhum roteiro. Ele sabe que há um norte-americano na sala, e talvez consiga adivinhar, pelo seu jeito e por suas perguntas, que é um ex-militar. Direcionada sua “pergunta”, na forma de uma afirmação raivosa, para ele. “Os americanos vieram”, ele diz, “Eles retiraram Saddam, mas eles também retiraram nossa segurança. Nós não gostávamos do Saddam, nós estávamos esfomeados com ele, mas ao menos nós não tínhamos guerra. Quando vocês vieram, a guerra civil começou”.

O ISIS é o primeiro grupo, desde a Al Qaeda, a oferecer a esses jovens uma maneira de defender sua dignidade, família e tribo

Toda essa experiência tem sido bastante familiar para Doug Stone, o general americano que recebe esta diatribe. “Ele absolutamente se encaixa no perfil típico”, Stone disse a seguir. “A idade média de todos os prisioneiros no Iraque, quando eu estive aqui era 27; eles eram casados; tinham dois filhos; haviam estudado entre a sexta e a oitava séries. Ele tem exatamente o mesmo perfil de 80% dos prisioneiros de então… e sua reclamação número um sobre segurança e contra todas as forças americanas foi exatamente a mesma reclamação de cada prisioneiro”.

Esses garotos atingiram a maioridade sob a desastrosa ocupação estadunidense após 2003, na parte caótica e violenta do Iraque, dominado pelo governo xiita cruelmente sectário de Nouri al-Maliki. Crescer como um árabe sunita não foi nada divertido. Outro entrevistado descreveu sua vida crescendo sob a ocupação norte-americana: não podia sair, não tinha vida e mencionou especificamente que não tinha namoradas. O maior ressentimento de um lutador do Estado Islâmico é a falta de uma adolescência. Outro dos entrevistados foi deslocado na idade crítica dos 13 anos, quando sua família fugiu para Kirkuk de Diyala, uma província no auge da guerra civil sectária iraquiana. Eles são crianças da ocupação, muitas sentiram falta de seus pais em períodos cruciais (devido a encarceramentos, mortes por execução ou lutas na insurgência) cheios de raiva contra os Estados Unidos e seu próprio governo. Eles não são movidos pela ideia de um califado islâmico sem fronteiras; ao invés disso, ISIS é o primeiro grupo desde a Al Qaeda a oferecer a esses jovens humilhados e enraivecidos uma maneira de defender sua dignidade, família e tribo. Essa não é uma radicalização no sentido de um estilo de vida do ISIS, mas uma promessa de um caminho para além das suas vidas inseguras e indignas; a promessa de viver como árabes sunitas orgulhosos, que não é apenas uma identidade religiosa, mas também cultural, tribal e ligada à terra.

Uma ilustração do compromisso menor-do-que-completo à causa do Estado Islâmico por iraquiano veio do peshmerga curdo General Aziz Waysi, comandante das forças de elite Zerevani (“Dourados”). Ele relatou uma conversa entreouvida entre um lutador do ISIS no campo de batalha e seu líder, via rádio portátil previamente confiscado de um cadáver do ISIS. “Meu irmão está comigo, mas ele está morto e nós estamos cercados. Precisamos de ajuda pelo menos para recolher o corpo do meu irmão”. Foi o que General Waysi ouviu, e depois a resposta: “O que mais você poderia querer? Seu irmão está no paraíso e você logo estará lá”. Essa resposta não era o que o pobre homem cercado estava esperando. “Por favor, venham e me resgatem”, ele disse, “Esse paraíso, eu não o quero”. Mas ele não vieram, o deixaram para qualquer paraíso que o estivesse esperando.

Lydia Wilson é pesquisadora associada no Centro para a Resolução de Conflitos Insolúveis, Universidade de Oxford; visitante associada no Instituto Ralph Bunche para Estudos Internacionais no Centro de Graduação, Universidade da Cidade de Nova Iorque, e pesquisadora associada sênior e diretora de campo na Artis International. Edita a revista Cambridge Literary Review

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