Como se fosse uma prisão

Human Rights Watch descreve péssimas condições de internação a que brasileiros com deficiência estão submetidos 

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O resumo desta e de outras notícias você confere aqui em oito minutos.

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COMO SE FOSSE UMA PRISÃO

Grades em portas e janelas e pessoas amontoadas são parte de um cenário descrito pela Human Rights Watch em um relatório divulgado ontem. Mas não é ao sistema prisional que o documento se refere: é a milhares de pessoas com deficiência que vivem confinadas em instituições de acolhimento no Brasil. Foram visitadas 19 instituições, incluindo 8 abrigos para crianças, ao longo de dois anos. E, segundo o relatório, a maioria das pessoas internadas nelas vive isolada, praticamente só com alimentação e higiene garantidas; muitas ficam presas nos quartos – ou mesmo em camas – o dia inteiro. Embora o limite legal de 18 meses para o confinamento de crianças com deficiência, a ONG diz que muitas ficam indeterminadamente: “Elas ficam até morrer”.  O documento é muito impactante. Bruna de Lara, no Intercept, e Luiz Alexandre Ventura, na Folha, falam sobre ele.

ESTÁ CHEGANDO A HORA

É amanhã o referendo irlandês sobre o aborto, quando a população vai ser consultada sobre derrubar ou não a proibição do procedimento. Pesquisas apontam a vitória do ‘sim’, mas a vantagem tem caído e uma em cada seis pessoas se declara indecisa.

El País espanhol diz que é o último tabu a ser enfrentado lá. A homossexualidade foi descriminalizada em 1992, obstáculos à contracepção foram retirados em 1996, o divórcio foi legalizado em 1996, o casamento homoafetivo foi aprovado em 2015 e, ano passado, foi eleito um primeiro ministro abertamente gay. Em editorial, o Guardian diz que a decisão vai ter impacto global.

O Google barrou a veiculação de publicidade sobre isso, mas ativistas anti-aborto contornaram a questão recorrendo a plataformas alternativas de venda de anúncios. Outra matéria do Guardian destaca o papel do Facebook no referendo – anúncios que pedem o ‘não’ apelam para linguagem mais emocional, enquanto os do ‘sim’ são legalistas.

RACISTAS USAM E DISTORCEM PESQUISAS

Um estudante de bioinformática chamado Jedidiah Carlson pesquisava mutações genéticas quando, entre os resultados da busca, viu um link para um dos mais conhecidos fóruns dos EUA voltados para a supremacia branca e neonazismo. Ficou intrigado e viu que havia vários outros grupos semelhantes discutindo genética e dividindo as pesquisas científicas entre as que apoiam ou não uma ideologia branca nacionalista. Carlson passou um ano acompanhando essas discussões e fala, nesta entrevista, sobre o que viu:

“Eles estão interessados ​​em qualquer coisa que reforce as categorias raciais. A inteligência é provavelmente o tópico número um em que eles gravitam. E qualquer coisa relacionada à história das migrações humanas, ou coisas relacionadas às classificações tradicionais de fenótipos raciais como a morfologia facial ou a cor da pele. Havia um artigo sobre a tolerância à lactose nos europeus e que se transformou nessa estranha tendência viral do YouTube, onde os nacionalistas brancos bebiam garrafas de leite, presumivelmente para exibir sua herança europeia”.

ALÉM DA COMIDA

Dos 23 mil produtos comercializados pelas maiores empresas de alimentos e bebidas em nove países, menos de um terço pode ser considerado saudável, segundo relatório da ONG holandesa Fundação de Acesso à Nutrição. Um dos grandes problemas – não só no Brasil – é que as porcarias são mais baratas. Hoje, dois bilhões de indivíduos estão, ao mesmo tempo, com sobrepeso e mal nutridos. É mais do que quem efetivamente passa fome (815 milhões).

Os governos precisam pressionar empresas de “maneiras mais incisivas“, disse ao G1 Gerda Verbug, secretária-assistente da ONU.

NOVO PLANO

Os delegados da Assembleia Mundial de Saúde acordaram ontem o plano estratégico para os próximos cinco anos. Tem três objetivos que devem ser garantidos até 2023: um bilhão de pessoas que se beneficiem da cobertura universal, um bilhão de pessoas mais protegidas das emergências em saúde e um bilhão de pessoas com melhor saúde e bem estar. Um dos temas discutidos é o do acesso a medicamentos e vacinas.

Eles também falaram do acesso à saúde nos territórios ocupados por Israel na Palestina e na Síria. E decidiram pedir ao diretor-geral da OMS por apoio aos serviços nesses lugares.

PONTO DECISIVO

A OMS classifica assim o momento atual na República Democrática do Congo, que tem 58 casos confirmados e 27 mortes por ebola.

