Maternidade indígena, tradição e desigualdade

Mulheres de povos originários recorrem menos a cesáreas, mesmo dando à luz em hospitais. Porém, sofrem mais com gravidez precoce e falta de pré-natal

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Uma série de gráficos organizada pelo jornal Nexo sobre o perfil das gestantes indígenas no Brasil suscita questões interessantes. São quatro dados principais: idade das mulheres grávidas, quantidade de consultas pré-natal, tipo e local de parto.

Elas estão muito à frente das outras brasileiras no quesito parto normal versus cesariana. Apenas 20,7% delas dão à luz pelo método cirúrgico – a ONU estipula que o ideal é que apenas 15% dos partos aconteçam assim. As mulheres brancas, no outro extremo, são as que mais adotam a cesariana. Mas a hospitalização entre as indígenas é grande: 72% dos nascimentos se dão em hospitais – apenas 9,2% em aldeias.

Apesar do número alto de nascimentos em hospitais, elas estão atrás das outras raças no tratamento pré-natal: 25% delas têm menos de 4 consultas de acompanhamento médico da gravidez. Apenas cerca de 40% fazem mais de 7 visitas obstétricas – o número ideal é de 13. Quanto à idade das futuras mães, há também grande diferença entre indígenas e não indígenas. Quase um terço (29,5%) das descendentes dos povos originários têm até 19 anos de idade – a proporção é de 16,4% entre as não indígenas.

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