Crianças envenenadas

Poluição do ar mata 600 mil crianças por ano.

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Essa e outras notícias aqui, em oito minutos.

30 de outubro de 2018

CRIANÇAS ENVENENADAS

A OMS lançou ontem um relatório com dados alarmantes: a poluição do ar mata 600 mil crianças por ano. E não tem muita coisa que os pais possam fazer a respeito. Dentro de casa dá no máximo pra deixar de fumar e usar óleos menos poluentes. Mas do lado de fora… Tem é que ter políticas públicas mais fortes pra lidar com a questão. A estimativa da Organização é que 93% das crianças do mundo estejam expostas cotidianamente a esse tipo de poluição, que causa sintomas tão distintos quanto infecções de ouvido, obesidade e perda de inteligência. Cidades da África, Ásia e América Latina estão entre as mais afetadas.

ZIKA SILVESTRE

Durante a última epidemia de febre amarela, muitos macacos foram mortos. Vários pela própria população, com tiros ou pauladas, e outros por mordidas de cachorros. Nem todos tinham febre amarela. Mas, como normalmente saudáveis eles são difíceis de capturar, cientistas começaram a pensar se eles não estariam com alguma outra doença que os deixasse mais vulneráveis. E acertaram. O vírus zika foi encontrado em carcaças no interior de SP e em BH. O estudo, feito por pesquisadores de diversas instituições e com apoio da Fapesp, foi publicado na NatureE os achados sugerem algo preocupante: que pode existir ciclo silvestre da zika, assim como na febre amarela. “Se o ciclo silvestre for confirmado, isso muda completamente a epidemiologia da zika, porque passa a existir um reservatório natural a partir do qual o vírus pode reinfectar muito mais frequentemente a população humana”, disse Maurício Lacerda Nogueira, coordenador do estudo, à Agência Fapesp.

PARA QUEBRAR

O caso do Sofosbuvir, que temos acompanhado aqui, não acabou. Agora, a Abrasco e o Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (GTPI)  um ofício ao ministro da Saúde, Gilberto Occhi, pedindo a decretação de interesse público do medicamento, usado para tratar Hepatite C. Isso é essencial para conseguir a quebra de patente do remédio.

COOPERAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

Foi inaugurado o primeiro Banco de Leite Humano no país, em Maputo. É a segunda unidade na África nos moldes brasileiros: Cabo Verde tem uma desde 2011, vai inaugurar a segunda em breve e Angola também terá uma. Esses bancos são importantíssimos pra reduzir a morbimortalidade infantil, e Moçambique tem 20 mil partos prematuros por ano, com 28 mortes a cada mil nascimentos. A iniciativa é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e pela Fiocruz, por meio da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH),

MACONHA EM FALTA

Não tem nem 15 dias que o Canadá legalizou o consumo recreativo da maconha e ela já está em falta. Uma matéria do El País explica os motivos. Um deles é que as empresas que já plantavam a cannabis para fins medicinais tinham uma produção pequena, já que a demanda também era pouca, e não tiveram tempo para adaptar sua produção (a lei passou em apenas um ano e meio). Como a lei só permite a venda de erva cultivada no Canadá e pelas empresas autorizadas, vai demorar um pouco para sanar a escassez. Outro é o efeito de curiosidade e novidade que leva a um aumento na procura nos primeiros dias.

ELEIÇÕES 2018

Má conduta

“Hoje é dia de maldade. Perguntar pro paciente em quem vai votar antes da alta. Dependendo da resposta, alta só segunda!! #B17 É dessa vitamina que o povo brasileiro precisa!” – a mensagem foi postada por uma médica no domingo, no Facebook. O nome do perfil é Beatriz Padovan Vilela. Deu o que falar. E, agora, ela é alvo de investigação pela secretaria municipal de saúde.

Votaram sem concordar

Quatro levantamentos do Datafolha feitos ao longo de todo o mês de outubro mostram que a maioria do eleitorado brasileiro prefere que as armas sejam proibidas, acreditam que a homossexualidade deve ser aceita pela sociedade e que a democracia é a melhor forma de governo.