A religião atrapalhou: três pessoas infectadas fugiram do hospital e foram à igreja, e duas morreram. Como a doença não tem cura, a forma mais eficiente de conter a disseminação é o isolamento. E, segundo alguns profissionais de saúde, crenças religiosas fazem com que as pessoas não procurem os serviços de saúde.

DROGAS EM SÃO PAULO

A prefeitura vai mandar hoje para a Câmara um projeto de lei criando a Política Municipal sobre Drogas. Em coluna no Estadão, Mônica Bergamo diz que o texto traz diretrizes para prevenção e diminuição do uso, e para atenção e reinserção social e profissional.

AUXÍLIO-SAÚDE

Vereadores e servidores da Câmara de São Paulo vão ter: de R$ 180 a R$ 1.079 por mês, dependendo da idade. A Câmara já tem ambulatório com médicos, enfermeiros e equipamentos clínicos para servidores e o salário dos vereadores é de R$ 18.991,68., informa a Folha.

CPI DAS OSS

Uma CPI investiga os contratos de OSs com o governo de Geraldo Alckmin. O secretário adjunto da saúde, Antônio Rugolo Júnior, foi depor. Mas levou justamente o advogado de uma OSs, a Fundação para o Desenvolvimento Médico Hospitalar, que ele presidia antes de assumir o cargo na secretaria. A discussão está na Rede Brasil Atual.

VÁRIOS MOSQUITOS

Uma nova geração de Aedes ‘transgênicos‘ foi liberada em Indaiatuba (SP) ontem. Na geração anterior, os mosquitos modificados eram machos e, quando cruzavam com os bichos que já estavam no ambiente, as larvas geradas não chegavam à fase adulta. Agora é quase isso, mas só as larvas fêmeas vão morrer (só elas picam). A empresa por trás da invenção, a Oxitec, recebeu autorização da CTNBio para testá-los na cidade em agosto. Eles serão soltos por um ano, de três a seis vezes por semana.

Quantos anticorpos alguém precisa ter para não desenvolver a dengue? Cientistas do Instituto Pasteur conseguiram estabelecer. O achado pode ajudar a mapear quem é mais vulnerável à doença.

Faça-se a luz:.a infravermelha, para detectar zika em mosquitos Aedes Aegypti. A tecnologia do Instituto Oswaldo Cruz (com cientistas do Brasil, Austrália e EUA) deve tornar esse rastreamento 18 vezes mais rápido do que é hoje.

A malária nem sempre foi letal para humanos, e um estudo genético desvendou como isso aconteceu. Há 50 mil anos (!!!), uma mutação fez com que o protozoário que causa a doença passasse a infectar glóbulos vermelhos. Então, esses parasitas se dividiram em dois ramos, e um deles evoluiu até infectar humanos com alto índice de letalidade, 3 ou 4 mil anos atrás. Para os pesquisadores, é importante entender essa evolução para reconhecer e, talvez, evitar, o padrão com outras enfermidades. O estudo é do Instituto Wellcome Sanger, em Cambridge.

CAPITAL ACIMA DA VIDA

O Brasil de Fato apresenta um especial, em rádio, sobre o Matopiba, uma região (que engloba áreas de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) que foi delimitada pelo governo para o agronegócio, em 2013. Os links para ouvir estão aqui.

A QUE PONTO CHEGAMOS

96% de todos os mamíferos do mundo são humanos ou gado e 70% dos pássaros são galinhas ou outras espécies domésticas criadas em escala mundial.

SITUAÇÃO DE RUA

Estudantes de medicina do Paraná e de São Paulo lançaram uma cartilha sobre a saúde dessa população. Ela faz um diagnóstico do contexto atual, traz dicas de abordagem e mostra relatos, tanto de profissionais que atuam em consultórios na rua como de pessoas que vivem nessa situação.

JÁ PRA CAMA

Um estudo Universidade de Estocolmo feito com quase 40 mil adultos mostra que a taxa de mortalidade é 65% maior em quem dorme até cinco horas por noite, comparando com quem dorme mais. Mas dá pra equilibrar dormindo mais nos fins de semana e períodos de folga.

PRÊMIOS PARA MULHERES

Nature Research abriu inscrições para dois prêmios para mulheres cientistas. Cada uma vai ganhar  US$ 10 mil para investir em projetos e US$ 5,2 mil para aplicar em ações de divulgação  (quem apoia a premiação é a Estée Lauder, aquela empresa norte-americana de cosméticos).

E uma série de gráficos do Nexo mostram o perfil de mestres e doutores brasileiros hoje, comparando com 1970. Mulheres se tornaram maioria.

AGROTÓXICOS

Conass e Conasems se posicionaram contra o Pacote do Veneno. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência também.

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