Desocupação compulsória também no Rio

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Governo quer deslocar comunidade do Morro da Providência  para erguer Porto Maravilha, com teleférico e plano inclinado para gringo ver. “Não vamos sair”, diz moradora

Por Pública

No site da prefeitura do Rio de Janeiro, em letras garrafais, a manchete anuncia: “Condomínio da Providência livra famílias de áreas de risco”.

O texto segue dizendo como a vida de ao menos 119 famílias moradoras das comunidades de Pedra Lisa e Providência irá mudar ainda no primeiro semestre de 2012, quando elas deixarão suas casas “atualmente em situação de risco” para serem beneficiadas.

Mas a primeira explicação dada pelo engenheiro da Secretaria Municipal de Habitação, Glauco Campos, escorrega e mostra a verdadeira intenção da transferência destas famílias para pequenos apartamentos construídos em outros lugares que não o que eles viveram a vida toda e criaram laços: “Essas unidades vão receber as famílias que estão sendo tiradas da comunidade por estarem em área de risco ou por conta de alguma outra obra nossa. Isso aqui é fundamental (para o projeto). Porque, se a gente não puder oferecer novas unidades, não tem como retirá-los dos locais onde vão acontecer as obras”.

A comunidade do Morro da Providência é a mais antiga do Rio e foi a partir dela que o termo “favela” foi popularizado. Em 2010, recebeu uma UPP e há alguns anos vem sendo atropelada pelos planos do Porto Maravilha projeto ambicioso da prefeitura em parceria com empreiteiras privadas que prevê, dentre outras coisas, um teleférico, um plano inclinado além de outras “melhorias” para gringo ver quando os megaeventos chegarem  que já provocam a remoção forçada daquela população.

Não vamos sair

A moradora Rosete Marinho não concorda com a versão apresentada pelo site da prefeitura.

No vídeo produzido pela Anistia Internacional, ela diz que a comunidade não vai sair só porque querem construir o Porto Maravilha e tirar as “casas feias” da favela da região. Moradores denunciam que suas casas são marcadas sem nenhum aviso.

Para os que resolvem sair, é oferecido um alguel social de R$ 450 e, cada vez que um morador aceita a pressão e sua casa é demolida, as casas ao redor têm suas estruturas abaladas e se tornam de risco. Para engenheiros voluntários do CREA-RJ, ao menos 832 famílias devem ser desalojadas para o projeto.

No parecer técnico realizado nas Comunidades da Providência e Pedra Lisa, divulgado pelo Fórum Comunitário do Porto que você pode ler na íntegra AQUI, eles concluem que “há inúmeros indicadores que demonstram que as necessidades dos moradores dessas duas comunidades ficaram relegadas no projeto de urbanização, o que se explica pelo fato de esse projeto, como todas as intervenções previstas na região da Zona Portuária, envolver interesses especulativos de grandes grupos privados, fazendo parte de um “pacote” que, sob o eufemismo da “revitalização”, pretende abrir novas fronteiras para o lucro privado, utilizando-se, para tanto, de fartos recursos públicos, além da apropriação de imóveis públicos que correspondem a 70% dos terrenos vazios existentes nessa região”.

Veja o vídeo:

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