IDH-Brasil: há um Estado pior que o Maranhão
Publicado 10/01/2014 às 20:08
Indignação contra dinastia Sarney é justa. Mas todos os dados demonstram: São Paulo, sob os tucanos, estagnou ainda mais
Por Antonio Martins e Cauê Ameni
O Maranhão e os Sarney — pai e filha — estiveram no foco dos holofotes da mídia (e das redes sociais) esta semana. Cenas bárbaras de assassinatos, decapitações e outras crueldades circularam amplamente. Foram identificadas, corretamente, como um sinal do marasmo que o Estado amarga desde 1966, quando o José Sarney assumiu as rédeas do Estado, sendo sempre sucedido (com raras interrupções) por correligionários e parentes.
Será correto atribuir inteiramente o atraso social e econômico de um Estado a seus governantes? É questionável; mas, ao menos parcialmente, correto. Embora o poder dos dirigentes não seja absoluto, há, em todo o mundo, exemplos notáveis de nações em que os índices mudaram substancialmente, após reviravoltas políticas. Nos países nórdicos, por exemplo, a adoção de políticas de bem-estar social, desde o início do século 20, levou à construção de algumas das sociedades mais igualitárias e dignas conhecidas até hoje. Já na Rússia, sob o governo Yeltsin, que conduziu a restauração capitalista, até mesmo a expectativa de vida declinou quase dez anos.
Mas se é assim, seriam os Sarney os governantes mais atrasados do Brasil? Ou haverá interesses empenhados em demonizá-los e, principalmente, em obscurecer os resultados alcançados por dinastias ainda mais nefastas? Para tirar as dúvidas, nada melhor que recorrer aos dados estatísticos. Há inúmeros, disponíveis — e estudos de profundidade serão bem-vindos. Uma primeira abordagem é comparar um indicador que se transformou, há décadas, em referência mundial de desenvolvimento humano: o IDH, concebido pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq e adotado pela ONU desde 1990. Sua força está em ser um índice agregado. Compara, ao mesmo tempo, três dados relevantes: expectativa de vida, acesso à Educação e renda.
Que revelaria um estudo que comparasse a evolução do IDH do Maranhão com… a de São Paulo, o Estado mais rico do Brasil? Infelizmente, não é possível retroceder até 1966, quando José Sarney assumiu o governo maranhense. Mas é perfeitamente possível utilizar, por exemplo, os dados das duas últimas décadas — 1991 a 2010. Dos vinte anos compreendidos neste período, os tucanos governaram os paulistas durante quinze anos: desde 1995, sucederam-se no Palácio dos Bandeirantes Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. No Maranhão, José Sarney e seus aliados ou parentes também reinaram em todo o intervalo — à exceção dos dois anos e meio em que governou Jackson Lago (PDT).
E quais foram os resultados sociais? O IDH do Maranhão evoluiu, entre 1991 e 2010, de 0,357 para 0,639 — ou seja, 79%. Já o indicador de São Paulo passou de 0,578 para 0,783 — um avanço de 35%, duas vezes menor. Entre 27 unidades federativas, aliás, a antiga “locomotiva da nação”, foi a 25ª, no quesito evolução do IDH.
São números definitivos? Certamente não. É, sabidamente, mais difícil avançar a partir de um IDH mais alto. Seria muito interessante contar com a colaboração dos leitores para vasculhar um conjunto de indicadores capaz de compor um estudo comparativo que levasse em conta dados como Saúde, Educação, Sistema Prisional, Habitação, Longevidade e outros. Mas as primeiras análises parecem revelar que, muito provavelmente há, no Brasil, estados mais estagnados que o Maranhão…
Maranhão um estado miserável economicamente só quem defende Sarney para expor essa desinformação. Eu sou do Rio de Janeiro e morei oito anos lá e não vi esse crescimento que foi falado na matério.
Quantos `Maranhões` existem em de São Paulo?
Mas é muita cara-de-pau, desfaçatez e mau-caratismo!!! Ande pelo interior do Maranhão e compare com o Interior de SP. Ande pelas ruas das duas capitais e compare. Comparem as universidades. As indústrias. A condição de vida da população.É muita forçação de barra isso. É uma estupidez tão grande quanto que o Brasil está melhor que a Noruega pois subimos no ranking do IDH enquanto os noruegueses ficaram estagnados (em PRIMEIRO lugar).
ERRATA:
“MA: (1 – 0,357) / (1 – 0,639) =…”
Taí a conta que realmente dá uma proporcionalidade verdadeira entre os estados:
É uma regra de três das mais básicas…
(lembrem-se o máximo do índice é 1! E se São Paulo do estágio em que estava chegasse a 1,0, segundo os critérios absurdos dos autores, ainda estaria disputando como o MA “pau a pau”!)
MA: (1 – 0,639) / (1 – 0,357) =
56,14% de percentual proporcional de evolução
SP: (1 – 0,578) / (1 – 0,783) =
51,42% de percentual proporcional de evolução
Incrível como tem gente que usa a cabeça para qualquer coisa menos para pensar!
