Será possível resgatar a educação após a pandemia?

País retoma ensino presencial e FioCruz elabora critérios para mitigar contaminações. Mas como recompor o ambiente escolar e o aprendizado após dois anos de dispersão? Surge proposta na Câmara – mas esbarra no teto de gastos

.

A volta às aulas presenciais já é uma realidade em todo o Brasil desde pelo menos agosto. Mas, agora, governos estaduais e municipais estão permitindo que escolas retornem com todos os seus alunos. Pensando na volta segura, a FioCruz elaborou uma nota técnica com orientações para evitar grande disseminação do vírus. Ela estabelece alguns indicadores que podem representar um retorno com menos riscos, mas que devem ser avaliados município a município, pois as realidades podem ser muito diferentes.

Entre outros pontos elencados, recomenda-se que os dados a seguir sejam observados por ao menos sete dias: porcentagem de testes de covid com diagnósticos positivos menor que 5%; taxa de contágio com valor R<1 (recomendam R=0,5); taxa de vacinação acima de 80% da população. Mas não basta, pois o vírus segue criando mutações. É necessário também que se atente às medidas de biossegurança, como ventilação dos ambientes, estimulação da vacinação entre a comunidade escolar e medidas de diminuição do contato entre os alunos.

Mas a contaminação está longe de ser a única preocupação na educação brasileira. A grande questão será permitir que os alunos tenham condições de voltar à escola após atravessarem uma profunda crise sanitária e econômica. Um projeto de lei, apresentado à Câmara dos Deputados no dia 4/10, por onze parlamentares que integram a Comissão de Educação, abre caminho para mitigar a evasão escolar e os efeitos da crise na vida dos estudantes.

As propostas apresentadas por eles dividem-se em três eixos: busca ativa dos jovens para enfrentar o abandono escolar; acolhimento à comunidade escolar e “recomposição da aprendizagem”, que significa traçar estratégias de ensino para estudantes com defasagens de conteúdo. O problema é (de novo) o orçamento: o governo Bolsonaro, durante os últimos meses, vem fazendo de tudo para impedir que sejam destinados recursos para garantir acesso à internet à comunidade escolar – que seria essencial num momento de pandemia agravada. Haverá espaço agora para garantir os direitos dos estudantes na volta às aulas?

*Imagem: Pilar Olivares/Agência Brasil

Leia Também: