Mais uma vacina

Imunizante tem vantagem de aplicação única e boa taxa de eficácia contra covid grave, mas resultados reforçam preocupação com variantes do coronavírus

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Na sexta-feira, a Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, anunciou os resultados da sua vacina contra o novo coronavírus, cujo maior trunfo é ter aplicação em dose única. Os resultados reforçam a preocupação em relação às mutações do SARS-CoV-2. É que a eficácia da vacina oscilou de 72% nos Estados Unidos a 57% na África do Sul. O impacto da variante sul-africana nessa taxa também foi verificada nos testes da Novavax, divulgados um dia antes. No Brasil, onde a vacina da Janssen também foi testada, a taxa ficou em 66% – mesmo número da taxa de eficácia geral da vacina, levando em conta os dados de todos os países onde ela foi testada.  A fase 3 do estudo clínico envolveu 44 mil participantes.  

Embora a vacina da J&J tenha sido menos eficaz na África do Sul, a proteção contra a forma grave da doença manteve-se estável em 85% em todas as regiões, independentemente da cepa viral, um resultado que muitos especialistas em vacinas elogiaram. A taxa é menor do que aquela das vacinas da que as vacinas da Moderna e da Pfizer, que usam a tecnologia do RNA mensageiro e demonstraram cerca de 95% de eficácia. Mas, ao contrário desses imunizantes, a vacina da Johnson & Johnson pode ser guardada em geladeira comum por três meses. Isso somado à aplicação em dose única faz do imunizante o logisticamente mais atraente, principalmente quando se pensa em populações rurais e moradores de regiões de difícil acesso.  

Ao mesmo tempo, a Janssen está investigando se a administração de duas doses proporcionará uma proteção mais forte ou mais duradoura.
A empresa deve solicitar a autorização de emergência da vacina ao FDA essa semana, com projeção de liberação no final de fevereiro. Cem milhões de doses foram prometidas para os EUA até o final de junho – e a empresa também deve submeter documentação que prova que sua nova fábrica, em Baltimore, é capaz de produzir a vacina em massa. A companhia diz ter o objetivo de fornecer um bilhão de doses da vacina em todo o mundo em 2021.

No sábado, a Janssen divulgou que “disponibilizará sua vacina” no Brasil “na quantidade e nas condições que vierem a ser acordadas com o Ministério da Saúde”. Mas não divulgou estimativas de quantas doses pode vender, por exemplo. O Plano Nacional de Vacinação, elaborado em dezembro pelo governo federal, cita a expectativa de obter 38 milhões de doses desta vacina a partir do segundo trimestre, mas por enquanto tudo o que existe é um memorando de entendimento com a empresa.

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