Onde aprenderam matemática? Na escola de culinária? Acho que não… pos até quem cozinha tem uma noção, mínima que seja de cálculo! Deve ter sido na escola do partido mesmo onde manipulam os números e as informações!
Vamos dizer assim, um cara tem 40 Kg pois está passando fome… e agora engordou para 48 Kg mas ainda passa fome…. Mas engordou 20% é uma evolução boa pra caramba!
Já o outro, pesa 80 kg e engordou para 82… mas não passa fome!
Aí vem o autor falar que é uma porcaria de evolução…. pois foi só de 0,5%!
Tenha Santa Paciência!!!
Nada que não seja a vontade de limpar a barra de um aliado importante do governo federal justifica o título “IDH-Brasil: há um Estado pior que o Maranhão”.
São Paulo é o estado mais rico da federação. É o lugar para onde, até hoje, verdadeiros refugiados de bolsões de miséria correm, até hoje. Se o IDH evoluiu menos, isso é compensado pelo fato de os índices daquele estado sempre terem sido altos, ao passo que os IDH’s de estados como o Maranhão serem sofríveis.
Afirmo com conhecimento de causa. Sou natural do Ceará, filho de um maranhense. Atualmente resido em Pernambuco. Nenhum dos três estados tem a qualidade de São Paulo.
“Ah, São Paulo é brasilidade sueca, pelo seu raciocínio”. Não. Mas é um estado que de forma alguma pode ser comparado ao Maranhão. A menos que se esteja disposto a jogar a verdade para debaixo do tapete.
Digo e repito: qualquer defesa que se venha a fazer de José Sarney e de suas políticas no estado do Maranhão é referendar o Golpe de 1964, graças ao qual podemos agradecer pela prevalência de figuras como o imortal maranhense – cujos livros ninguém nunca leu, diga-se de passagem – na política nacional.
Prezados, a questão não é tão simples assim.
Não estamos defendendo o Sarney, muito menos uma superioridade de algum partido ou estado. Estamos apenas mostrando como o Estado de São Paulo pouco fez nós últimos 20 anos para melhorar seus índices, embora haja um senso comum de que aqui tudo “va bene”, enquanto alhures se afunda em desgraça. Publicaremos outro artigo esta semana, comparando o desempenho de São Paulo com outros Estados da Federação. Os dados coletados até então reafirmam nossa hipótese: o desempenho em outros indicadores revelam que o Estado de São Paulo não acompanhou o crescimento geral e piorou em alguns pontos nos últimos anos. Para ficar em apenas um deles, o coeficiente de Gini, que calcula a desigualdade social, uma rápida comparação destaca: SP foi um dos únicos Estados – junto com DF, AM e AP – que pioraram seus índices, ou seja, aumentaram a desigualdade nos últimos 20 anos, enquanto outros 16 Estados diminuíram. Entre eles há Estados que tinham um índice razoável assim como SP, que apesar do bom “rankeamento”, conseguiram melhorar ainda mais.
Aguardem, esta semana estaremos publicando maiores detalhes.
Atenciosamente.
Querem defender o indefensável? Não sei qual ganho um eventual defensor do governo federal pode obter para o governo federal ao defender esse aliado inconveniente, Sarney. Mas, se querem defendê-lo, defendam. Porém, sem falsear a verdade solar. A chamada do texto dá a entender que o estado do Maranhão pode, de alguma forma, ser comparado ao estado de São Paulo em matéria de IDH. São Paulo conta com algumas das melhores instituições de ensino superior do país e com alguns dos melhores hospitais, públicos e privados, dentre inúmeros outros serviços, públicos e privados, que fazem com que o estado conte com inúmeras das melhores cidades para morar do Brasil. Sim, nada digno da Suécia, da Noruega ou da Dinamarca, mas estamos falando do padrão brasileiro.
Pelo lado do Maranhão, nada similar. É lógico que há focos – e imensos – de miséria em São Paulo, pois estamos a falar do Brasil, um país dos mais repletos de contrastes do mundo. Mas o Maranhão é a própria materialização da miséria e pode servir como exemplo mundial dos efeitos da desigualdade social. Sim, o Maranhão tem ilhas de riqueza – inclusive Sarney e Família possuem, em São Luis, salvo engano, uma ilha feito a ilha de Caras.
Sarney é cria da ditadura militar. PT e PSDB comem em sua mão porque pelos padrões brasileiros, varridos que fomos por uma ditadura militar de mais de duas décadas, são novatos no Congresso Nacional. Enquanto as lideranças atuais de PT e PSDB estavam afastadas da vida política no exílio, Sarney estava aprendendo toda a tecnologia congressual. Hoje, é o parlamentar mais antigo do Congresso – obteve seu primeiro mandato em 1955. Em 1964 veio o golpe. Sarney continuou. José Dirceu, José Genoíno, Dilma Rousseff, José Serra, Fernando Henrique Cardoso e outros, que viriam a ser pessedebistas e petistas, foram varridos da vida pública, tendo se dirigido à clandestinidade e/ou exílio. E Sarney ficou domando o Congresso, desde então.
