"Nova classe média": agora também contra a crise?

 

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Levantamento sugere: mais pobres movem a economia e são responsáveis pela grande arrecadação fiscal do governo e empregos multiplicados nos últimos anos

Por Palavras Diversas

Um levantamento realizado sobre consumo revelou que a nova classe média brasileira gastou o equivalente à riqueza somada de Argentina, Uruguai, Paraguai e Portugal.

Este fenômeno explica o sucesso da economia nacional: redistribuição de renda, aumento real de salários e consumo de parcelas mais pobres da população.

Ou seja, os mais pobres movem a economia do país e são responsáveis pela grande arrecadação fiscal do governo e pelos empregos multiplicados no Brasil nos últimos anos.

Em uma semana que se inicia derretendo fortunas nas bolsas de valores, gerando instabilidades no mundo desenvolvido, podendo respingar nos países emergentes, esta pesquisa demonstra claramente que a escolha política de privilegiar medidas que beneficiaram o incremento de renda dos mais pobre foi acertada.

Neste momento o governo precisa estar atento para manter este patamar de melhores salários e mercado interno, para, a exemplo de 2009, sustentar o bom crescimento e a geração de empregos aqui no Brasil, já que a Europa e os Estados Unidos devem enfrentar um período nebuloso de baixo crescimento econômico ou até mesmo de recessão.

O comércio mundial deverá retrair-se e atingir países exportadores, como o Brasil.

A aposta no mercado interno requer medidas que arrefeça os juros, mantenha a inflação em níveis baixos e ofereça crédito para quem precisa produzir e gerar empregos.

O Brasil está mais preparado do que estava em 2009, os pilares macroeconômicos são ainda mais sólidos.  As perspectivas de sucesso são maiores, podem significar uma nova oportunidade de salto de crescimento brasileiro.

Mas o mais importante foi a mensagem da presidenta Dilma, objetiva e em rota de colisão com a opinião dos agentes do mercado, da recessão e do medo, que novamente agouram o Brasil e receitam doses de amargor e depressão:

“Repudiamos todas as soluções recessivas para a crise mundial. Elas acirram o custo social dos ajustes, transferindo-os para os segmentos sociais menos protegidos, com destruição dos empregos e redução do estado de bem-estar”.

O recado foi bem dado, cabe agora domar as feras do mau humor do mercado, que entrarão na praça para derrubar o Estado e pedir ajustes liberais para sair da crise, lá fora e aqui dentro, a pretexto de evitar-se o contágio.

A preservação do cenário positivo de ascensão social e distribuição de renda, que gerou o explêndido número do consumo da nova classe média brasileira, tornando nossa economia mais forte, é a meta a ser alcançada pelo governo, empresários e sociedade.

Confira a matéria do R7:

Nova classe média consome R$ 1 trilhão por ano

Cifra é mais que as riquezas totais de Argentina, Uruguai, Paraguai e Portugal juntos

A chamada nova classe média já é maioria da população (52% dos brasileiros) e consomem R$ 1 trilhão por ano com alimentos, roupas, educação e serviços. Esse consumo equivale aos PIBs (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país) de Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai somados, como mostra uma pesquisa do instituto Data Popular divulgado nesta segunda-feira (8).

O levantamento considera classe C o grupo com renda familiar em torno de R$ 2.295, ou algo entre R$ 323 e R$ 1.388 por integrante. O estudo foi apresentado em evento sobre o tema promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.

A classe C tem um potencial de consumo maior que as mais ricas, A e B, do topo da pirâmide social. O economista Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto, diz que foi criado um novo padrão de consumo para esse grupo.

– Eu tenho 7 milhões de brasileiros viajando de avião pela primeira vez apenas em 2011. Isso é o dobro do que as pessoas que viajaram para a África do Sul. […] Gasta também cada vez mais com computador, que é visto como investimento.

Os dados mostram que a nova classe média gasta 23% de seus recursos com serviços; 18,6% com alimentação; 8,7% com saúde e beleza; 8,1% com transportes; 5,1% com vestuário; 2% com educação; e 1% com entretenimento.

Segundo o estudo, “uma grande parte da população saiu da pobreza e passou a integrar plenamente o universo do consumo, formando uma nova classe média que se tornou protagonista político”.

Na última década, estima-se que 40 milhões de pessoas tenham ascendido à classe média, que hoje agrupa mais de 104 milhões de pessoas, num universo de 190 milhões de brasileiros. Até 2014, estima-se que serão 114 milhões.

Nordeste

Nos últimos anos, o instituto identificou que o Nordeste, historicamente a região mais pobre, foi a que registrou o maior crescimento nesse estrato: 50%, em número de pessoas. Na outra ponta, o Sul cresceu menos: 17%.

Segundo o estudo, o Sudeste tem 63% de sua população na nova classe média. No Sul, são 64%. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste (58%), o Norte (47%) e o Nordeste (39%).

Meirelles diz que se tivesse um “rosto”, o perfil mais comum da nova classe média seria de uma mulher, jovem, negra e conectada – isto é, com grande acesso à internet e uso grande das redes sociais como forma de comunicação.

Ele destaca que hoje, a diferença entre o que ganha um jovem de 18 a 25 anos das classes A e B é muito pequena em relação ao que ganham um da classe C.

A pesquisa consultou dados de uma amostra de 18 mil pessoas, de quase mil cidades em 26 Estados do país.

Renan Ramalho/ R7

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