Trabalhar até os 100 anos?

Trabalhar até a morte não é tão impossível de imaginar e, pra muita gente, já é uma situação real.

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Trabalhar até a morte não é algo tão impossível de imaginar e, pra muita gente, já é uma situação real. Essa e outras notícias aqui, em nove minutos. 

03 de setembro de 2018

TRABALHAR ATÉ OS 100 ANOS?

Absurda à primeira vista, a ideia não é tão impossível de imaginar como previsão para algum momento do futuro, já que, por exemplo, estamos no Brasil às voltas com uma reforma da previdência que parece esquecer qual é a nossa expectativa de vida. Mas a BBC mostra que pra muita gente essa situação já é real. E a matéria é, na verdade, bem elogiosa à labuta dos centenários: “Há pessoas mais velhas que querem trabalhar”, diz, dando exemplos de um cientista de 106 anos que publica artigos, uma indiana de 107 que é uma sensação fazendo receitas no Youtube e um apresentador de TV de 92 que segue na ativa. Cita até um estudo com trabalhadores manuais da Áustria mostrando que quem se aposenta mais cedo tem chances maiores de morrer mais cedo também. “A maioria dos centenários está surpreendentemente saudável, em melhor forma que os aposentados mais jovens. Um estudo recente descobriu que eles tendem a sofrer menos doenças que aqueles até duas décadas mais jovem”, diz o texto.

Mas sabemos que não tem mar de rosas no trabalho. E a Carta Capital fala de uma outra pesquisa, publicada na Lancet, que avaliou dados de 102.633 europeus para determinar a associação entre estresse no trabalho e mortalidade. Independentemente de outros fatores de risco (como doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade), houve aumento substancial, de 68%, no risco de morrer no grupo de indivíduos com estresse elevado no trabalho. É um impacto quase equivalente ao tabagismo e muito maior do que hipertensão, colesterol elevado no sangue, obesidade, sedentarismo e consumo de álcool.

SÓ DE PENSAR…

E checar mensagens de trabalho nas horas livres já é ruim, mas um estudo do Instituto Tecnológico da Universidade de Virgínia, nos EUA, mostrou que a simples expectativa de olhar essas mensagens já afeta a saúde e o bem-estar.  A pesquisa foi feita com mais de 200 pessoas e também seus familiares, e viu que o negócio afeta todo mundo, tanto os trabalhadores como suas famílias.  “A mera expectativa de estar disponível de forma constante significa que as capacidades cognitivas estão sempre no modo ‘on'”, afirma o estudo. “Isso ameaça a realização de metas da vida pessoal e provoca respostas afetivas negativas, como sentimentos de preocupação, tensão e falta de controle”.

AGORA, O ESTADÃO

Depois da Folha, o Estadão publicou um especial sobre saúde relacionado às eleições. E o jornal não produziu só matérias, mas também um seminário – ele tem abordado várias áreas no Fórum Estadão, e sexta-feira foi a vez a saúde. A relação entre o SUS e o setor privado – pendendo para certo entusiasmo com este último – foi um destaque na discussão, que teve como palestrantes convidados a coordenadora do programa GV Saúde da Fundação Getúlio Vargas, Ana Maria Malik; o presidente do United Health Group Brasil, Claudio Lottenberg; e o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP Gonzalo Vecina Neto. E a relação entre o SUS e o setor privado foi um tema constante.

Claudio Lottenberg também é presidente do Instituto Coalizão Saúde, formado por representantes da saúde privada, declarou que o “SUS melhorará muito quanto mais crescer o privado. É mais recurso que entra na saúde e isso desafoga o SUS”, e que já perdemos “tempo demais discutindo o que é privado e público”. Ele disse ainda que “é muito simplista falar que o SUS está quebrado” e que, afinal, podemos fazer mais com menos dinheiro. Já Vecina Neto disse que os ataques sofridos recentemente pelo SUS são inaceitáveis, que o SUS é fundamental e que se precisa pensar como vai se dar o seu financiamento. Mas defendeu também que é preciso melhorar a capacidade de cooperação entre sistema público e privado. “Sem ter vergonha. Hoje as pessoas já pensam em privatização, vira palavrão e acabou a conversa. Ter um melhor relacionamento com iniciativas privadas não é privatizar. Tem de ter controle social, controle do estado, transparência. Mas o que não dá é pra ficar na administração direta, porque não tem como”, afirmou. E Ana Maria falou que “para a população, não faz diferença se é público ou privado, mas onde vai ela ser bem recebida. O que não pode é um lado empurrar para o outro o que não quer fazer”.

