Protesto, selvageria policial e prisões ilegais

Professores cariocas mantêm greve e USP exige eleições diretas. Polícia retoma brutalidade de junho. Black-bloc volta a agir contra movimentos

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Professores cariocas mantêm greve e estudantes da USP exigem eleições diretas. Polícia retoma brutalidade de junho. Black-bloc volta a agir contra movimentos

No site do PSTU

A cidade do Rio de Janeiro assistiu a mais uma grande manifestação em defesa da educação pública. Desde o final da tarde, educadores, estudantes e diversas categorias foram se concentrando na Candelária e seguiram em direção à Cinelândia.

A categoria estava presente com blusas e cartazes que expressavam sua indignação e exigiam seus direitos. Entidades do movimento social, como CSP-Conlutas, MST, diversos sindicatos e partidos políticos levaram o seu apoio a esta combativa greve da educação.

As greves do município, do estado e da Faetec encontram-se no seu terceiro mês. O governo Cabral segue intransigente e não negocia. Enquanto Paes tenta enganar a categoria e a população ao apresentar um Plano de Carreira que não contempla a maioria dos profissionais da rede e, por isso, é repudiado pelos educadores do município.

Se a greve se prolonga até hoje, é por inteira responsabilidade desses governos. E a população está percebendo isso. Em recente pesquisa publicada no jornal Extra, 86% da população concorda com a greve da educação.

Nesse dia 15, podia-se sentir esse apoio com adesão das pessoas que saíram do trabalho e se incorporaram na manifestação e com as luzes das janelas dos prédios da Avenida Rio Branco piscando enquanto o ato passava.

Com isso, os educadores do Rio de Janeiro têm dado uma lição de combatividade e coerência, mostrando compromisso com a educação pública. Por isso, conforme Vera Nepomuceno, da direção do SEPE, afirmou: “o Dia do Professor virou o Dia do Profissional da Educação em Luta!”.

Black Blocs e ação isolada: um desserviço à luta

Infelizmente, mais uma vez após o encerramento do ato, a Cinelândia virou uma praça de guerra, com PM’s atirando bombas de efeito moral e disparando tiros com armas letais e Black Bloc’s arremessando pedras e quebrando bancos, orelhões, etc. Nós temos feito constantemente esse debate, e faremos mais uma vez com a franqueza necessária. As ações isoladas não são a tática mais eficaz para combater Cabral e Paes.

E o pior é que esses governos, a mídia e o empresariado aproveitam disso para tentar desmoralizar e criminalizar a forte greve da educação. Vimos isso na semana passada, quando, depois de um ato vitorioso que lotou a Avenida Rio Branco, os jornais e a tevês pautaram as ações de uma minoria e esconderam a grandiosa manifestação que reuniu milhares de pessoas. Essas ações isoladas dos chamados Black Bloc’s prestam um desserviço ao movimento. E não contribuem para aglutinar mais pessoas em defesa da greve da educação.

Nesse dia 15, lamentavelmente, isso se repetiu. Os governos tentaram jogar a população contra a greve. Afastar as pessoas das manifestações e aumentar a repressão contra os educadores. Nas primeiras notícias que estão circulando, a grande imprensa esconde o ato. E nas ruas do centro a PM de Cabral aumentou a repressão.

A PM acabou violentamente com o acampamento em frente à Câmara de Vereadores e prendeu mais de 200 pessoas nesta noite. Muitas delas nem estavam envolvidas com os enfrentamentos com a Tropa de Choque. Essas pessoas foram levadas para delegacias em bairros distantes do centro da cidade. Há também relatos de manifestantes baleados por armas de foto disparadas pela polícia.

Vitória da mobilização: Liminar  suspende corte

O Sepe conquistou ontem uma liminar que impede o corte de ponto dos profissionais da educação em greve. Segundo decisão do ministro Fux do STF, o governo estadual fica impedido de realizar cortes até o dia 22 de outubro, quando será realizada uma audiência em Brasília entre o sindicato e o governo. Outra decisão judicial revoga a cassação da licença sindical do Sepe, que havia sido uma tentativa de desmoralizar a entidade.

Nossa tarefa é não sair das ruas! Solidariedade ativa à greve da educação. Amanhã será maior! Vamos aumentar a pressão sobre os governos Cabral e Paes pelo atendimento imediato das reivindicações dos educadores.