Com partido

Uma deputada estadual eleita pelo PSL pede que estudantes denunciem professores que se queixem sobre a vitória de Bolsonaro. É Ana Caroline Campagnolo, de Santa Catarina, defensora do Escola sem Partido. Na mensagem que divulga o pedido, ela dá um número de celular para que as denúncias sejam encaminhadas. Ontem, em entrevista à Rádio Chapecó, disse que o celular não parou um minuto, e que as pessoas estão “desesperadas para se defender disso”.  Sindicatos de professores das redes pública e privada municipal, estadual e federal em Santa Catarina repudiaram a atitude de Campagnolo em nota conjunta. O Brasil de Fato lembra que a deputada eleita ficou conhecida quando processou uma professora de história da Udesc, Marlene de Fáveri, por perseguição ideológica. Fáveri é especialista em estudos de gênero e feminismo, e decidiu não orientar o projeto de Campagnolo quando viu que ela era antifeminista, o que tornava a orientação incompatível do ponto de vista teórico-metodológico.

Cenários possíveis

Uma boa análise do professor e cientista político Rogério Bastos Arantes está no Jota. Ele imagina três cenários que podem acontecer com a vitória de Bolsonaro. No primeiro, Bolsonaro joga conforme as regras e, portanto, pra conseguir fazer suas ideias passarem, vai precisar buscar diálogo com outros partidos, pra aumentar sua base no Congresso. O segundo é uma situação de autoritarismo legal, como foi feito em 1964, quando foi construída uma legislação que institucionalizava as medidas autoritárias. E terceiro é descrito como “um governo errante, porém mobilizador, estimulador da violência na sociedade e beligerante internacionalmente”. Vai ser o caso se Bolsonaro partir para a mobilização popular direta, usando plebiscitos e referendos para aprovar suas medidas – possivelmente a partir da mobilização do ódio e da violência e, é claro, usando fake news. Vale a leitura.

Saldo da violência

Vice fez um resumo dos casos de agressões registrados país afora após o resultado das eleições. Alguns exemplos: na Bahia, uma jovem foi agredida pela PM e estudantes receberam provocações e ameaças de cunho LGBTfóbico; a youtuber Nátaly Neri recebeu ameaças e ofensas racistas; jornalistas foram hostilizados e ameaçados. E tem ainda o menino de oito anos que, como dissemos ontem, foi morto durante as comemorações, porque um amigo da família celebrou a vitória de Bolsonaro com tiros para cima.

TRUMP E OS CRIMES DE ÓDIO

Em uma semana, três episódios de violência marcaram os EUA. Foram interceptados 15 pacotes-bomba enviados por um apoiador de Trump a políticos e à CNN (que o presidente classifica como ‘fake news’); duas pessoas negras foram mortas a tiros por um homem branco, depois de ele ter tentado entrar numa igreja frequentada por negros; e, finalmente, houve o massacre na sinagoga, quando o atirador disse que apenas queria matar judeus. Pesquisadores estão afirmando que o discurso violento de Trump colabora para incitar episódios como estes.  “A linguagem usada por ele em comícios incita a violência. Não deveria surpreender que alguém que defenda a violência contra a mídia e adversários políticos provoque, efetivamente, violência”, afirma Christopher Morrison, professor assistente da Universidade Columbia, em uma matéria da Folha. 

INCÊNDIO

Uma Unidade de Saúde da Família e uma escola foram incendiadas Comunidade Indígena Povo Pankararu, em Jatobá, no Sertão de Pernambuco, na madrugada de ontem. A motivação e a autoria do crime ainda são desconhecidas.

CADÊ OS BICHOS?

Em 40 anos, a população de animais vertebrados nas Américas caiu 89%, diz um relatório da WWF. No mundo todo, foram 60%. As populações de água doce tiveram redução de 83% desde 1970; o habitat para os mamíferos teve uma redução de 22%; o risco de extinção tem acelerado para diversas espécies; e a quantidade de biodiversidade original caiu de 81,6% em 1970 para 78,6% em 2014. No Brasil, o maior problema é o desmatamento, que já chegou a 20% da Amazônia e ultrapassou os 50% do Cerrado.

RECEITAR ARTE

No ano passado, uma comissão do Parlamento britânico lançou um relatório com dados de várias pesquisas e defendendo o uso da arte como parte da estratégia do país na saúde pública. E a ideia toma forma fora do Reino Unido também. Agora, a partir do dia 1º de novembro, o Museu de Artes Plásticas de Montreal, no Canadá, pretende implementar uma medida interessante: vai distribuir ingressos a membros de uma associação de medicina, para que os distribuam aos pacientes.

USANDO XIXI

É genial: um grupo de estudantes sul-africanos conseguiu desenvolver blocos de tijolo 40% mais resistentes usando urina humana como matéria-prima. Uma reação química produz carbonato de cálcio a partir da urina, e esse carbonato é usado para agregar a areia. E o que sobra do xixi ainda vira fertilizante.

 

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