Metas são para todos, diz EUA sobre Quioto

Exigência do país para assinar novo tratado, discutido na COP18, é que tanto ricos como emergentes possuam metas de redução de gases do efeito estufa, segundo capacidade de cada um

Por Fabiano Ávila, no Mercado Ético

 

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Exigência do país para assinar novo tratado, discutido na COP18, é que tanto ricos como emergentes possuam metas de redução de gases do efeito estufa, segundo capacidade de cada um

Por Fabiano Ávila, no Mercado Ético

Uma das razões pelas quais os Estados Unidos nunca gostaram do Protocolo de Quioto é o fato de o tratado não obrigar as nações em desenvolvimento a possuírem metas. Assim, na visão norte-americana, Quioto é prejudicial para a economia dos países ricos por colocar suas empresas em uma situação de desvantagem com relação a companhias chinesas, indianas e brasileiras.

Este é um ‘erro’ que os EUA não vão deixar acontecer no próximo acordo climático global, que é uma das discussões chave na Conferência do Clima de Doha (COP18), que termina nesta semana no Catar.

“Não podemos traçar uma linha dividindo o planeta e dizer que se você está em determinado lado não precisa cumprir obrigações, enquanto o outro lado tem que cumprir todas elas. O novo acordo precisa ser construído sobre capacidades nacionais e não ideologias”, declarou o enviado especial norte-americano Todd Stern em sua primeira coletiva de imprensa na COP 18.

As negociações do que é chamada de Plataforma de Durban (ADP, em inglês), que define as bases do novo tratado que deve estar pronto até 2015 para entrar em vigor em 2020, é o principal foco dos EUA na COP 18.

Nesta terça-feira (4), primeiro dia com a presença de ministros de Estado em Doha, Stern deixou claro quais são as condições fundamentais para que os EUA votem a favor do acordo.

A primeira é que todos os signatários, ricos ou emergentes, devem possuir metas de redução de gases do efeito estufa, entre outras obrigações. A segunda é que as diferentes responsabilidades respeitem as capacidades de cada país. Por exemplo, apesar de ambas serem consideradas nações em desenvolvimento, a China deveria assumir compromissos muito mais ambiciosos do que a Costa Rica.

“Reconhecemos que existem diferenças entre as nações, assim como é colocado no Protocolo de Quioto. Porém, é preciso identificar essas diferenças com base no mundo real, de forma pragmática”, destacou Stern.

O enviado norte-americano afirmou ainda que acredita que avanços serão alcançados em Doha e que o novo acordo estará pronto até 2015.

“Nossos representantes no ADP estão confiantes e possuem um bom relacionamento com todas as partes. Se mantivermos o alto nível das conversas e quem sabe até aumentarmos o engajamento, teremos sucesso”, disse.

Quioto

A chegada dos ministros aparentemente também ajudou a movimentar as negociações sobre o futuro do Protocolo de Quioto.

A secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Christiana Figueres, declarou que está confiante de que o segundo período de compromissos de Quioto já está garantido.

“Acredito que veremos os negociadores aqui em Doha apresentarem um texto no qual constará que desde o dia 1º de janeiro de 2013 estaremos sob o segundo período”, disse.

A fala de Figueres ganhou ainda mais força depois que a comissária de ação climática da União Europeia, Connie Hedegaard, garantiu que o bloco assumirá em 28 dias suas obrigações com o segundo período de Quioto e que espera que o tratado vigore por mais sete anos, até 2020, como defendem os países emergentes, incluindo o Brasil.

Porém, Hedegaard se disse preocupada com o que farão as nações que não estão no Protocolo ou que não possuem metas, como os Estados Unidos e a China.

“As emissões europeias caíram 18% desde 1990, enquanto as norte-americanas subiram 10,8% com uma liberação per capita de 17,2 toneladas anuais. Para piorar, os chineses já possuem uma emissão per capita de 6,6 toneladas anuais, comparável à dos europeus, de 7,3 toneladas”, afirmou, citando dados divulgados nesta segunda-feira pelo Global Carbon Project (GDP).

“Todos temos a obrigação de sermos mais ambiciosos, porque estamos nos movendo muito, muito rápido na direção errada”, completou.

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