Mobilização pelo ‘Banco Mundial Fora do Clima’ marca início de Semana de Ação Global

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Karol Assunção | Adital

Organizações e movimentos sociais sul-americanos estiveram, nesta semana, em São Paulo (SP), no Brasil, para discutir as questões relacionadas ao Financiamento Climático na América do Sul. O evento marcou a abertura da Semana de Ação Global contra a Dívida e as Instituições Financeiras Internacionais – IFIs, a qual vai até o próximo dia 17 em diversos países do mundo. De acordo com Rosilene Wansetto, da Rede Jubileu Sul, o seminário contou com a participação de 20 organizações sociais de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru. Na ocasião, os presentes tiveram a oportunidade de debater temas como: “Crise Financeira e Climática, suas origens e realidade”; “Dívida e Clima”; “Ajuste estrutural climático: desenvolvendo uma nova arquitetura financeira e seus mecanismos”; e “Justiça ecológica e autonomia financeira regional”.

O encontro, que teve o objetivo de construir um posicionamento a respeito do financiamento climático, serviu para as organizações traçarem acordos e agendas comuns sobre a temática, como o fortalecimento da Campanha Banco Mundial Fora do Clima, e a realização do Tribunal da Dívida Ecológica e Justiça Climática – durante a 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas – e do Referendo sobre as Mudanças Climáticas em 2011. Fortalecer a luta diante da crise sistêmica (alimentar, energética e financeira); dar prioridade à salvação do planeta, e não dos bancos; reforçar as decisões apresentadas na Conferência dos Povos realizada em Cochabamba (Bolívia); e seguir com as denúncias às falsas soluções defendidas por países do Norte e IFIs foram outras questões acordadas no encontro.

As ações da Campanha Banco Mundial Fora do Clima já começaram ontem (7) para marcar o último dia do seminário e o primeiro dia da Semana de Ação Global Contra a Dívida e as IFIs. De acordo com a integrante do Jubileu Sul, os participantes do encontro realizaram uma panfletagem na Avenida Paulista, um dos principais centros financeiros da capital paulista, contra o financiamento climático pelas instituições financeiras.

Rosilene revela que as organizações sociais são contrárias a esse financiamento porque é uma estratégia de mitigação e reparação climática nos países do Sul, gerando apenas mais endividamento para esses países. Enquanto isso, segundo ela, os países do Norte – principais responsáveis pela mudança climática – continuam com o modelo de exploração.

“Não conseguimos observar que o financiamento muda a posição dos países do Norte. Ele mitiga e repara os países do Sul, os quais sofrem com os impactos [da mudança climática] e que vão para um novo ciclo de endividamento, mas não olha para os do Norte”, destaca, apontando que a saída para a crise e a mudança climática está na mudança do sistema.

E é justamente isso o que as organizações sociais demandam nessa edição da Semana de Ação Global. Até o dia 17, movimentos e entidades sociais de várias partes do mundo chamam a população a “quebrar as correntes do sistema”. Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Haiti, México, Nicarágua, Panamá, Porto Rico e Uruguai já têm atividades confirmadas para esses dias. Além de nações da América Latina e do Caribe, a mobilização também acontecerá em alguns países da África e da Ásia, segundo informações de Rosilene.

Entre as ações programadas, estão: Minga Global de Defesa dos Direitos da Mãe Terra, na próxima terça-feira (12); Dia de Repúdio à Dívida em memória de Thomas Sankara, Dia Internacional da Mulher Camponesa e Dia de Solidariedade com Haiti, na sexta-feira (15); Dia de Ação pela Soberania Alimentar, no sábado (16); e Dia de Ação contra a Pobreza e

Mobilização, no domingo, 17 de outubro.

Para mais informações sobre a Semana de Ação Global contra a Dívida e as IFIs, acesse: http://semanadeuda.wordpress.com ou http://www.jubileubrasil.org.br/

* Jornalista da Adital

Postado originalmente no site da Adital

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