Críticas ao ministro

Declaração de Gilberto Occhi deram o que falar em Santa Maria

Crédito: Erasmo Salomão/MS

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Declaração de Gilberto Occhi à Rádio Gaúcha deu o que falar em Santa Maria 

O resumo dessa e outras notícias aqui, em sete minutos.

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CRÍTICAS AO MINISTRO

Estamos acompanhando o surto de toxoplasmose em Santa Maria (RS) há um tempo – até agora, já foram confirmados 569 casos e há outros 312 em investigação. Pesquisadores, incluindo uma equipe do Ministério da Saúde, estão investigando a origem do surto e dizem que ainda não há nenhuma conclusão. Mas ontem o ministro Gilberto Occhi deu uma entrevista à Rádio Gaúcha afirmando que a origem é água contaminada. “Beira a falta de respeitocom a comunidade e com as pessoas que trabalham em volta do problema”, disse ao Zero Hora a infectologista Jane Costa. A preocupação é que os moradores mudem a conduta de prevenção que tem sido recomendada: ferver água, mas também evitar carnes mal passadas e vegetais crus mal lavados.

O secretário de saúde do RS disse que a fala do ministro foi uma “manifestação infeliz“, mas o prefeito foi mais claro: “extremamente irresponsável“. A procuradora do município também foi taxativa: “Ou eles têm dados novos que não nos passaram, e isso também é errado, antiético e desumano com a população, ou eles estão falando alguma coisa que seja irresponsável. Pode ser verdade, mas eles não podem esconder isso do município que sofre com a doença”. Depois da confusão, o Ministério soltou nota dizendo que a água é “possível fonte de contaminação”.

ENIGMA

Em editorial, a Folha comenta a queda na cobertura vacinal de crianças (falamos disso aqui). Ressalta que o problema se concentra entre 2015 e 2017 e que as hipóteses do Ministério da Saúde – falso sentimento de segurança na população e dificuldade para ir aos postos de saúde nos horários de atendimento – não explicam sozinhas o “retrocesso abrupto” justo após 2015. Diz que a crise pode ter interferido de alguma forma (“mais qual?”) e que as notícias falsas podem ter papel. E defende que o governo faça uma “investigação profunda” sobre os motivos. No título, o texto fala em “enigma das vacinas”. Alguns leitores podem não achar tão enigmático.

INTERVENÇÃO

Teve discussão ontem na presidência da Fiocruz sobre a violência e a violação de direitos  nas favelas do Rio, em especial a operação de quarta-feira que matou sete pessoas na Maré, entre elas um menino de 14 anos que estava a caminho da escola. A presidência vai agendar uma audiência com o interventor federal e o Programa Institucional Violência e Saúde da Fiocruz publicou uma nota de repúdio sobre a operação. Durante o velório, a mãe do adolescente disse que a ambulância demorou uma hora para chegar, porque não tinha autorização da polícia para entrar na comunidade.

TRISTE MUDANÇA

A Nicarágua era o país com menores registros oficiais de violência na América central, mas a realidade mudou desde que começaram protestos contra uma reforma da previdência, em abril. Embora os atos tenham levado o presidente Daniel Ortega a voltar atrás em relação à reforma, continuaram as manifestações. Já são mais de 175 mortos e 1000 feridos, e esta matéria do El País espanhol fala dos reflexos disso no sistema de saúde. As emergências recebem um volume muito maior de pacientes do que o normal – e com feridas e demandas aos quais os médicos não estão habituados. Também há unidades de saúde improvisadas nas barricadas.

“Se a tendência nas condições e o número de vítimas devido à violência no país continuar, é possível que o sistema público e privado de saúde da Nicarágua (o segundo país mais pobre das Américas) não resista apenas com a vontade de seus profissionais de saúde. E não será capaz de lidar com emergências ou com necessidades crônicas, como aquelas afetadas por insuficiência renal que requerem diálise, uma epidemia neste país. Trata-se de um possível colapso, para o qual a Associação Médica Mundial já alertou”, diz o texto.

NA FRONTEIRA

Ainda sobre as crianças separadas de seus pais e mantidas em jaulas nos EUA: vários dos centros de acolhimento estão em investigação porque funcionários medicam crianças com psicotrópicos sem o consentimentos dos pais. Não é coisa recente. Um memorando de 2016 citado no Huffington Postdiz que  “quando os jovens se recusam a tomar esta medicação, o ORR [Departamento de Realojamento de Refugiados, na sigla em inglês] obriga-os. O ORR não pede consentimento parental antes de medicar uma criança, nem solicita autorização legal para consentir no lugar dos pais. Em vez disso, a equipe do ORR ou do centro de acolhimento assina formulários de ‘consentimento’, atribuindo a si mesma autoridade para administrar medicamentos psicotrópicos a crianças”.

REFORMA

As novas regras para contratos com organizações sociais foram aprovadas ontem, no Senado, pela Comissão de Constituição e Justiça.  Estão entre as mudanças: fixação de teto de remuneração para os dirigentes dessas entidades; a realização de convocação pública para celebração de contratos de gestão; e a previsão de pena de inidoneidade de dez anos para organização desqualificada na condução desses contratos.

NOVOS TRANSGÊNICOS

Uma nova variedade de mosquitos Aedes aegypti geneticamente modificados, desenvolvida na USP,  deve começar a ser testada em setembro. Eles têm espermatozoides defeituosos e só produzem ovos que não desenvolvem larvas.

MELHOR TRATAMENTO

Isso já foi estudado com outras doenças e, agora, cientistas acreditam que biomarcadores podem ajudar a escolher o melhor tratamento para a esquizofrenia. Normalmente, vão se testando remédios até que se observe uma melhora, mas isso custa tempo e sofrimento, mas um estudo brasileiro identificou biomarcadores que podem ajudar a acertar a medicação de primeira. A pesquisa não foi feita com muitos pacientes (54), seus resultados são preliminares e é preciso desenvolver mais, mas há otimismo.

ALZHEIMER E VÍRUS

Um estudo robusto, que investigou amostras de quase mil cérebros humanos, indica que pode haver uma reação entre a doença e diferentes tipos de vírus, como dois tipos de herpes que infectam as pessoas na infância. A matéria do New York Times traduzida pela Folha explica que eles não causam o mal de Alzheimer, mas “podem dar o pontapé inicial a uma resposta imune que pode levar ao acúmulo da amiloide, uma proteína que se forma em placas presentes nos cérebros de quem tem alzheimer”. Mas os pesquisadores não sabem se a presença em grande número desses vírus não pode, na verdade, ser consequência da doença.

GRIPE

A campanha termina hoje em todo o Brasil, mas municípios devem continuar oferecendo a vacina até terminarem os estoques. A recomendação do Ministério é que ampliem a oferta para crianças entre 5 e 9 anos e adultos de 50 a 59. Segundo a pasta, 44 crianças menores de 5 anos morreram por complicações relacionadas à gripe, e este é justo o grupo que teve menor cobertura (no mesmo período do ano passado, foram 14 mortes nessa faixa, um terço das atuais). Até ontem, faltava vacinar 8,6 milhões de pessoas.

DOENÇAS RARAS

O SUS incorporou novos tratamentos para algumas delas. Para Mucopolissacaridoses (MPS), tipo I e II há novos medicamentos; para Deficiência de Biotinidase foram aprovados protocolos que orientam a assistência na rede pública; e para Síndrome de Turner e a Hepatite Autoimune os protocolos foram atualizados.

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