Uma TV dos trabalhadores

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Sindicato dos Metalúrgicos de ABC prepara-se para iniciar transmissões de uma emissora  pioneira

Por Carolina Mandú

Após uma batalha de 26 anos, será lançada em 13 de agosto a TV dos Trabalhadores (TVT). Seu alcance geográfico ainda é pequeno: um canal de UHF em Mogi das Cruzes-SP; programação própria de 1h30 por dia, retransmitida para diversas regiões do país em parcerias. Seu significado político é enorme: além de romper o mecanismo tradicional de concessões, a TVT pretende ser mais que uma emissora. Seu projeto prevê receber e publicar conteúdos produzidos pela sociedade, funcionando como um agenciador de informações geradas em rede.

Criada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, a TVT existe desde 1984. Surgiu quando o sindicato percebeu a necessidade de documentar suas lutas. Funcionou durante algum tempo como uma produtora. Reivindica desde 1987 a condição de emissora pública, num esforço para romper o monopólio das mídias que comandam o Brasil atual. Após vencer o grande número de empecilhos para a  outorga de concessão, tem planos de voar alto, produzindo conteúdo sob uma nova perspectiva.

Segundo Valter Sanches, presidente Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho (criada pelo sindicato em 1991, para facilitar os trâmites burocráticos necessários à conquista), a proposta não é de uma TV de metalúrgicos ou  sindical. Busca-se uma emissora com programação produzida para dialogar com a sociedade e abrir — aos movimentos sociais, mas também aos cidadãos comuns — a chance de expor visões de mundo diferentes da que hoje são apresentadas pela grande mídia.

Para isso, a TVT funcionará como uma “multiplataforma”. Desenvolverá programas participativos e interativos. Contará, além do canal de televisão, com um portal na internet. Será plataforma para publicação até mesmo de conteúdos produzidos a partir de celulares. Na operação de lançamento, uma novidade: 8 câmeras filmadoras e 5 celulares foram distribuídos para membros de movimentos sociais e sindicatos. Espera-se que sirvam para produzir imagens e textos dos reais personagens da história. É o que, analogamente, Marx chamaria da “entrega dos meios de produção aos trabalhadores”. Eles, que são agentes e portanto produtores da sua realidade, terão voz.

A TVT estará no ar 24 horas por dia, mas na fase de lançamento programas próprios ocuparão 90 minutos de sua grade. O restante será preenchido com a programação da TV Brasil. O telejornal, de trinta minutos, será diário e terá cobertura regional. Além disso, haverá sete programas semanais diversificados e interativos. Dentre eles, Boa gente, entrevistará pessoas que lutam ou lutaram de alguma maneira para uma obra coletiva; Memória e contexto utilizará um acervo de imagens e textos de 30 anos para recontar a história dos movimentos sociais  dialogando com o contexto atual; Click e Ligue fará uma cobertura das redes sociais que se articulam com a pretensão de questionar e, se preciso, modificar a sociedade.

A programação própria será exibida no canal 48 UHF, da região de Mogi das Cruzes, e retransmitida pela NGT, canal de UHF que cobre diversas regiões do país. Além disso, um acordo com a ACESP (Associação dos Canais Comunitários do Estado de São Paulo) garantirá exibição, via cabo, em mais 26 canais comunitários. Espera-se que novas parcerias possam ampliar a difusão e o tempo de programação própria.

O lançamento acontecerá no Conforp, Centro de Formação de Professores de São Bernardo do Campo. Espera-se a presença do presidente da República,  Luis Inácio Lula da Silva. Na época em que era metalúrgico, Lula trabalhou com a produção de alguns vídeos para a TVT. A idealização vai, finalmente, virar realidade.

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Um comentario para "Uma TV dos trabalhadores"

  1. new disse:

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