Em busca de sêmen made in USA

Mais de 500 tubos de esperma congelado vieram dos EUA no ano passado, contra 16 em 2011. Desejo de filhos de pele clara e olhos azuis move setores da elite brasileira

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Por Socialista Morena

Parece a Alemanha nazista, mas é o Brasil de 2018: The Wall Street Journal publicou nesta quinta (22) uma reportagem sobre como a procura por sêmen importado dos Estados Unidos explodiu em no Brasil nos últimos anos, graças ao interesse de gente que deseja “branquear” os filhos e garantir que tenham olhos claros e aspecto europeu. Em outras palavras, eugenia. Hitler ficaria orgulhoso.

“Com olhos claros, cabelos loiros e algumas sardas no rosto, o doador número 9601 é um dos mais requisitados por mulheres ricas do Brasil que estão importando o DNA de jovens norte-americanos em números sem precedentes”, diz a reportagem assinada por Samantha Pearson. Baseada em dados da Anvisa, a repórter afirma que a importação de esperma gringo subiu 3.000% desde 2011, sobretudo entre mulheres ricas solteiras e casais de lésbicas que preferem perfis de doadores com “pele clara” e “olhos azuis”.

A reportagem cita a política de “branqueamento” que teve lugar em nosso país nos séculos 19 e 20, e o “racismo persistente” em nossos dias para explicar o desejo por filhos arianos. O Brasil foi um dos primeiros países a ter um movimento de “melhoria da raça” organizado, com o surgimento da Sociedade Eugênica de São Paulo, criada em 1918. Entre as iniciativas propostas estava impedir a imigração de pessoas que não fossem brancas. As famílias que estão importando esperma de doadores caucasianos parecem seguir à risca esta orientação.

Além de querer branquear os descendentes, o complexo de vira-latas também é uma razão para a importação: os brasileiros que compram esperma gringo dizem “não confiar” no “produto nacional”, como se estivessem tratando de um produto eletrônico ou tênis de corrida. Segundo uma mãe que importou esperma dos EUA, enquanto aqui as informações sobre o doador seriam precárias, ela conseguiu coletar 29 páginas sobre o doador norte-americano.

“O Brasil compra quase todo o esperma importado de doadores caracterizados como caucasianos. Quase um terço dos espécimes são de doadores loiros e 52% de homens com olhos azuis. O país também aparece como um dos mercados que mais crescem em importação de sêmen nos últimos anos. Mais de 500 tubos de sêmen congelado em nitrogênio líquido chegaram ao Brasil no ano passado, contra 16 em 2011”, diz a reportagem. “Em 2016, casais heterossexuais compraram 41% do esperma importado, mulheres solteiras, 36% e casais lésbicos, 21%, mas a demanda está crescendo entre os dois últimos grupos.”

 

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11 comentários para "Em busca de sêmen made in USA"

  1. Silvio Reis disse:

    Excelente informativo! Cumpriu a função de informar e dar o que falar. Gerou diversidade de opiniões e um comentário maior do que o próprio texto da informação.

  2. Efigênio Sinval Corrêa disse:

    Coitados…..NÃO sabem o que fazem….foi dito pelo último dos grandes avatares que nos honraram com sua presença planeta de expiação ….a física quântica já mostra que a matéria em sua forma última é pura ENERGIA. Imagine o espírito…..NÃO tem: sexo, cor, raça ou quaisquer cositas pequenas do aspecto material….é energia em sua forma mais pura possível….vão ter de repetir as lições não aprendidas num planeta que está atingindo um grau absurdo de dor, violência e atraso. CoITADOS………

  3. JORGE disse:

    E, como vemos (lemos), temos como expoente e grande comprador em crescimento o grupo que mais clama por NÃO DISCRIMINAÇÃO e INTOLERÂNCIA: homossexuais!
    Pra ser assim, tão sem noção, me desculpem… tinha que ser do brazil!

  4. Alice disse:

    Curiosidade de saber, em comparação, como esta evolução se deu no Brasil com o material genético dos doadores.

  5. josé mário ferraz disse:

    Não tem limite o ridículo desta tal de elite. Sua mentalidade não vai além de mediocridades tipo BBB, Luciano Huck, Faustão e “celebridades” do mesmo naipe.

  6. Estão fazendo cruzamento com jacaré para produzir “HULK”s…

  7. Fábio de Oliveira Ribeiro disse:

    Eugenia baseada numa falsificação histórica. A raça pura germânica, supostamente superior, perdeu a guerra para a Rússia (e não para os EUA como mostram os “American movies”). Portanto, se desejam melhorar geneticamente seus filhos, as vacas elite brasileira deveriam importar a porra dos russos inferiores e não a borra dos nazistas gringos.

