Google: uma vela pra deus, outra pro diabo

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No mesmo dia, a empresa anuncia preparativos para lançamento de um sistema operacional baseado em Linux  e colaboração com os planos anti-compartilhamento de conteúdos dos EUA

A Google fez nesta terça-feira dois movimentos contraditórios. Em San Francisco, apresentou, de forma festiva, o lançamento em breve do Chrome OS — um sistema operacional baseado em software livre e cujo principal objetivo é concorrer com o Windows, da Microsoft. Ao mesmo tempo, revelou a aquisição da Widevine, uma empresa de software de Seattle que produz programas destinados a controlar e mercantilizar a circulação de obras culturais.

Prometido anteriormente para 2010, sistema operacional da Google (não confundir com o navegador de internet de mesmo nome) está voltado para a computação baseada na web (“em nuvem”). Assegurou-se que estará disponível, em algum momento do próximo ano, em netbooks da Acer e Samsung. Poupará os usuários de instalar programas (editores de textos, por exemplo) em seus computadores. Permitirá usá-los a partir da própria rede — como já se faz, por exemplo, com o Google Docs. Será gratuito. Se as promessas se confirmarem, tornará desnecessário adquirir (ou piratear…) tanto o sistema operacional quando todos os demais aplicativos. É um passo adiante rumo à desmercantilização da internet.

Já o Widevine é, em oposição, um software de controle. Foi desenvolvido em colaboração com a indústria cultural dos EUA — especialmente os estúdios de Hollywood. Procura restringir o compartilhamento de obras como filmes e vídeos, tornando-os acessíveis apenas mediante pagamento. A aquisição da empresa foi vista, por alguns críticos, como sinal de que o Google pode estar cedendo (ou aderindo…) às tentativas de transplantar para a web as leis frias do mercado, restringindo a circulação não-mercantil que predomina hoje.

Mais informações sobre os dois movimentos contraditórios, que certamente ampliarão o debate sobre o papel real da mega-empresa da net, estão em nosso clip de hoje.

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