As mães de maio no I Encontro dos Blogueiros Progressistas

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Débora Silva, uma das que perderam o filho nos massacres praticados pela polícia após os ataques do PCC, denuncia em seu blog: a mídia escondeu a violência

Uma das  intervenções mais significativas durante o I Encontro de Blogueiros Progressistas foi a fala de Débora Maria da Silva do Movimento Mães de Maio. Ela expressou a importância da internet e dos blogs como ferramenta de expressão dos movimentos sociais. Não apenas para trocar informações — mas para que o debate extravase do ambiente virtual para as ruas, em forma de pressão popular.

Leia a Carta das Mães de Maio ao I Encontro de Blogueiros Progressistas.

A Associação de Amparo de Mães e Familiares de Vítimas de Violência, mais conhecida como Movimento Mães de Maio, surgiu para denunciar a retaliação da polícia militar de São Paulo após os ataques do PCC em 2006. Segundo números oficiais do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), 493 pessoas foram executadas entre 12 e 21 de maio.

Um estudo sobre os impactos dos ataques do PCC em São Paulo, produzido pelo Laboratório de Análise da Violência da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), apontou que o número real de civis mortos seria de 505, contra 59 dos agentes públicos. O critério utilizado foi o número de pessoas mortas por armas de fogo no estado de São Paulo, de 12 a 21 de maio. Apenas três, dentre as mais de 400 vítimas, tinham formação universitária. As vítimas típicas eram jovens do sexo masculino, de classe média baixa ou baixa, com reduzida escolaridade, solteiros e aparentemente sem antecedentes criminais. As informações foram apuradas pela revista Retrato do Brasil de maio deste ano.

Dentre esses jovens, estava Édson Rogério, 29 anos, filho de Débora, morador do bairro Vila São Jorge, na periferia de Santos. Trabalhava como gari em uma empresa de limpeza urbana. Ainda segundo a reportagem, carregava no bolso o holerite de seu pagamento quando levou quatro tiros, na mesma rua que havia varrido pela manhã. Um no coração, um em cada pulmão e outro nas nádegas. Foi morto poucos dias após o aniversário da mãe, em um ano de copa do mundo e eleições, como esse. Quase quatro anos depois, Débora lamentou, durante o encontro dos blogueiros, ter de ouvir uma declaração ofensiva e preconceituosa contra os garis, profissão de seu finado filho, da boca do apresentador Boris Casoy.

Confira aqui áudio da participação das Mães de Maio em Audiência Pública realizada em 05 de agosto pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) para discutir a Violência Policial no Estado de São Paulo, publicado no site  Justiça Global.

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