  8. Eu penso que este artigo foi escrito de forma precipitada, sem uma pesquisa com as pessoas que fizeram importação de sêmens. Afirmação de um pensamento sem pesquisa profunda, não pode ser dado correto.
    O artigo foi escrito de forma preconceituosa com as mulheres independentes, as que não acreditam na importância dos homens na educação de uma criança, haja vista que a maioria, quando se dar o mínimo trabalho de fazer algo pelo filho, pela filha, como trocar fraldas, ou levar a todas as consultas pediátricas, usa a palavra ‘ajuda’, e não fazer a sua parte na educação e cuidado do filho, da filha.
    “(…)mulheres solteiras, 36% e casais lésbicos, 21%, mas a demanda está crescendo entre os dois últimos grupos” . Cresceu, Cynara, porque estamos com mais direitos para constituirmos nossas famílias. Diminuiu o tabu de famílias de mãe e filho- lembrando que não existe mãe solteira, viúva, casada…existe mãe, apenas mãe! Não diminuiu o preconceito com a família homoparental, lesboparental, transparental, mas somos cada dia em maior número. E, aos poucos, estamos nos organizando para lutar contra os preconceitos, contra ideias preconceituosas.
    Mulheres que escolheram ter seus filhos sem a figura de um homem, é cada dia maior, não apenas no Brasil, mas e todo o mundo. O machismo é real. Para nós, que lutamos nossas batalhas sem a figura de um homem, sentimos mais forte do que você e outras que são casadas, ou namoram com um deles. A nossa sociedade, ainda patriarcal, não tolera mulheres com nosso perfil.
    Eu poderia afirmar, assim, que as mulheres brancas, heterossexuais, casadas com homens, de classe média e média alta, são racistas, pois escolherem homens brancos para se relacionarem e engravidarem. Poderia? Seria leviano de minha parte, apesar do racismo existir, não posso dizer que todos os brancos que escolheram seus pares amorosos, também brancos, são racistas.
    Nem todas as mulheres que optaram por importar sêmen têm o perfil do artigo. Eu sou lésbica, casada com uma mulher, família estável há mais de 10 anos, e resolvemos importar dos EUA porque temos mais dados do doador, inclusive dados psicológico e psiquiátrico, além de sabermos se carregam, ou não, em seu DNA, doenças genéticas. Ou você não sabia que doenças psiquiátricas, como esquizofrenia, bipolaridade dentre outras, são genéticas? Ou você não sabia que, por exemplo, descendentes de italianos, povos do mediterrâneo têm maior probabilidade de desenvolverem várias doenças?
    Eu sou neta de judeus italianos. Meus pais são judeus brasileiros. Há muito câncer em minha família. Eu tive receios e não usei os meus óvulos, por exemplo. Sou preconceituosa? Não! Eu sou muito branca, o tipo rosado ( que merda, pois sofro no sol! ), olhos castanhos-claros, cabelos loiros até os meus 12 anos, depois fiquei com cabelos castanhos claros. Minha companheira, a mulher que sou casada há 16 anos, e namoramos há 18, é ruiva de olhos azuis. Ela não é judia. Importamos um doador de olhos castanhos, cor branca e cabelos castanhos. E não judeu, e não descendente de povos do mediterrâneo. Somos uma família branca. Deveria importar de um doador negro?
    O ponto de análise aqui deveria ser outro. Se eu fosse uma pesquisadora da área de sociologia, meu olhar iria para questão de classe atrelada com a de raça. Hoje, infelizmente, as mulheres e homens negros estão em classes desfavorecidas economicamente. As mulheres negras ganham menos que um homem negro, por exemplo. Casais negros ganham menos que casais brancos. Logo, a maioria não consegue pagar por uma fertilização in vitro. Por isto, claro, não há tantos sêmens de negros.
    Tenho duas amigas lésbicas. Elas são casadas há 6 anos. Ela são negras. E são profissionais bem remuneradas. Elas tiveram condição financeira para importar um sêmen dos EUA. Importaram de um doador negro. Mas são poucos casais de lésbicas negras com condições econômicas como elas.
    As políticas públicas dos Governos Lula e Dilma, conseguiram colocar muitos negros nas Universidades. Logo, haverá mais negros nas classes médias e altas, apesar do setor privado quase não contratar negros. Elas, por exemplo, são servidoras públicas: uma do judiciário, a outra professora universitária. São advogadas com doutorado. Mas nunca conseguiram ser contratada por um escritório privado. E ,quando abriram um escritório, os clientes, claramente, sentiram preconceito com elas. Não deu certo. Optaram estudar mais e seguir carreira pública. Mas a realidade delas é raríssima. Não por falta de capacidade intelectual, mas por falta de oportunidades. Quantas mulheres negras há no jornalismo, por exemplo?
    Aos poucos,se não houvesse um golpe de Estado, que foi um golpe na classe trabalhadora mais desfavorecida, nossos irmãos negros conseguiriam mudar de classe social, como alguns conseguiram.
    Eu sou médica cirurgia de cabeça e pescoço, militante da Marcha Mundial das Mulheres, filiada ao PCdoB. Minha companheira é professora universitária na área de direito, também filiada ao PCdoB, militante da MMM. Não somos nem racistas nem classistas. Tivemos nossa menina branca, loira e de olhos castanhos claros. Saudável. Se o embrião não fosse, nem seria implantado no útero dela. Se desenvolvesse uma doença ainda na fase de poder abortar, optaríamos pelo aborto. Somos nazistas por escolhermos uma criança branca e saudável? Você também faria se estivesse grávida e soubesse que seu filho tem uma doença. Suponho que faria. Não foi racismo nosso!
    Espero que você entenda meus argumentos sobre por que muitas mulheres optam por uma FIV com doadores dos EUA ( que poderia ser de outro país, caso houvesse dados disponíveis do doador).

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