Tulio de Oliveira é reconhecido pela Nature

Cientista de origem brasileira, radicado na África do Sul, teve a coragem de relatar ao mundo que uma nova variante da covid surgia. Como pesquisador, sempre ajudou a combater doenças infecciosas do Sul Global. Quais seus planos futuros?

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Um brasileiro figura entre a lista de dez personalidades importantes para a ciência em 2021, para a revista Nature. O mundo o conheceu há pouco, e ele não trouxe boas notícias. É Tulio de Oliveira, gaúcho de “estilo hippie”, um dos responsáveis por identificar e sequenciar a variante ômicron da covid-19, na África do Sul, no final de novembro. É diretor da Plataforma de Pesquisa em Inovação e Sequenciamento KwaZulu-Natal da África do Sul (KRISP). A Nature destaca não apenas seu papel como cientista e pesquisador, mas seu pioneirismo e coragem por ter anunciado a variante para o mundo, mesmo sabendo que o país poderia sofrer punições – como, de fato, aconteceu.

Ele também estava no time que descobriu a variante beta, no final do ano passado. Já nesse primeiro momento, países ocidentais baniram voos da África do Sul, penalizando economicamente os países do sul do continente. Em novembro, a situação se repetiu – o Reino Unido, por exemplo, só retirou o fechamento das fronteiras para voos sul-africanos anteontem. Tulio se diz decepcionado com as potências globais, e faz protestos contundentes contra a atitude que qualifica como xenófoba e racista, em seu Twitter. Sua coragem em relatar a ômicron foi questionada por políticos, mas ele se mantém firme.

Desde julho, Tulio está empenhado em montar o Centro de Pesquisa, Resposta e Inovação em Epidemias (CERI), nos arredores da Cidade do Cabo. Segundo conta a Nature, o centro vai trabalhar para controlar epidemias na África e no Sul Global. À revista, Túlio frisa a importância do equipamento: “O principal foi que mostramos ao mundo que essas descobertas também podem ser feitas nos países em desenvolvimento”.

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