Do delírio na USP à fala de quem quis explodir quartéis

Por que o professor Lobo Gualazzi e o deputado Jair Bolsonaro não passam de insignificâncias às quais a mídia quer dar destaque…

Por Bob Fernandes, em seu blog

ditadura-democracia

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Por que o professor Lobo Gualazzi e o deputado Jair Bolsonaro não passam de insignificâncias às quais a mídia quer dar destaque…

Por Bob Fernandes, em seu blog

O cotidiano da política pode esperar. O tema ainda é o golpe de Estado de 64, e a ditadura imposta há 50 anos.

Cena 1. Terça-feira, 1º/4. Faculdade de Direito do Largo de S. Francisco, São Paulo. A pretexto de dar aula, o professor Eduardo Lobo Gualazzi, decide bater sua “continência a 1964”. (veja vídeo)

Em texto, o professor lembra ter apoiado o golpe aos 17 anos. Diz ele que em nome do “aristocratismo, burguesismo, direitismo, capitalismo, música erudita…”, e por ai afora. Lobo cita o “holocausto vermelho” e a “peste rubra que assola o país”. É direito dele delirar. E isso no mesmo dia em que a S. Francisco descerrava uma placa ensinando:

– Ditadura nunca mais, Estado de Direito sempre.

Anunciada pelo professor, segundo alunos, a provocação teve reação. Que obedeceu à terceira Lei de Newton: a toda ação há sempre reação oposta e de igual intensidade.

Alunos encenaram um auto de tortura à entrada da sala de aula. Em seguida, invadiram a incontinência de Lobo Gualazzi. Discute-se quem teria mais ou menos razão. Talvez seja mais importante perguntar: como um professor de Direito, na São Francisco, ainda defende um golpe de Estado e ditadura?

Cena 2. Sala de aula, nesta quarta, 2/4, em São Paulo. A faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas promove um debate. Com três ex-ministros da Justiça, professores, alunos e convidados. Uma emocionante aula de história. Com testemunhos do que foi a tortura tornada política de Estado. Nem o mais alienado dos alunos deixou de prestar atenção.

Em Brasília, outras duas cenas. A pedido da Comissão da Verdade, as Forças Armadas anunciam: vão investigar suas instalações onde se deram torturas e mortes…. A conferir.

Outra cena: o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) não consegue dizer o que queria dizer; diria o de sempre, em defesa da ditadura e da tortura. Não disse por que o Congresso lhe deu, literalmente, as costas. (confira o vídeo). Entende-se a recusa. Mas, se Bolsonaro falasse, da mesma tribuna se poderia dizer a esse personagem o que ele realmente é. O que ele significa e encarna.

Em 1987, a revista Veja relatou: Bolsonaro planejava explodir bombas na Vila Militar e na Academia de Agulhas Negras…E isso para obter melhores salários. A valer o ideário de Bolsonaro, esse seria um ato terrorista, a ser punido até com tortura e morte. Como já se vivia uma democracia, Bolsonaro foi à justiça, escapou de punição e hoje é deputado. Na democracia, Bolsonaro pode hoje desfiar seu bestialógico, repetir tese que carece de inteligência básica.

Segundo tal tese, golpe e a ditadura se fizeram para, supostamente… impedir um golpe e uma ditadura. Por 21 anos, infantilização da sociedade, tortura e morte, e censura pelo caminho. Ditadura em nome de muitos interesses, também dos medos e delírios de gente como o professor Lobo. E para o prazer indisfarçável de trogloditas e oportunistas como Bolsonaro.

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11 comentários para "Do delírio na USP à fala de quem quis explodir quartéis"

  1. NLOIA disse:

    Os “componentes” (pessoas) se atritam, mais e mais…. até que a massa crítica seja atingida….. a partir daí a situação incendiário-explosiva é irreversível….. como queriam aqueles que, no passado, desejavam o poder… e que agora o perderam de novo….. e vice-versa….. again…
    Assim caminha a humanidade…..
    Nikolai Kondratiev tem razão…..

  2. Luiz Cavalheiro disse:

    gostei muito do texto!!!

  3. Arthur disse:

    Texto parcial e patético.

