Distribuição equitativa de vacinas evitaria mais mortes

Modelo estima vidas salvas por vacina concentrada em países ricos e distribuída entre países com base em renda

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A OMS tem alertado há meses sobre os perigos do ‘nacionalismo da vacina’, que corre solto desde que os primeiros acordos começaram a ser firmados. Temos visto nações e blocos regionais tentando garantir um cardápio de imunizantes tão farto quanto variado – mas sabemos que a produção de vacinas não vai ser suficiente, de imediato, para atender a todos os quase oito bilhões de habitantes do planeta.

Pesquisadores da Northeastern University fizeram as contas do quanto isso vai prejudicar o controle da pandemia. Eles criaram dois cenários: um em que dois bilhões de doses de uma vacina são monopolizados por 50 países ricos, e outro em que essa mesma quantidade é distribuída com base na renda de cada país. Ambos os cenários foram analisados com duas vacinas hipotéticas com eficácias distintas, de 65% e de 80%. 

De acordo com os modelos do estudo, se os países ricos comprassem toda a vacina 80% eficaz, só 33% do total de mortes que ocorreriam em um ano poderiam ser evitadas, enquanto a distribuição equitativa desse mesmo imunizante evitaria 61% dos óbitos. A conta é parecida no caso da vacina menos eficaz: garantir o acesso aos países pobres evitaria 57% das mortes, contra 30% em caso de concentração das doses. É preciso dizer que a pesquisa foi feita em parceria com a GAVI Alliance, que co-lidera a Covax Facility – a iniciativa global que tenta garantir o fornecimento equitativo entre países. Essa estratégia se baseia em fazer com que países ricos paguem pelas doses que serão entregues (de graça ou a preços mais baixos) aos de baixa renda. 

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