Aberturas cubanas: a primeira transexual na política

Presa por homossexualidade na juventude, Adela Hernández é vereadora há um ano. Enfermeira (e barraqueira…), afirma: pelos eleitores “posso tanto conversar como brigar”

No Diário Liberdade

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Presa por homossexualidade na juventude, Adela Hernández é vereadora há um ano. Enfermeira (e barraqueira…), afirma: pelos eleitores “posso tanto conversar como brigar”

No Diário Liberdade

Adela Hernández, cujo nome de registro era José Agustín, é a primeira transsexual que ocupa um cargo político na história de Cuba, foi eleita por seus vizinhos como delegada, uma espécie de vereadora do Poder Popular.

Vive no povoado de Caibarién, da província de Vila Clara, no centro-norte da ilha. Depois de um ano de exercer seu mandato, aceitou uma entrevista para fazer um balanço de sua atuação.

Os delegados e deputados em Cuba não são políticos profissionais, vivem de um trabalho normal e exercem seu mandato sem receberem dinheiro. Foi esse trabalho o que lhe deu muitos votos a Adela, “enfermeira com pós-graduação de electrocardiograma e pertenço ao corpo de guarda”, explica. “Normalmente toca-me atender casos graves e trato de estabelecer um relacionamento humano com os pacientes e seus familiares. Graças a isso, veem-me como um ser humano também eles a mim e entendem que a preferência sexual da cada um não tem importância”, prossegue.

Por eleição popular direta e secreta, converteu-se na representante política e administrativa de seu bairro, “toca-me atender a necessidade de minhas mais de 500 eleitoras e eleitores, mas também sob minha responsabilidade tenho duas lojas em que se vendem os alimentos subvencionados, uma peixaria, um consultório médico e 3 escolas. Tive bastante sucesso, tendo em conta que fizemos sete gerenciamentos ante os organismos do Estado e todas foram respondidas positivamente”, explica.

A pauladas com a burocracia

Diz Adela que “a outros delegados os diretores dos organismos e empresas do Estado lhes respondem através de um secretário, mas a mim atendem-me pessoalmente, porque sabem que se for preciso apelo a qualquer nível”. Agrega que “quando um dirigente me dá uma resposta que não me convence, não a dou como válida, pedem-me que assine, mas nego-me porque se a mim não me convencem menos a meus eleitores”. E os dirigentes de aqui sabem que “o mesmo posso conversar que brigar”.

Um dos conflitos foi com a empresa elétrica de iluminação do Passeio Martí. “Diziam-me que não tinha recursos e quando lhes disse que apelaria à capital da província e a Havana apareceu todo o que fazia falta. Não há muito, um dirigente fechou o local onde se reunia a comunidade gay de Caibarién, dizia que “por ordens de cima”. De modo que comecei a subir averiguando quem dava a ordem. Nunca dei com o responsável, mas o centro reabriu”.

Conta que também faz gerenciamentos com seus eleitores, labor social para a comunidade. “Por exemplo, em minha zona há uma menina “jinetera” (prostituta) e ficou grávida. Como tinha risco, foi transladada a uma clínica pré-natal com boa alimentação e atendimento médico permanente. O problema é que ela se foi do centro e a Saúde Pública pediu-me que tentasse convencê-a a  regressar. Após muito falar com paciência e humanidade consegui que voltasse ao lar materno”.

Direto à política

Adela vive em um bairro periférico de Caibarien e, antes de ser delegada, foi presidenta de um Comitê de Defesa da Revolução durante 29 anos. Sendo muito jovem, esteve presa por suas preferências sexuais, foi denunciada pelo seu próprio pai, quem a maltratava. Mas nada conseguiu. “Fixei a meta de que ninguém me possa dobrar, que ninguém possa me obrigar a fazer o que eu não queira. Eu sou um ser humano igual que qualquer um, mas não me detenho em frente às dificuldades, pelo contrário, os obstáculos fazem-me crescer e sentir mais confiança em mim mesma”, relata.

Acrescenta que “nada pôde mudar meus ideais, nem os maltratos nem os insultos nem os golpes alteraram meus sentimentos para esta revolução. Eu não posso seguir arrastando rancores por meus sofrimentos porque todo país comete erros e Cuba os cometeu conosco, mas teve a ousadia de o reconhecer. Agora eu tenho o direito de escolher como vou viver, a tal ponto que daqui a pouco tempo me darão um novo bilhete de identidade onde se me reconhece mulher”.

Olhando para o futuro, explica que Cuba está mudando muito, tanto que “Mariela Castro, a filha de Raul Castro e diretora do Centro Nacional de Educação Sexual, que protege os direitos da comunidade LGBT, afirmou que um dia o organismo poderá deixar de existir. Eu também espero que isso aconteça, que em um dia já não seja necessário defender nossos direitos. E por esse caminho é possível que “chegue a ser deputada depende de como evolua no posto de delegada para ser candidata à província e depois ser proposta para a Assembleia Nacional. Eu como revolucionária estou disposta a chegar até ali se o país me precisar e os cubanos me elegerem”.

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3 comentários para "Aberturas cubanas: a primeira transexual na política"

  1. A tradução não me soou mal, uma vez que é perceptível tratar-se de português lusitano. Parabéns pela bela notícia. Nossas consciências agradecem!

  2. Antonio Martins disse:

    Obrigado por teu comentário, Jéssica. Não se trata de tradução mal-feita, mas de texto produzido originalmente no português lusitano. Em “Outras Mídias”, reproduzimos material importante de outros sites alternativos. Achamos que, apesar da estranheza sintática e de vocabulários, noticiar o fato valia a pena. Abração!

  3. Jessica disse:

    Nossa, isso é uma tradução horrível ou um texto original horrivel? Tinham tudo pra ser um bom texto, vide a importância do assunto, mas com essa escrita… ficou impossível. Melhorem nisso galera, ou então não traduzam se for pra ficar assim. Ou então não aceitem escritos que parecem com traduções mal feitas.

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