Operação Lava Jato: a mídia esconde o ponto central

Trabalho do MP e lista do Procurador Janot são, em essência, corretos. Eles revelam: na raiz de toda corrupção está financiamento empresarial das campanhas

Por Luis Nassif, no GGN

O empresário Ricardo Pessoa, presidente da Construtora UTC, denunciada por corrupção pela Operação Lava Jato, chega preso à Polícia Federal

O empresário Ricardo Pessoa, presidente da Construtora UTC, denunciada por corrupção pela Operação Lava Jato, chega preso à Polícia Federal

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Trabalho do Ministério Público e lista do Procurador Janot são, em essência, corretos. Eles revelam: na raiz de toda corrupção está o financiamento empresarial das campanhas

Por Luis Nassif, no GGN

A tentativa do presidente do Senado Renan Calheiros de abrir uma CPI contra o Ministério Público – em função da Lava Jato – é importante para baixar a poeira, permitir uma análise mais estrutural do episódio e escolher lado. E certamente não será o lado de Renan.

Sempre haverá ressalvas aos critérios adotados pelo Procurador Geral da República Rodrigo Janot para abrir os inquéritos – eu mesmo critiquei os dois pesos adotados no inquérito dos senadores Lindberg Faria e de Aécio Neves. E haverá críticas aos vazamentos e à manipulação das notícias pelos grupos de mídia, comprovando que, para eles, denúncias são apenas instrumentos de luta política, não de melhoria institucional. Permanece o uso político execrável e seletivo de informações, visando a desestabilização política. Continuarão sendo criticados os abusos das prisões preventivas e dos métodos coercitivos para se obter delações.

Com todos esses senões, a Lava Jato entra para a história como o mais importante capítulo na luta contra os vícios do modelo político brasileiro, uma porta que se escancara para a reforma política e dos usos e costumes.

Além de ferir de morte a mais deletéria influência sobre a classe política – da atual geração de empreiteiras de obras públicas – expõe de vez os vícios do financiamento privado de campanhas eleitorais.

Fica desmascarada o enorme engodo propagado pelo Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) de que o fim do financiamento privado estimularia as doações via caixa 2. Por sua experiência como Ministro e empresário, Gilmar sabe como se dá esse jogo: o financiamento oficial é uma extensão do caixa 2.

A maior prova é a dificuldade da Lava Jato em separar os financiamentos legítimos dos ilegítimos. Nada impede que haja um acerto e o financiamento se dê através da contabilidade oficial.

O erro em incriminar Lindberg está no fato de que o crime ainda não tinha sido cometido. Os procuradores assumiram a atitude draconiana de tratar como ilícitos todos os financiamentos, colocando no mesmo caldeirão crimes cometidos com presunção de crimes a cometer.

No fundo, tudo faz parte da mesma engrenagem. A troco de quê uma empreiteira bancaria candidaturas a governos de estado, ao Senado, à Câmara, à própria Presidência, se não tivesse por contrapartida ou favores recebidos ou promessas firme de favores a receber. Ou, no mínimo, de não ser atrapalhada em suas pretensões. E sua entrada desequilibra de tal forma as eleições que obriga todos os candidatos a recorrer ao seu financiamento.

Ao incluir todos os financiamentos na lista da suspeição, a Lava Jato demole de vez o mito do financiamento privado. Ao tornar público todos os inquéritos, reduz o jogo de manipulações. Ao se dispor a responder publicamente às críticas e indagações – através de um hotsite – o Ministério Público se expõe de forma democrática, ao contrário da blindagem da AP 470 que deixou dezenas de suspeições pairando no ar. Ao abrir um canal de explicações, o MP se despe de um poder imperial de não prestar contas.

Com a relatoria caindo nas mãos firmes e criteriosas de Teori Zavaski haverá antídotos contra abusos e se poderá aprofundar – com critérios – as investigações.

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4 comentários para "Operação Lava Jato: a mídia esconde o ponto central"

  1. Minimizar ao máximo os gastos com campanhas eleitorais identificar onde se gasta mais eliminar os financiamentos privados e financiamento público o minimo possível , de forma transparente e legal sem vantagem para qualquer partido.Evitando os partidos ricos levar vantagem sobre os outros.

  2. João Gurgel disse:

    se tirarmos o financiamento empresarial vamos arrombar o financiamento publico de campanha????????? só aumentar os gastos do governo?????

  3. Giovani disse:

    Viajando… uma investigacao deste porte a cargo de um juiz de 1a instancia, eh isso? Sigilo so para petistas, delator que devia estar preso e nao poderia ter nenhum tipo de beneficio eh preso pelo mesmo juiz que da primeira vez nao deu em nada e o STF nao serve nem pra rainha da inglaterra! Sou contra fianciamento privado assim como publicidade paga para evitar denuncias contra empresas sonegadora e que vendem produtos que prejudicam meio ambiente, saude, utilizam trabalho escravo, etc. Gilmar Mendes faz o que bem entende e nao acontece nada, assim como barbosa. Basta de hipocrisia! Outro dia argumento melhor. STF, MP, PF trabalham para o sistema, tentar dourar a pilula nao resolve. Temos que radicalizar, ir na raiz!

  4. Ynn disse:

    É o que eu espero . . .

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