Programa Nacional de Imunizações completa 49 anos em meio a baixa vacinação

• PNI faz aniversário em cenário de devastação • Covid: Pfizer chega a crianças pequenas • Rede de clínicas de diálise pode sair do SUS • Alzheimer e sua relação com a desigualdade • O ano mais seco na Europa e China? • SUS realiza cirurgia infantil inédita •

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49 anos do PNI: o novo desafio da cobertura vacinal

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro, referência mundial na proteção e combate a doenças, completou 49 anos no domingo (18/9). O programa foi responsável pela erradicação da varíola humana e da poliomielite no país, com o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS). O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, celebrou a data como se não tivesse responsabilidade pela forte queda vacinal que atinge o país em proporções maiores que a média mundial. Declarou: “O PNI tem capacidade para vacinar, se for preciso, milhões de pessoas por dia, sem estratégias adicionais. Isso mostra a fantástica capacidade do Brasil em vacinar”. É verdade – mas para isso precisa de investimento e organização. O aniversário de quase cinco décadas é marcado pelo grande desafio de recuperar a cobertura vacinal, que caiu nos últimos anos, inclusive com a ajuda do negacionismo do governo – que ameaça o retorno de doenças como a própria pólio. Apesar dos desafios, o PNI segue com grande potencial de vacinação: hoje, a rede pública disponibiliza 49 imunobiológicos e 19 vacinas no calendário de rotina.

Crianças pequenas poderão ser imunizadas com a Pfizer
A Anvisa aprovou o uso da vacina da Pfizer em crianças entre 6 meses e 4 anos. Em nota, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) comemorou a decisão do órgão, e reforçou a importância de ampliar a cobertura vacinal da faixa etária – que tem apresentado média de duas mortes por dia por covid-19. “A ampliação de imunizantes para todas as faixas etárias de crianças e adolescentes é uma demanda da Abrasco e da sociedade brasileira, uma reparação ao atraso no cuidado em saúde dispensado a esse importante segmento de nossa população”, denuncia a entidade. Mais de 1.400 brasileiros até 11 anos morreram de covid na pandemia, e mesmo assim a vacinação infantil não avança como deveria na maior parte dos estados. Segundo a Câmara Técnica do PNI, crianças de até 1 ano devem ter prioridade para a imunização. 

DaVita dá ultimato para continuar atendendo o SUS

A rede de clínicas de diálise DaVita, responsável por atender 14 mil pacientes no SUS, disse que não renovará contratos com a rede pública e que deixará de atender novos pacientes caso não receba, dos governos estaduais ou do ministério da Saúde, até outubro, os repasses necessários para cobrir os custos da terapia. A rede é a maior do país e é responsável por atender 15% do total da demanda do SUS por diálise – procedimento que substitui as funções de um rim deficitário. O ponto central do problema são os repasses de recursos públicos feitos aos prestadores privados que atendem os usuários do SUS. De acordo com associação do setor, o valor da sessão de diálise paga pelo sistema público é 39% menor que o custo real do procedimento. Mas como rever os repasses com o orçamento da Saúde caindo a cada ano?

Alzheimer afeta mais os países pobres?

A pesquisa Global Burden of Disease, publicada na Lancet Public Health, aponta números alarmantes em relação à doença de Alzheimer. A projeção é que, até 2050, o número de pessoas com demência aumente 166%. Mas há uma clara disparidade: em países do Norte Global, a tendência é de crescimento abaixo da média ou até de diminuição, enquanto nas regiões mais pobres estima-se forte aumento. No Brasil, o número de pessoas com demência chegará a cerca de 6 milhões em 2050 – um aumento de 200%. O envelhecimento populacional é o principal responsável, mas não o único. Baixa escolaridade e hábitos de vida pouco saudáveis, mais comuns em populações mais vulneráveis, são apontados pelo estudo como agravantes para a demência. A falta de acesso a tratamentos cardiovasculares também ajuda a aumentar o número de casos. Há ainda um problema que se refere ao cuidado: nações de alta renda costumam oferecer serviços de atenção e reabilitação, enquanto em países pobres esse trabalho fica a cargo da família – causando impacto também na economia. O Brasil não tem um plano elaborado para lidar com o Alzheimer em sua população, embora haja um projeto de lei que tramita na Câmara.

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2022 pode ter sido o ano mais seco pra Europa e China

Uma reportagem da BBC comparou imagens de satélite do continente europeu e da China nos últimos 3 meses – que mostram os níveis de umidade do solo – com as condições médias de seca obtidas desde o início do século. O resultado mostrou que a Europa teve um verão muito mais seco neste ano se comparado com a média do período entre 2001 e 2016. Na China, muitas áreas foram categorizadas com clima de “seca extrema”; o Yangtze, maior rio do país, apresentou seu nível mais baixo desde a década de 1960. Imagens parecidas foram capturadas do leste da África e no oeste dos Estados Unidos, que teve as secas mais extremas nos últimos 20 anos. 

SUS: cirurgia pediátrica inédita para tratamento da escoliose

Foi realizada a primeira cirurgia que utiliza uma nova técnica para corrigir problemas graves na coluna vertebral de crianças. O procedimento, desenvolvido pelo médico ortopedista francês Lotfi Miladi, do Hospital Necker – Enfants Malades (Doenças Infantis), da Universidade de Paris, consiste na implementação de um dispositivo para acompanhar o alongamento da coluna da criança enquanto ela cresce, evitando o retorno do problema. A cirurgia única foi realizada em uma menina de 8 anos com paralisia cerebral pela equipe do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro.

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