Em paralelo, teve também algumas matérias elogiosas ao SUS e que explicitam as dificuldades, principalmente as de financiamento. Como esta aqui, que fala da diminuição dos gastos públicos federais em saúde através dos anos e coloca a Emenda 95 – que os congela até 2036 e, com o crescimento da população, representa uma forte diminuição do gasto per capita – como um dos maiores problemas na área para o próximo presidente. Esta outra discute a ideia de que não faltam recursos, e sim gestão. Uma boa ilustração para isso é a informação de que o SUS tem simplesmente R$ 3,60 por pessoa, por dia, pra fazer tudo o que precisa fazer. Em 75% dos municípios, onde vivem 23% da população brasileira, não há serviço de média e alta complexidade. E esta aqui  tem depoimentos de gente que abandonou o plano e hoje usa só o SUS (e aprova), diagnósticos sobre como esse crescimento no número de usuários que dependem exclusivamente do sistema vai pressionar os governos, e análises que mostram o quanto sistemas universais e públicos são mais eficientes do que os de mercado.

ABRIR O CAPITAL DO ESTADO

“O que o partido Novo quer é que a gente foque em saúde, educação e segurança, qualidade de serviço público, saneamento, e o resto a iniciativa privada vai fazer”, disse, em campanha, o candidato a governador do Rio Marcelo Trindade. Ele disse que vai “abrir o capital do Rio” e enxugar a máquina do Estado, “muito inchada”.

ENXUTO

Quem também está enxugando tudo é o presidente da Argentina, Mauricio Macri. Por conta da crise. O país tem hoje 19 ministérios, mas Marcri deve acabar com a maior parte deles: entre 10 a 13. E um dos que serão limados é o da Saúde. Não houve nenhum anúncio oficial, mas a medida está sendo antecipada por dois grandes jornais locais, o Clarín e o La Nación. depois que a cúpula do governo argentino ficou o fim de semana inteiro reunida. E também vai ter arrocho fiscal.

AGENDA ANTIGA

Falamos aqui que Michel Temer vai reativar o Consu (Conselho de Saúde Suplementar), que pode se sobrepor à ANS. O professor Mario Scheffer, da USP, falou sobre isso no site da EPSJV/Fiocruz. “Trata-se de uma última tentativa do governo de aprovar uma antiga agenda do setor privado”, afirma, dizendo que a sobreposição em relação às funções da ANS “só acontece porque a ANS está enfraquecida tecnicamente e desmoralizada politicamente, seja pelas sucessivas contestações judiciais sobre suas decisões, seja pelas indicações políticas por parte do atual governo para compor a diretoria”.

CADA VEZ MAIS CEDO

Se até bem pouco tempo atrás o processo de congelamento de óvulos era mais procurado por mulheres perto dos 40 anos – que queriam garantir a possibilidade de engravidar mais tarde -, agora as empresas miram mulheres cada vez mais jovem, na casa dos 20. E tem uma campanha midiática nacional em relação a isso nos EUA. Segundo reportagem do New  York Timesrepublicada pela Folha, a publicidade é, em muitos casos, agressiva e alarmista. E, ainda por cima, “o grau de sucesso pode ser menos que impressionante”:  “Há uma probabilidade de entre 2% e 12% de que um único óvulo congelado resulte em nascimento. E óvulos podem ser perdidos. Falhas de refrigeração registradas no segundo trimestre resultaram na destruição de milhares de óvulos na clínica University Hospital, de Cleveland, e no Pacific Fertility Center, em San Francisco”;

ESTUPRADOS NA FRONTEIRA

O governo de El Salvador afirmou que três menores de 12 a 17 anos sofreram abuso sexual em abrigos depois de terem sido separados de suas famílias ao entrarem nos EUA. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos afirmou em nota que “não possui detalhes” sobre as denúncias e  “não poderia confirmar nem negar as alegações”.

GRAVE

A atual epidemia de ebola na República Democrática do Congo é a mais grave dos últimos 10 anos. Já foram 88 casos confirmados, com 47 mortes.

QUASE LÁ

Depois de mais um dia de mobilização nacional, o país conseguiu imunizar 86% das crianças entre um e seis anos contra sarampo e pólio. O objetivo era vacinar 95%. Seis estados (Espírito Santo, Santa Catarina, Pernambuco, Rondônia, Amapá e Sergipe) conseguiram atingir a meta.

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