Outros Quinhentos oferece Frantz Fanon

Em diálogo com autor caribenho, livro de Deivison Faustino é indispensável para a discussão sobre classe e raça no Brasil. Quem contribui com Outras Palavras concorre ao sorteio dos livros Peles negras, máscaras brancas e Frantz Fanon e as encruzilhadas

Encruzilhada, não como fim do caminho, mas como ponto de encontro entre diversas instâncias. É com essa premissa, amplamente utilizada no imaginário sagrado afro-brasileiro, que o professor da Unifesp Deivison Faustino escreve sobre os debates, reflexões e estudos produzidos por Frantz Fanon, filósofo e psiquiatra caribenho. 

Outras Palavras e a Ubu Editora sortearão entre os apoiadores do nosso jornalismo dois kits contendo um exemplar de Pele negra, máscaras brancas, de Frantz Fanon, e um exemplar de Frantz Fanon e as encruzilhadas, de Deivison Faustino. Também serão disponibilizados descontos de até 30% no site da editora. O formulário para participar do sorteio será enviado por e-mail. As inscrições ficarão abertas até a terça-feira (19/04), às 15h.

Lido no Brasil desde a década de 1960 e posteriormente censurado pelo Regime Militar, Fanon influenciou o pensamento e práxis revolucionária de inúmeros intelectuais e militantes na segunda metade do século XX. Intelectuais brancos de esquerda, como Paulo Freire e Glauber Rocha, interpretaram a análise de Fanon de colonizador (opressor) e colonizado (oprimido) nos termos da luta de classes na periferia do capitalismo, de forma a discutir tanto as desigualdades sociais quanto as dominações culturais imperialistas. 

Já intelectuais negros de esquerda, como Lélia Gonzalez e Clóvis Moura, que orbitavam em torno do Movimento Negro Unificado, defendem que dentro da analise fanoniana o povo negro era o “colonizado” e o branco o “colonizador”, sem deixar de lado a perspectiva da luta de classes. “Essa guinada permitiu trazer o tema do racismo ao centro do debate em suas contribuições”, afirmou Deivison Faustino em entrevista ao Outros Quinhentos. 

“Apesar de ter sido importante para esses dois grupos, Fanon desaparece do cenário intelectual junto com a perda de hegemonia das perspectivas revolucionárias na virada de século”, explica Faustino. “A queda do Muro de Berlim e suas diversas crises de paradigmas trouxe como resultado a derrota ideológica das chaves analíticas pelas quais Fanon era lido até então – tanto pela esquerda revolucionária quanto, quanto pelo movimento negro radical”.  Mas “a grande ironia histórica”, segundo o professor, é que as reivindicações do Movimento Negro por políticas públicas de acesso a educação alteraram  essa configuração: a ampliação da presença da população negra nas Universidades resultou no aumento da demanda por estudos antirracistas e autores negros. É nesse momento que a obra de Fanon retorna a centralidade das discussões sobre racismo e classe no Brasil. 

Entre tantas encruzilhadas tratadas em seu livro, Faustino concluiu que em Fanon, “não se trata de escolher entre raça, classe ou gênero, mas sim de pensar como essas instâncias se articulam na realidade concreta sobre aquilo que Marx chamou de ‘síntese de múltiplas determinações’”. Abaixo, confira um trecho de Frantz Fanon e as Encruzilhadas: Teoria, política e subjetividade, um guia para compreender Fanon. 

Confira aqui a entrevista completa com Deivison Faustino.

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