Vazios assistenciais continuam

Número de leitos de UTI aumenta durante a pandemia, mas crescimento espelha desigualdades antigas entre SUS e setor privado e regiões do país

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Milhares de leitos de UTI foram criados no país durante a pandemia. Mas a nova infraestrutura espelha um problema para lá de antigo: a desigualdade regional e entre SUS e setor privado. Os dados foram divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que apontou um aumento de 21.359 leitos entre janeiro e junho – sendo 19.825 exclusivos para o tratamento da covid. 

Olhando para o total de novas UTIs, 12,3 mil delas foram instaladas em hospitais privados, e a grande maioria (11.061) para a pandemia. Isso deixa o SUS com apenas 44% dos leitos de tratamento intensivo abertos para o tratamento do novo coronavírus. E 20% deles estão em hospitais de campanha que já começam a ser desativados em vários lugares.

Além disso, a maioria dos leitos foi criada no Sudeste, sendo a região Norte a menos beneficiada, embora seja aquela onde há mais vazio assistencial. E, mesmo por lá, também se constata concentração. Amazonas, Roraima e Amapá só abriram UTIs nas capitais. 

Na última reunião do Conselho Intergestores Tripartite (CIT), realizada na quinta, os gestores defenderam a manutenção dos leitos temporários – que respondem por 92% das UTIs abertas na pandemia nas contas do CFM. De acordo com a Folha, o conselho dos secretários estaduais de saúde enviou um ofício ao Ministério pedindo a continuidade dos repasses para sua manutenção. “O investimento nessa nova estrutura nunca é desperdício, e precisa ser entendido como imprescindível”, defendem esses gestores. 

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