Em debate, o futuro de Cuba

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Entrevistas surpreendentes de Fidel convidam a examinar, em profundidade, um tema que não pode ser tabu

Aparentemente curado da doença que quase o matou, “de corpo frágil, mas mente aguda e energia alta”, segundo o repórter norte-americano Jeffrey Goldberg, Fidel Castro tem concedido algumas entrevistas cruciais, nas últimas semanas (veja todos os links no post abaixo, ou leia em nosso clip de hoje). Nelas, há recordações importantes — e corajosamente autocríticas — sobre sua trajetória, além de elementos para o debate sobre o futuro de Cuba. Uma frase alvoroçou a mídia brasileira nesta quinta-feira (9/9). “O sistema cubano não serve mais nem para nós”, disse o comandante ao mesmo Goldberg.

A sentença, explicou o jornalista, não procura reduzir a importância da revolução cubana. Seu alvo é quase-onipresença do Estado na economia — algo que inibiu as iniciativas individuais ou cooperativas, desaproveitou o elevado nível de educação dos cubanos e resultou em enorme ineficiência na produção. A tentativa de superar este modelo — preservando ao mesmo tempo as imensas conquistas sociais e a irreverência de Cuba aos poderes globais — é o que marca o atual governo de Raul Castro.

A transição é delicada e seu futuro, incerto. Vale a pena acompanhá-la sem preconceitos e em profundidade. A seguir, alguns textos que ajudam a compreendê-la e contextualizá-la.

> Na Biblioteca Diplô

+ Cuba, hora de mudanças

A era Fidel está se esgotando. O projeto natural para a transição é combinar controle político nas mãos do PC com reformas capitalistas, ao estilo chinês. Mas há uma alternativa, que se apóia nos ricos processos de mobilização social da América Latina. (Por Carlos Gabetta)

+ Encruzilhada em Havana

Retratos de Cuba, antes da transição. Na economia, a fase da penúria acabou – porém a desigualdade cresceu e persistem ineficiência e pequena corrupção. Tateia-se um caminho, mas qual: um PC ainda mais onipresente? Ou a mobilização social, ensaiada na revolução dos e-mails?

+ Do Período Especial à ascensão de Raul

Surpreendentes na aparência, as mudanças políticas vividas por Cuba são desdobramentos da virada aberta nos anos 1990, quando se reverteu a postura de alinhamento à União Soviética. Mas não levarão a um processo de “abertura” como imaginado em Washington (Por Stephen Wilkinson)

+ Surpresa em Miami

Rica e poderosa, a comunidade de exilados cubanos brancos e de extrema-direita já não é majoritária, nem tão influente na maior cidade da Flórida. Sinal da mudança: três candidatos desafiam, nas eleições para a Câmara, em novembro, os eternos anti-castristas que “representam” a cidade (Por Maurice Lemoine)

+ Outros textos sobre Cuba

> Na revista virtual Outras Palavras

+ Cuba liberaliza agricultura: de volta ao capitalismo?

Anunciadas discretamente, medidas visam sanar enorme déficit alimentar da ilha e retomam um antigo debate: como organizar a produção, em sociedades não comandadas pelo mercado? (Por Antonio Martins)

Em outras fontes:

+ Por que Cuba se transformou num problema difícil para a esquerda?

Num amplo artigo, de 43 páginas, Boaventura Souza Santos lembra: “É possível que a Europa e a América do Norte fossem hoje o que são sem a revolução cubana. O mesmo se não pode dizer da América Latina, da África e da Ásia, as regiões do planeta onde vive cerca de 85% da população

+ “Reflexões do Comandante em Chefe”

Num site cubano, todos os últimos textos de Fidel (cerca de cinco por semana), com traduções inclusive para o português.

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