SÃO PAULO: Polícia Militar de Alckmin reprime com brutalidade ato por democracia na USP

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Repressão termina com estudantes espancados pela polícia e 56 detenções

Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) protagonizou cenas de extrema brutalidade nesse dia 15 de outubro na capital paulista. A polícia investiu com violência contra uma manifestação que reunia algo como 2 mil estudantes da USP. O ato, que contou também com estudantes da Unicamp, reivindicava democracia na universidade, eleições diretas para reitor, além de exigir “Fora Alckmin”.

A passeata saiu do Largo do Batata já no final da tarde, seguiu pela Avenida Faria Lima e fechou a Marginal Pinheiros. Ao som de “Olê, olê, olá/Diretas Já” e “a nossa luta/ ninguém segura/ não quero Alckmin nem sua ditadura“, os estudantes protestavam de forma pacífica, apesar do grande número de policiais que acompanhavam a manifestação.

Na Marginal Pinheiros, porém, a polícia atacou a manifestação com extrema violência, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, que haviam sido banidas após o ato do dia 13 de junho que deixou um fotógrafo cego de um olho. Uma parte da polícia veio por um lado e a Tropa de Choque de outro, encurralando os manifestantes.

Os estudantes buscaram abrigo numa loja da Tok Stok, sendo auxiliados pelos próprios funcionários do estabelecimento. A polícia, no entanto, jogou bombas dentro da loja, que ficou tomada pelo gás lacrimogêneo. Os manifestantes conseguiram sair pelos fundos mas foram perseguidos pela polícia. Alguns policiais estavam visivelmente descontrolados, gritando frases como “vou encher esses vagabundos de porrada” e xingamentos com palavras de baixo calão.

Agressão policial e prisões

A PM deteve 56 pessoas, escolhidas de forma absolutamente aleatória. Encurralavam e prendiam.”Estávamos fugindo das bombas de gás e, como a polícia havia encurralado as pessoas, falamos com uns funcionários de um estacionamento que nos deixaram entrar lá para buscar abrigo“, relata a estudante Letícia Alcântara, do DCE da USP e da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre). “Passaram-se alguns minutos e chegou a polícia, com bastante truculência, xingando todo mundo e mandando todo mundo deitar no chão. Saímos em fila e fomos conduzidos por viaturas até a DP“, conta.

O estudante de História, Luiz Gustavo Ramaglia, foi barbaramente espancado pela polícia antes de ser detido. O manifestante foi encurralado pela PM enquanto tentava fugir do gás lacrimogêneo. “Eles me derrubaram e chutaram minhas pernas, minhas costelas, me bateram com cassetetes no pescoço e nos ombros“, afirma. Enquanto a polícia batia, perguntava se Luiz “tinha drogas” ou se “era do Black Bloc“.

Até mesmo um vendedor de capas de chuva foi detido pela polícia. Na delegacia, foram fotografados e interrogados com perguntas como “de que forma haviam tomado conhecimento do ato”.

Todos foram liberados na madrugada, sem qualquer acusação.

Lamentável papel do “Black Bloc”

Quem acompanhou a manifestação em São Paulo pôde presenciar o papel lamentável cumprido pelo “Black Bloc”. Logo no início da passeata, cerca de 100 manifestantes do bloco queriam se colocar à frente do ato, apesar do acordo entre os estudantes e da tradição de se abrir a marcha com a faixa que unifica o ato, no caso por “mais democracia e educação”.

Apesar de os estudantes tentarem argumentar, os “Black Blocs” se mantiveram intransigentes, tensionando durante todo o trajeto. A passeata ficou parada durante pelo menos uns 30 minutos na Faria Lima devido o impasse. Em determinado momento, já na Marginal Pinheiros, alguns integrantes do bloco chegaram a jogar sacos de lixo contra os próprios manifestantes, que não responderam à provocação. Pôr fim, os “Black Blocs” permaneceram à frente, mas a passeata manteve um distanciamento entre eles.

Ainda na marginal, integrantes dos “Black Bloc’s” e a polícia entraram em um conflito que, apesar de localizado e isolado por uma distância de pelo menos cem metros da manifestação, deu início à repressão generalizada por parte da PM e da Tropa de Choque.

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3 comentários para "Protesto, selvageria policial e prisões ilegais"

  1. josé mário ferraz disse:

    Todo o país é uma desordem. Quem não corcordar com os professores é por acreditar que as greves podem atrapalhar a copa do mundo, onde um analfabeto ganha milhões, enquanto o professor tem de brigar e apanhar de policiais sem qualquer noção de cidadania por buscar apenas da sobrevivência. Tatudo errado.

  2. Marcio disse:

    PSTU e GLOBO: TUDO A VER!!!!

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