Os índices insanamente baixos de vacinação na África

Nações colecionam frações de zero em suas campanhas de imunização e são caso exemplar da iniquidade em saúde na pandemia

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A advogada sul-africana Fatima Hasan, ativista pelo acesso igual aos cuidados de saúde, expressou em palavras a única reação que qualquer pessoa minimamente sensata deveria ter ao olhar o mapa global de distribução de vacinas: “Pessoas estão morrendo. O tempo está contra nós. ISSO É INSANO“, escreveu ela à Associated Press.

Só 0,8% da população sul-africana está totalmente vacinada; na Nigéria, o maior país do continente africano com mais de 200 milhões de habitantes, apenas 0,13%. Namíbia: 0,48%.  Moçambique: 0,24%. Camarões: 0,05%. Zâmbia: 0,03%. Quênia: 0,05%. E a lista continua.

Segundo os Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças, ao menos cinco países não administraram nenhuma dose sequer. Desnecessário dizer que centenas de milhares de trabalhadores de saúde continuam combatendo o vírus desprotegidos.

Alguém poderia argumentar que, pelo menos, os países africanos não estão entre os que experimentaram as maiores mortalidades por covid-19. É verdade, mas a Índia – que por muito tempo intrigou cientistas com seu baixo número de óbitos – está aí para mostrar o quanto essas situações podem mudar rapidamente. Isso sem falar nas novas variantes impulsionadas por situações de descontrole. 

E a verdade é que os países africanos estão enfrentando saltos repentinos de casos e mortes. Uma das situações mais preocupantes é a de Uganda, que vem numa escalada íngreme desde maio. O país tem apenas 1,6% da sua população vacinada. 

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