  4. luizine disse:

    Nada justifica a tortura, mas o fato é que o país foi salvo pelos militares!!
    Aos democratas de ocasião: Ditadura do proletariado ou Golpe civico-militar, qual mataria menos?

  5. Carlos A Nunes disse:

    Bolsonaro é o nosso herói. A partir de outubro varreremos novamente, e para o quinto dos INFERNOS, essa corja petista, ladrões, ladrões, ladrões. Petista bom é petista… sem mandato.

  6. jonh costa almeida disse:

    o Dep. jair Bolsonaro tem o meu total apoio. Nunca houve nenhuma ditadura no Brasil e a História confirma isso: Os militares graças a Deus impediram o totalitarismo que a esquerda queria implantar no Brasil aos moldes de Stálin:
    http://diganaoaoesquerdismo.blogspot.com/2014/03/houve-ditadura-no-brasil.html
    http://diganaoaoesquerdismo.blogspot.com.br/2013/07/por-que-o-socialismo-sempre-sera.html
    ___

  7. joao disse:

    Muito bem posto Tarcísio da Costa , alem de ser a sala de aula onde se encontra um professor lugar sagrado e inviolável por quem quer que seja ; e uma questão de educação aprendida em casa, no convívio com os pais .Foi tolhido o direito do professor se expressar .Os invasores atuaram como os censores de 64.

  8. Tarcísio da Costa disse:

    Isso me faz lembrar Crime e Castigo, quando Dostoiévsk questiona o direito de Napoleão de exterminar seus inimigos. Ninguém tem o direito, sobretudo de torturar.
    No entanto, Fidel foi e é um grande sanguinário, em nome da revolução. Stalin matou milhões e Mao Tse Tung não fica pra trás. Leio os artigos de Frei Beto todas as quartas no Estado de Minas onde ele defende o comunismo, sem censura. Na Folha de SP temos colunistas dos dois lados, inclusive publicaram o discurso do Bolsonaro, aquele mesmos discurso que não deixaram proferir na Câmara.
    A diferença é que uma vez implantado o regime comunista, liberdade nunca mais, nem de imprensa e nem de escolha dos governantes.
    Já dizia meu professor de direito da UFMG, a Revolução só serve aos interesses daqueles que desejam o poder.
    Não sou a favor da violência, tortura e crimes de morte, mas como combater um Marighela que recebe dinheiro de Fidel, imprime um Manual de Guerrilha Urbana e lista uma série de alvos para atacar com armas e bombas? Vamos defender com flores?

  9. Rosa disse:

    Prezado Virgilio Freire
    Ninguém, e no vídeo fica claro, impediu a palavra, foi uma manisfestação pacífica e que permitiria conversa. Se ele quisesse.
    O professor saiu de livre e espontânea vontade, podia ter ficado e nada seria inferido, ninguém encostou a mão nele, mas ele encostou a mão em mais de um, dá pra ver no vídeo.
    No caso de Jair Bolsonaro, outra vez, ninguém impediu nada, as pessoas deram as costas e o presidente da casa decidiu acabar com a sessão segundo a própria interpretação dele (algumas pessoas discordam de sua interpretação das regras). Podia ter falado, no máximo ia ouvir as mesmas vaias que os outros, seus opositores, ouviram de seus apoiadores. Dá pra ver no vídeo.
    Mas a liberdade de expressão tem limites sim. Não se pode defender um crime sob pena de ser também considerado culpado. Um Golpe de Estado é um crime. Foi um crime que permitiu muitos crimes. Defendê-lo é não só criminoso como também imoral.

  10. Em tempo – se os estudantes da SanFran se sentem autorizados a impedir a palavra de alguém, correm o risco de um dia alguém fazer com eles o que estão fazendo hoje – proibir que falem sobre algum tema.

  11. Prezado Bob Fernandes
    E para onde foi o direito constitucional de livre expressão e livre pensar? Alguém é proibido de defender o nazismo? E o racismo, é proibido defender com palavras sem praticar atos racistas? Sugiro ler a nossa Constituição. O que os alunos da SanFran fizeram foi censurar a palavra de alguém, quando se sabe que uma das bandeiras contra os militares no governo foi a existencia da censura. Então nossos futuros advogados defendem o direito de expressão mas na prática a teoria é outra…

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