Marchas pela humanização do parto espalham-se pelo país

A mãe e o filho - Picasso

A mãe e o filho – Picasso

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Centenas de pessoas protestam contra medidas do Conselho de Medicina do Rio e reivindicam, em 29 cidades,  direitos das mulheres frente ao autoritarismo hospitalar

Por Vanessa Ramos, naRede Brasil Atual

Mulheres a favor do parto humanizado realizaram domingo (5) uma marcha em 29 cidades do país para chamar a atenção sobre a importância da assistência obstétrica de qualidade no Brasil e os direitos reprodutivos do gênero. Entre as reivindicações, elas cobraram o cumprimento da Lei 11.108, de 2005, que garante que a mulher tenha preservado o direito ao acompanhante na sala de parto.

A atividade surgiu e ganhou maior fôlego depois da publicação de duas resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), em 17 de julho, proibindo a participação de obstetrizes, doulas e parteiras – acompanhantes profissionais – em maternidades e hospitais. Ainda, ameaçando com punição médicos obstetras que atendessem partos domiciliares. Com a pressão de entidades e movimentos, a 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro suspendeu a resolução, mas o conselho afirma que irá recorrer.

Segundo Mariana Lettis, uma das organizadoras da atividade em São Paulo, o governo precisa criar mecanismos que garantam o respeito aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. “Ainda se faz necessário a criação de políticas públicas que contemplem, entre outras coisas, a possibilidade do atendimento domiciliar aos partos, como alternativa à gestação de baixo risco”, disse.

Para Kalu Brum, doula e organizadora da marcha em Minas Gerais, a marcha é também um protesto contra a violência ocorrida na hora do parto. “Marchamos para que práticas como a lavagem intestinal e a raspagem de pelos feitas rotineiramente, assim como a episiotomia (corte do períneo) e a Manobra de Kristeller (subir na barriga para empurrar o bebê) não sejam práticas constantes”.

De acordo com Mariana, uma pesquisa elaborada pela Fundação Perseu Abramo, em 2010, apontou que uma em cada quatro brasileiras diz ter sofrido algum tipo de violência durante a assistência ao parto.

Segundo Kalu, o Ministério da Saúde recomenda a humanização do nascimento. “Há dados científicos quecomprovam, por exemplo, a qualidade do parto quando há acompanhamento de uma doula. Além disso, sabemos que o governo federal criou o projeto Rede Cegonha porque o país continua com alta taxa de mortalidade materna e neo-natal por causa das más práticas obstétricas nos hospitais”, afirmou.

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