PÍLULAS: Falta de medicamentos já atinge 98% das farmácias paulistas

• Municípios sem vacina para recém-nascidos • Ataques a hospital referência em parto humanizado • Eventos climáticos e doenças infecciosas • Fiocruz lança site sobre varíola dos macacos • Homens homossexuais com a doença se reúnem nos EUA •

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Falta de medicamentos já atinge 98% das farmácias paulistas
Novo estudo do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) aponta que 98% das farmácias paulistas continuam a conviver com a escassez de remédios essenciais para atendimento à população. Entre as categorias de medicamentos mais afetadas estão as de antibióticos, analgésicos, anti-histamínicos e os mucolíticos. O número não surpreende quando se recorda que desde 2016 o investimento público no Programa Farmácia Popular, através de compra e distribuição de remédios, vem sofrendo cortes, com cifras e mesmo número de municípios atendidos em declínio. Antes de Bolsonaro, o ex-presidente Temer mandou fechar todas as unidades próprias espalhadas pelo Brasil do programa Farmácia Popular. Já o declínio da indústria farmacêutica brasileira, hoje dependente em 90% de ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) importados, arrasta-se desde os anos 1990.

Municípios registram falta da vacina BCG
Mais uma faceta do desmonte da indústria brasileira de medicamentos está apresentada ao cotidiano do brasileiro. Após parar de produzir as vacinas BCG, aquelas que marcam os nossos braços desde o nascimento e garantem imunização contra diversos vírus com os quais nos deparamos, o país se encontra em desabastecimento. Matéria do Estadão constatou a falta desta vacina em postos de saúde de Cuiabá, capital do Mato Grosso, na semana passada. A mesma matéria mostra que o Distrito Federal faz racionamento, enquanto Sorocaba aplica a vacina apenas com agendamento prévio. A origem do problema está na suspensão pela Anvisa, ainda em 2016, da única fábrica autorizada a produzi-la, o que fez o país passar a depender de importação mediada pela OPAS, braço latino da OMS. O problema contribui para o recente fenômeno do rebaixamento da cobertura vacinal em crianças brasileiras, que já atinge 30% da população infantil. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização, a cobertura da BCG está em parcos 55% em 2022.

Manifesto de mulheres em defesa de hospital referência em parto humanizado
O Hospital Sophia Feldman, de Belo Horizonte, foi punido pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (Coren-MG) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por sua atuação multidisciplinar com enfermeiras obstétricas. O hospital permite que enfermeiras façam ultrassonografia, uma prática que é regular. Contra as investidas feitas pelas entidades médicas, mulheres, mães, profissionais e instituições lançaram um manifesto em defesa do Sophia Feldman e do parto humanizado. “Trata-se, portanto, tão somente de uma perseguição a profissionais”, denuncia o manifesto, “que defendem e lutam pela implantação e consolidação do modelo obstétrico assistencial centrado nos direitos das mulheres, crianças e famílias, baseado em evidências científicas, propulsor da atuação em equipe multiprofissional e comprometido com os princípios do SUS”. 

Como os eventos climáticos agravam doenças infecciosas
Há muito sabemos que enchentes ou desastres que chamam atenção do público desencadeiam uma série de possíveis infecções. Agora, um estudo publicado na Nature Climate Change aprofunda o leque de possíveis consequências sanitárias de tais eventos, cada vez mais frequentes. O estudo concluiu que 58% de 375 doenças catalogadas podem ter surtos de infecções a partir de mudanças drásticas no clima e nas condições sanitárias de determinado local. Insetos e roedores são os mais previsíveis transmissores, mas até a água do oceano, a partir de um aquecimento que gere apodrecimento precoce em frutos do mar, pode ser um vetor. Mais uma demonstração do quão delicado é o limiar histórico em que nos encontramos e que produzir e consumir como se não houvesse amanhã não são mais opções racionais.

Fiocruz lança página especial com informações sobre varíola dos macacos
Registrada pela primeira vez em 1958, esta é a primeira vez que tal modalidade de varíola se apresenta simultaneamente em diversos lugares do mundo. O primeiro caso foi reconhecido em Londres no dia 5 de maio, enquanto o Brasil já registra mais de 2.300 ocorrências e teve um óbito em 23 de julho, em Uberlândia. Para o trabalho de controle e rastreamento, a Fiocruz produziu um controle positivo, em apenas uma semana. O reagente do controle já está na OMS e será distribuído em 20 países. Neste site, o leitor encontra as últimas notícias da Fundação sobre a enfermidade, perguntas e respostas mais frequentes e outras informações.

Homens gays que contraíram nova varíola fazem encontros virtuais
Nos EUA, homens gays que se contraíram a nova varíola têm realizado encontros virtuais para compartilhar suas experiências após o contágio. Eles relatam a experiência física de lidar com as marcas da doença e como ficaram suas relações com o mundo exterior. Para além dos danos ao corpo causados pela nova doença, dividem relatos sobre a própria dificuldade em obter atendimento médico quando ainda não se tratava a varíola dos macacos como epidemia, por conta dos estigmas. Na semana passada, os EUA declararam estado de emergência em saúde pública, após registrarem a marca de 10 mil casos em seu território. E agora começa-se a constatar aumento de infecções entre mulheres e crianças.

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