O ranking da boataria

No Brasil, 18% acreditam que hidroxicloroquina cura covid-19; 22% acham que tomar sol previne a doença; 7% acreditam evitá-la via ingestão de alho

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Como estamos diante do resto do mundo quando o assunto é a desinformação sobre o novo coronavírus? Se partirmos dos dados da pesquisa Ipsos, feita em 16 países, a resposta é mal. Por aqui, 18% acreditam que a hidroxicloroquina cure a covid-19. Não é de se espantar, com toda a propaganda do presidente Jair Bolsonaro e as medidas do Ministério da Saúde na contramão das evidências científicas. No Reino Unido, por exemplo, esse índice é de apenas 2%

Mas há uma crença ainda mais disseminada: a de que altas temperaturas e tomar sol previnem a infecção. Essa convicção, também não embasada na ciência, é compartilhada por 22% da população. No Reino Unido, apenas 9% concordam. E há 7% de brasileiros que acreditam em coisas totalmente estranhas, como que comer alho previne a doença. 

O país que vai pior é a Índia: por lá, 34% acreditam que alho previne covid; 35% na ideia das altas temperaturas; e 37% que hidroxicloroquina cura a doença. 

Por aqui, estaríamos chegando à sexta onda de desinformação sobre a covid-19, segundo a agência de checagem de fatos Lupa. Ondas de desinformação se caracterizam pela intensa aparição em redes sociais de conteúdos falsos sobre um mesmo tema em um curto período de tempo. 

Nesse sentido, o primeiro boato foi sobre a origem do vírus, que circulou em janeiro. Em março foi a vez das curas milagrosas, como chás e vinagre no lugar de álcool em gel. Em abril, o foco passou para a cloroquina e a hidroxicloroquina. A terceira onda foi a dos caixões vazios, também em abril, com fotos de um golpe aplicado a uma seguradora em 2017 no município paulista de São Carlos circulando como se fossem atuais, e de Manaus. Em maio, surge a onda de que a doença não é tão grave (e que os hospitais estariam vazios). A quinta onda tem a ver com números tirados da cartola que também tentam negar a gravidade da pandemia em comparação com outras, como a de H1N1. Segundo a Agência Lupa, a sexta onda que “já começa a se desenhar”, envolverá vacinas e medicamentos em testes

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