Serra "agredido": elementos para uma investigação jornalística

.

[aembed:http://www.youtube.com/watch?v=rJ-MsPSYAwM&feature=player_embedded 400 225]

Novo vídeo requer apuração a sério: candidato foi mesmo agredido ou promoveu simulação irresponsável?

O incidente envolvendo José Serra, esta tarde (20/10)no Rio de Janeiro, está se tornando mais sério do que se pensava. Ou o candidato  foi de fato atingido por um objeto, a ponto de necessitar transporte de helicóptero e tomografia do cérebro; ou patrocinou, com fins eleitoreiros e apoio da mídia tradicional, uma farsa que zomba da democracia e cria um precedente grave. Para compreender o que se passou, um novo vídeo, reproduzido acima, é elemento-chave. E há uma pista a ser apurada: em que momento e circunstâncias foram feitas as fotos em que Serra leva as mãos à cabeça, num gesto que sugere ter sido gravemente atingido?

O post abaixo, publicado no início da noite (poucas horas depois dos incidentes) baseia-se em matéria da TV Globo, e destaca a manipulação promovida por quase todos os noticiários da TV e portais. Pouco mais tarde, surgiu o vídeo do SBT, que ilustra este texto. Nele, destacam-se quatro elementos:

a) Houve tumulto envolvendo correligionários de José Serra por um lado; agentes de saúde (“mata-mosquitos”) e partidários de Dilma, por outro. Mas as imagens não sugerem, em nenhum momento, que a confusão aproximou-se do ponto onde se encontrava o candidato. As caminhadas ocupam espaço relativamente grande: dezenas ou centenas de metros. Em todas as cenas em que aparece, Serra está tranquilo — inclusive quando entra numa loja, porque, em outro ponto, o conflito acirrava-se.

b) Serra foi atingido não por um rolo de fita crepe (como se pensou inicialmente), mas por algo ainda mais leve, tal como uma bolinha de papel e de formato idêntico. O choque não provocou nem expressão dor ou alarme, nem sensação visual de impacto. O ângulo em que o objeto toca sua cabeça sugere que foi arremessado de perto. Os relatos dizem que, em seguida, Serra entra numa van; passa dentro dela cerca de vinte minutos; e depois volta a sair.

c) Em certo momento desta nova etapa, Serra fala ao celular. Ato contínuo — ou seja, ao menos 20 minutos depois de supostamente atingido — ele leva a mão à cabeça. Entra novamente na van, de onde agora se deixa fotografar com uma bolsa de gelo à cabeça. É então que se desloca de helicóptero para um hospital particular da Zona Sul do Rio, submete-se a uma tomografia e decide cancelar o resto de sua agenda na cidade.

d) Como mostra o post abaixo, uma sequência de fotos foi a base da manipulação midiática feita esta noite (20/10). Estas imagens, que sugerem dramaticidade, substituíram, na TV, os vídeos — nos quais não há sinal de agressão a Serra. Para entender o que de fato se passou, uma questão essencial é: em que momento foram produzidas as fotos? A julgar pelo UOL (veja ensaio fotográfico do portal, hoje), a resposta é clara. Eis a legenda de uma das imagens: “O candidato à Presidência da República José Serra coloca a mão na cabeça após descer da van que o transportou apos ser atingido por objeto durante caminhada no Calçadão de Campo Grande, zona oeste do Rio”. Se o portal estiver correto, Serra simulou a agressão ao menos vinte minutos após ter sido “atingido” pela bolinha de papel.

Pela repercussão que a mídia deu aos fatos, e pela gravidade que é a suposta agressão a um candidato à Presidência, é urgente esclarecer. Se a integridade física de Serra esteve em risco, deve-se apurar e punir duramente os responsáveis; se ele simulou os fatos, agredida foi a democracia brasileira.

Leia Também:

4 comentários para "Serra "agredido": elementos para uma investigação jornalística"

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *