Nova obra de Tendler expõe Distopia do Capital

Cineasta aponta: além de privatizar bens públicos, sistema quer convencer sociedade de que é melhor pagar por eles. Obra está disponível, na íntegra, na internet

Na Brasil de Fato

.

Cineasta aponta: além de privatizar bens públicos, sistema quer convencer sociedade de que é melhor pagar por eles. Documentário está disponível, na íntegra, na internet

Na Brasil de Fato

Lançado em 9 de outubro, Privatizações: a Distopia do Capital, o mais recente filme do cineasta Silvio Tendler, pretende pautar a sociedade brasileira com uma única questão: o que esperamos do futuro?

A perspectiva da produtora responsável, a Caliban, e dos realizadores é promover o debate em todas as regiões do país como forma de avançar “na construção da consciência política e denunciar as verdades que se escondem por trás dos discursos hegemônicos”, afirma Silvio Tendler.

“Imagine cidadão, que o ar que você respira agora no Raso da Catarina pode estar sendo vendido em Cingapura ou as águas do rio Amazonas, que há milênios correm no mesmo leito, passarão a ser chamadas de blue gold – ouro azul – e passariam à propriedade de meia dúzia de empresas que vão tentar te convencer que a água paga é melhor do que o livre acesso de água para todos”, questiona um dos trechos do filme.

Em pouco menos de uma hora o longa também expõe entrevistas com diversos intelectuais, políticos, técnicos e educadores que traçam, desde a era Vargas, percursos de sentimentos e momentos dramáticos da vida nacional. Questões como a visão do Estado mínimo, a venda de ativos públicos ao setor privado e o ônus decorrente das políticas de desestatização são recorrentes no filme.

Privatizações: a Distopia do Capital é uma realização do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), com o apoio da CUT Nacional.

Leia Também:

4 comentários para "Nova obra de Tendler expõe Distopia do Capital"

  1. Arthur disse:

    O comentário acima é uma amostra do pensamento das elites econômicas, ou, pelo menos, daqueles(as) que pensam que também fazem parte delas. Para esses setores tudo deve ser tratado como mercadoria, até mesmo a água e o ar. Assim, os de baixo, ou seja, a grande maioria da população mundial que não puder pagar até mesmo por um bem vital como a água será progressivamente condenada ao extermínio e o 1% (os ricos), viverá na Ilha da Fantasia.

  2. José Pereira Sobrinho disse:

    Sra. Eliana Cachoeira, li seu comentário acima e fui à sua fonte para melhor compreender seu ponto de vista. Discordo dos argumento. Inicialmente porque partem de um pressuposto falso, estabelecendo como verdade insofismável, que o estado é um gestor inerentemente incompetente. De fato, temos estados mal geridos, mas nada indica que não possam vir a ser bem geridos e a sociedade democrática tem meios ou pode desenvolver meios para fiscalização e cobrança da atuação do estado. A privatização de recursos como a água, de consumo vital, não se pode comparar com produtos como telefone, carro, televisores…Privatizada a água, os preços seriam reajustados a níveis incompatíveis com os rendimentos de grande parte da população , o que, de certo modo corresponde a um racionamento socialmente orientado. É uma falácia que para o investidor privado o cliente é rei, basta ver o tratamento dispensado pelas teles aos usuários da telefonia celular, pelos planos de saúde. No caso específico da água, pelo volume de investimentos necessários, não haverá fragmentação do mercado fornecedor e, portanto, concorrência.O que teremos é o monopólio privado que, por princípio, se acha acha totalmente desobrigado de responsabilidade com a população.

  3. Eliana Cachoeira disse:

    Um exemplo para pensar a privatização em termos de algo salutar para o cidadão de bem que trabalha, que é capaz, que não aceita a ideia de que o mundo lhe deve favores. Quem tem dignidade não quer ganhar nada de graça, até porque, não existe nada de graça.
    “O cerne do problema aqui nada tem a ver com chuvas ou com a alteração de padrões meteorológicos. Com efeito, o tempo está em contínua mudança desde a alvorada do universo.
    O que realmente cria o problema da escassez de água é a propriedade estatal dos meios de produção, bem como o atual e totalmente irracional sistema utilizado, no qual os preços não se alteram independentemente da disponibilidade de água.
    Seca é apenas outro nome para escassez. O governo é capaz de criar uma escassez de qualquer produto por meio de seu gerenciamento burocrático. Preços não respondem à lei da oferta e demanda, e uma total falta de investimento e inovação caracteriza o gerenciamento da água pelo governo.
    Aliás, esse mesmo padrão de comportamento pode ser observado nos Correios, na educação estatal, na saúde estatal, na segurança estatal, na justiça estatal e em todas as outras áreas em que o governo detém um monopólio. Não deveria ser surpresa nenhuma haver escassez de água.
    E isso nada tem a ver com o produto em questão. Se você duvida, vá ao supermercado ou à padaria mais perto de você e procure por uma garrafa de água. Haverá várias marcas à sua disposição, cada uma delas implorando para você consumi-la.
    Já no mercado estatal de água, seus “produtores” exigem que você reduza seu consumo. A propriedade e o gerenciamento estatais dos meios de produção são a principal razão desse comportamento.
    Privatize — privatize completamente — a oferta de água e você verá uma mudança imediata nesse padrão.
    E o motivo é muito simples. Empresas privadas querem lucro. Se elas perceberem que seus reservatórios ficarão vazios em decorrência de uma seca, elas terão de fazer novos investimentos, caso contrário elas simplesmente não terão água para fornecer e, consequentemente, não terão receitas e nem lucros. Quanto mais alerta e voltada para o lucro essa empresa for, maior será sua antecipação nos investimentos necessários — ou seja, ela não deixará para investir apenas quando a seca se materializar.
    No entanto, as pessoas imediatamente reagem a essa proposta dizendo que ela é maluca e insensível. “Rios, lagos, reservatórios e represas não podem ser propriedade privada! Os preços seriam extorsivos e os pobres seriam os mais prejudicados!”
    É mesmo? Mais prejudicados do que simplesmente não terem água para usar? Isso é que é humanismo e amor aos pobres…
    No que mais, em caso de aumento de preços em períodos de seca, não há por que dizer que os pobres seriam afetados. E o motivo é simples: maior preço gera menor demanda (não é esse o objetivo dos conservacionistas?). Se a tarifa de água subir, todas as pessoas irão reduzir seu consumo. Com um consumo reduzido, não há aumento na conta a ser efetivamente paga.
    Ou seja, os pobres não serão afetados por um aumento nos preços porque preços altos estimulam a redução do consumo; e, ao serem estimulados a reduzir seu consumo, o valor final de sua conta não será aumentado.
    Sim, haverá uma queda na qualidade de vida, pois eles estarão utilizando menos água pelo mesmo preço. Mas isso não é melhor do que uma total escassez do produto?
    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1953

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *