2015, o ano das hashtags feministas

Nem tudo foram espinhos, neste ano interminável. De #primeiroassedio a #meuamigosecreto, os passos da rebelião antipatriarcal que ocupou as redes nos últimos meses

Por Marjorie Rodrigues, AzMina

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Nem tudo foram espinhos, neste ano interminável. De #primeiroassedio a #meuamigosecreto, recorde os vários passos da rebelião antipatriarcal que ocupou as redes nos últimos meses

Por Marjorie Rodrigues, em AzMina

2015 ficou marcado como o ano em que as mulheres botaram a boca no trombone nas redes sociais, usando hashtags para denunciar o machismo. Confira abaixo uma lista das hashtags que mais bombaram este ano:

#askhermore

Não pergunte apenas sobre o vestido, pergunte sobre a mulher que o está usando - Reprodução

Não pergunte apenas sobre o vestido, pergunte sobre a mulher que o está usando – Reprodução

Imagine que você trabalhou em um filme que está concorrendo a um grande prêmio, como o Oscar ou o Globo de Ouro. Uau, orgulho nível máximo, o cúmulo do reconhecimento, o ponto alto da carreira! Mas, quando chega ao tapete vermelho, ninguém quer falar sobre seu filme. Os jornalistas só te perguntam sobre sua roupa, seu cabelo, sua maquiagem e que dieta você fez para ficar com esse corpinho. Irritante, né? Pois é isso que as mulheres passam nas premiações. A organização The Representation Project propôs, então, a hashtag #askhermore (pergunte mais a ela). Muitas famosas, como Reese Whiterspoon, abraçaram a campanha.

#distratinglysexy

O bioquímico Tim Hunt, ganhador do prêmio Nobel, deu uma declaração pra lá de infeliz durante um congresso em Seul. Ele disse: “três coisas acontecem quando elas [mulheres] estão no laboratório. Você se apaixona por elas, elas se apaixonam por você e, quando você as critica, elas choram”. Mulheres cientistas do mundo todo usaram as redes sociais para respondê-lo. Com a hashtag #distratinglysexy (‘sexy que distrai’, em tradução livre), elas publicaram fotos de como ficam super sensuais (só que não) com suas roupas de laboratório.

#primeiroassedio

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Muitos homens não tiveram a menor cerimônia de twittar sobre como gostariam de transar com a participante Valentina, do reality show Master Chef Junior. O que se torna ainda pior quando consideramos que ela tem apenas 12 anos de idade. Em resposta, o Think Olga lançou a hashtag #primeiroassedio, pedindo às mulheres que contassem sobre a primeira vez que ouviram um comentário de cunho sexual ou tiveram alguém tocando seu corpo sem seu consentimento. A web brasileira foi tomada de chocantes depoimentos de mulheres abusadas durante a infância e adolescência. Um soco necessário na boca do estômago. A hashtag extrapolou até as fronteiras do Brasil: com a repercussão do caso na mídia internacional, internautas gringas passaram a compartilhar suas histórias usando #firstharassment.

#meaculpa

O jornal O Globo repercutiu a discussão sobre primeiro assédio com uma matéria na qual homens contavam que, ao ler os depoimentos na Internet, se deram conta de que já foram abusadores. O jornal lançou uma nova hashtag, #meaculpa, na qual os homens reconheceriam seu machismo. Mas nem todo mundo gostou da proposta. Para algumas feministas, a iniciativa foi “roubo de protagonismo”, tirando a atenção da voz das mulheres, há muito silenciada, para dá-la aos homens. Para elas, é hora dos homens ouvirem, em vez de se apressar para falar.

#agoraéquesãoelas

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Logo na semana seguinte à #meuprimeiroassédio, uma nova hashtag tomou conta da mídia: #agoraéquesãoelas, uma iniciativa na qual colunistas homens cediam a mulheres seu espaço semanal em jornais, revistas e sites. A ideia era chamar a atenção para a necessidade de mais vozes femininas nesses espaços.

#meuamigosecreto

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A ideia era simples: fazer um post no estilo discurso de amigo secreto, apontando comportamentos machistas de pessoas que você conhece, sem revelar nomes. Bombou — mas, de novo, nem todo mundo gostou da hashtag: houve quem achasse a proposta de soltar indiretas e alfinetadas uma forma de militância um tanto infantil.

#homensrisqué

A marca de esmaltes Risqué lançou uma coleção chamada Homens que Amamos, “inspirada nos homens que fazem a diferença na vida das consumidoras e unindo dois dos assuntos queridinhos das mulheres: homens e esmaltes”. Oi? Além de estereotipar as mulheres, isso ainda é heteronormativo pra caramba! Os nomes dos esmaltes faziam um “tributo aos gestos diários dos homens” – sim, a palavra usada pela marca foi essa mesmo: tributo. Tinha “André fez o jantar” e “Fê mandou mensagem”, por exemplo. Porque, claro, a gente tem que prestar uma ho-me-na-gem ao magnânimo homem que faz um serviço doméstico… Como a zoeira não tem limites, logo criaram a hashtag #homensrisqué.

#mamilolivre

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É só postar qualquer coisa que vagamente lembre um mamilo feminino nas redes sociais que você já corre o risco de ter sua conta bloqueada. A justificativa das empresas é que querem evitar a pornografia, mas isso acontece até com mães postando fotos amamentando. Enquanto isso, cenas de violência e posts racistas são considerados ok. Além disso, em muitos países a lei não permite às mulheres andar sem camisa, o que contraria o preceito de que homens e mulheres têm direitos iguais. Por isso, foi lançada a hashtag #freethenipple. O #freethenipple começou na Islândia, onde obteve apoio até de uma ministra, e logo se alastrou pelo mundo. Aqui, foi traduzida como #mamilolivre.

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