Qualquer defesa que se faça, hoje, de José Sarney, é referendar um estado de coisas na política tributário da ditadura brasileira que nasceu com o Golpe de 1964 – golpe que ainda está vivo pela presença de pessoas como Sarney em posições de comando no Brasil.
Lamentável a defesa que esse artigo fraquíssimo faz dessa pessoa indefensável. Defenda o governo, tudo bem. Achincalhe o governo de São Paulo. Tudo bem. Há o que ser defendido pelo lado do governo e o que ser atacado em São Paulo. Mas em Sarney não há nada. Apenas o elogio ao regime ditatorial civil-militar que nasceu em 1964.
Nossa mãe, quanta falta de seriedade. Qualquer pessoa que entende um pouco de estatística e sabe como é calculada o IDH entende que quanto mais alto vc está mais divicil é subir. Outro texto da esquerda brasileira manipulando informações e querendo desinformar. Pior ainda é tentar defender Sarney ……….
Não existe um “quesito evolução do IDH”, o que existe é um IDH baixo no Maranhão e a expectativa do autor do texto de que seus leitores tenham um Q.I. (o teste psicológico que avalia inteligência, não o “quem indica” tão comum aos defensores dos Sarneys) inferior ao IDH do Maranhão e não sejam capazes de ver a manipulação dos dados. Talvez por ser um “ponto de cultura” mantido com verbas estatais a Escola “Livre” de Comunicação Compatilhada esteja tão interessada em defender um representante da ditadura.
OUTRAS PALAVRAS devia oferecer mais textos como este, menos panfleto, mais questionamentos!
Que conta hein?
Veja quanto evolui o IDH da Noruega e do Japão, e veja quanto evoluiu Bostwana e Somália. Esses dois últimos aumentaram MUITO mais que Japão e Noruega. Qual conclusão devemos tirar?
Não gosto do governo Tucano de SP, muito menos do Maranhão Sarney. No entanto, o que foi apresentado como justificativa de um governo ser pior que o outro, o crescimento do IDH, não pode ser levado em consideração como foi. Até o autor da matéria diz isso, logo, o argumento é totalmente sem sentido.
Partir de um IDH horrível como o do Maranhão em 1991, e crescer 79% , é um desafio. E partir de um IDH muito ruim como o de São Paulo na mesma data, e crescer 35%, é outro desafio completamente diferente. Com dificuldades completamente diferentes.
Não apoio tucano algum, mas o embasamento do texto está completamente falho. Que tal avaliar a qualidade de vida em cada estado?
Só por informação, São Paulo é o 2º colocado no IDH nacional, já o maranhão é o penúltimo em 26º. Lembrando que ambos estados cresceram de 2000 para 2010. Caso queira mais alguma informação, o IDH do estado de São Paulo é de 0,783, que é considerado “alto” pela ONU, o patamar “muito alto” começa no índice 0,800, o que deixa São Paulo teoricamente próximo aos países considerados desenvolvidos; ou mais próximo do que o Maranhão.
Informação precisa de fundamentos fortes, se não vira bobagem.
A comparação é perigosa. Como afirma no texto, é sabido que o avanço no IDH a partir de valores maiores é mais difícil. E se reparamos, São Paulo se mantém a 2° colocação estado do Brasil tanto em 1991 como em 2010. Ou seja, o estado manteve a evolução junto com o Brasil. E o Maranhão, foi até pior. Caiu de penúltimo para o último. O Maranhão teve um grande avanço, mas possivelmente, não foi por conta de suas próprias forças. Mas pelo avanço do Brasil como um todo.
Ao fazer uma analise mais detalhada, vemos que o avanço entre 91 e 2000 foi de 33% e o de 2000 a 2010 foi de 34,2%. Embora pequena a diferença, isso pode ser explicado em função de políticas sociais federais que foram, notadamente, ampliadas no segundo período analisado (Pelos governos Lula/Dilma).
Em outras palavras, a comparação entre esses dois estados isoladamente não só deixa muitas dúvidas como também é perigosa e, possivelmente, falaciosa.
Tanto SP como MA tiveram avanços no IDH, mas o Maranhão foi mais expressivo devido ao baixíssimo patamar que se encontrava. E hoje, embora mais alto, ainda se encontra na base do Brasil.
Primeiramente, São Paulo não está estaganado. O crescimento superior do Maranhão se justifica por mero efeito de alcance: os estados pobres crescem, naturalmente, mais rápido que estados ricos. Lembrem-se ainda de que a União (há 12 anos nas mãos do PT/PMDB) atua em todo o país, em especial no Nordeste. Da mera análise do crescimento do IDH, não se pode tirar nenhuma conclusão a favor do governo maranhaense. Continuo plenamente convicto de que o império Sarney é uma desgraça não só para o Maranhão, mas para o Brasil inteiro.