Produção de alumínio na Amazônia não é sustentável

Estudo do Ipea relaciona aumento da produção e consumo de alumínio a maior demanda por energia, com a construção de hidrelétricas e pressão da mineração

Do Ecoa

Belo Monte: um exemplo da demanda sem fim do alumínio

Belo Monte, exemplo da fome de energia da indústria de alumínio

.

Estudo do Ipea relaciona aumento da produção e consumo de alumínio a maior demanda por energia, com a construção de hidrelétricas e pressão da mineração

Do Ecoa

Analisando a produção de alumínio na Amazônia pela perspectiva da sustentabilidade, o Boletim Regional, Urbano e Ambiental divulgado ontem (14) pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) identificou que atualmente a produção de alumínio não conseguiu atingir o seu objetivo, estipulado no início de sua exploração no bioma: “o desenvolvimento regional e a integração regional”. O relatório aponta que houve um caminho inverso, principalmente com a ligação direta da região com o mercado internacional, quando houve um agravamento das desigualdades intrarregionais, na medida em que é o estado, e não os municípios, o principal beneficiário da exportação do metal.  O estudo aponta que a atividade intensiva em capital e tecnologia, associada ao comércio internacional e grandes empresas transnacionais, ainda “não se demonstrou capaz de contribuir para a redução das desigualdades sociais e regionais que colocam os índices de desenvolvimento humano da região abaixo dos índices nacionais”. Para que haja uma produção sustentável deveria se considerar o fato de que a atividade intensiva consome recursos e serviços naturais e traz grandes impactos ambientais.  A preocupação aumenta quando o local onde está sendo produzido é “um dos biomas mais importantes do planeta”, conforme define o estudo.  E deveria levar em consideração o desafio de promover tanto o desenvolvimento local e regional como a preservação e conservação da floresta.Consumo de energia

Um dos maiores problemas para a produção do alumínio na Amazônia é o consumo de energia.  Inicialmente o governo brasileiro participou diretamente da produção do metal em associação com grandes empresas do setor, por meio da construção da usina hidrelétrica de Tucuruí e da oferta subsidiada de energia, e também pela Companhia Vale do Rio Doce. O estudo aponta que aumentar os atuais padrões de consumo do alumínio significaria o aumento da demanda por energia, “no que se insere mais o projeto da usina de Belo Monte e outros projetos no Rio Madeira, além do próprio aumento acelerado das áreas de mineração sobre a floresta”.

A produção sustentável só existiria com a preservação e conservação da floresta, “o que exige novas políticas e arranjos institucionais capazes de promover o desenvolvimento sustentável na região”, aponta o relatório.  De acordo com ele, isso só aconteceria com a cooperação institucional, com mudanças nos seus atuais padrões de produção e consumo, com a valorização dos recursos naturais, especialmente na internalização dos impactos sociais e ambientais de sua exploração.

Um modelo autêntico de desenvolvimento sustentável para o Brasil e para a Amazônia, como explica o boletim, “além da integração do mercado interno e a substituição de importação de produtos acabados de alumínio deve ainda ser capaz de garantir a coexistência dos diferentes modos de vida e a diversidade cultural da Amazônia”.

Veja o estudo na íntegra

 

Leia Também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *