Johnson & Johnson é condenada nos EUA por amianto no talco de bebê

Suprema Corte negou recurso da farmacêutica, em processo movido desde 2018, a condenando a pagar indenização de US$ 2 bi. Outras ações se multiplicam

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Faz muito tempo que acompanhamos por aqui os processos enfrentados pela Johnson & Johnson em relação a seu famoso talco para bebês. São mais de 12 mil ações movidas nos Estados Unidos por mulheres que alegam ter desenvolvido câncer de ovário devido à presença de amianto no produto. 

Ontem, a Suprema Corte do país negou à farmacêutica o recurso relacionado a um processo de 2018, envolvendo 22 mulheres. No maior julgamento já realizado contra a companhia, os juízes decidiram que a J&J terá que pagar US$ 2,1 bilhões em reparação de danos.

O pó de talco é feito de silicato de magnésio que, em sua forma natural, contém amianto. Em 1976, a indústria firmou um acordo se comprometendo a assegurar que não produziria talco com níveis detectados da substância. A empresa afirma que “décadas de avaliações científicas independentes confirmam que o talco para bebês da Johnson é seguro, não contém amianto e não provoca câncer”. 

Mas as denúncias e ações continuam se multiplicando. Há três anos, depois que esse processo específico foi julgado pela primeira vez por um tribunal no Missouri, uma investigação da Reuters examinou documentos internos da empresa e concluiu o seguinte: que, sabendo da contaminação de alguns lotes do talco, a J&J ocultou intencionalmente essa informação dos reguladores e do público. 

Na mesma época, o New York Times expôs os bastidores regulamentação do produto pela FDA (a Anvisa dos EUA) nos anos 1970. Na época, análises encontraram amianto em mais da metade das amostras do talco Johnson. Mas um memorando mostra que a empresa pediu à agência para manter a descoberta sob “estrita confidência”. Outro memorando dá conta de que o pedido foi atendido: em reunião, um funcionário da FDA garantiu que o relatório só seria divulgado sobre o seu cadáver. 

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