Como estamos envelhecendo

Saíram ontem dados inéditos sobre a população idosa, e 75% usa o SUS

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. Essa e outras notícias aqui, em dez minutos

02 de outubro de 2018

COMO ESTAMOS ENVELHECENDO

O Ministério da Saúde divulgou ontem dados inéditos dobre a população idosa. São  resultados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros(ELSI-Brasil), que entrevistou pessoas com mais de 50 anos em 70 municípios de todas as regiões. A pesquisa mostra que 75,3% dos idosos dependem exclusivamente dos serviços do SUS (um percentual próximo do da população em geral) e mais de 80% se diz satisfeita com a atenção que recebe; 83,1% fizeram pelo menos uma consulta nos últimos 12 meses e 10,2% foram hospitalizados uma ou mais vezes no período. Quase 40% possuem uma única doença crônica, como diabetes, hipertensão e artrite, e quase 30% têm mais de uma ao mesmo tempo. Ou seja, 70% têm alguma doença crônica.

A imensa maioria – 85% – vive em áreas urbanas, e 43% têm medo de cair na rua. Além disso, 30% dizem viver em regiões muito inseguras e 6% já tiveram sua casa invadida. O estudo também mostra que pessoas com maior escolaridade se exercitam mais, e as que têm mais bens domiciliares têm maior chance de ter a hipertensão controlada adequadamente.

E, após 15 anos de sua criação, o Estatuto do Idoso ainda não é completamente executado. Um dos motivos é a falta de  conselhos de direitos da pessoa idosa, segundo a matéria da Agência Brasil.

É SEMPRE BOM LEMBRAR

“Quanto à Constituição, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia”:  a fala de Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte, no dia da promulgação da Constituição de 1988 abre este texto no portal do STF que conta rapidamente como foi o processo.

A participação popular na construção do documento foi lembrada. Uma forma eram as emendas populares, que deveriam ser propostas por três entidades e com assinaturas de 30 mil eleitores. Ao todo, 122 foram recebidas, e várias foram aprovadas. Mas havia outra maneira de participar, mais simples e direta: desde 1986, pessoas de todos os municípios do país podiam preencher nos Correios formulários com sugestões sobre a nova Carta Magna. Foram recebidas mais de 70 mil cartas. O texto também destaca avanços – como na saúde, que foi colocada como direito de todos e dever do Estado.

GRANDE LEGADO 

Depois de abordar os 30 anos da Constituição, o Globo publicou ontem uma matéria falando especificamente do aniversário do SUS, descrito como “um dos maiores legados da Constituição”. O texto fala dos avanços estupendos na Saúde da Família, nos hospitais de referência, no combate ao tabagismo, no tratamento do HIV, no programa de transplantes, na cobertura vacinal. “Foi o SUS que fez do Brasil o país com a maior aceleração da redução da mortalidade infantil – a taxa diminuiu em 67,5% de 1990 a 2015, sem paralelo no mundo”, diz o texto.

A matéria afirma que parte dessas  conquistas começou a ser revertida nos últimos dois anos e apresenta críticas aos subsídios dados aos serviços privados. Menciona o “subfinanciamento crônico”, mas em nenhum momento critica a Emenda do teto dos gastos, cuja revogação está na pauta de alguns candidatos, como Ciro, Haddad e Boulos. Cita estudos indicando que, além do subfinanciamento,  há imenso desperdício devido à má gestão, tanto por corrupção como por negligência. Na atenção básica, a ineficiencia estimada é de 45%, e na secundária e terciária é ainda maior, 70%. Uma pesquisa do Coppead/UFRJ sobre a situaçao do Rio mostrou que há excesso de exames desnecessários nos hospitais privados que atendem ao SUS, por exemplo.

O jornal entrevistou pesquisadores que apontam a falta de relevância política do Sistema. Prova disso é que, embora a saúde seja a maior preocupação da maioria da população, isso não se reflete nos programas de governo dos candidatos à presidência. “Nenhum governo o priorizou seja na alocação de recursos quanto na escolha de ministros. E não se trata só do Executivo. Jamais tivemos uma bancada do SUS no Legislativou”, disse Lígia Bahia, professora da UFRJ.

SEGUE TENTANDO

Por falar nos candidatos, seguimos a série de análises do Outra Saúde sobre os presidenciáveis. Dessa vez falamos de Ciro Gomes, que vê suas chances de chegar ao segundo turno diminuírem a cada nova pesquisa. Apresentando-se como terceira via – e, ultimamente, chegando até a comparar Bolsonaro e Haddad – , ele evita os tabus e em seu programa enfatiza desenvolvimento industrial, inclusive na saúde.

RECICLAGEM DE PROJETOS

Folha traz uma matéria sobre os projetos dos candidatos ao governo de São Paulo para a saúde. Nada novo, aponta a repórter Cláudia Collucci. Paulo Skaf (MDB), por exemplo, quer a criação do sistema integrado de saúde, já apresentado em 2014. João Doria (PSDB) reedita o Corujão da Saúde, sua bandeira enquanto prefeito, com contratação de exames no setor privado (“o programa mostrou-se paliativo e limitado. Após a fila ter sido declarada zerada, a demanda voltou a crescer”, aponta o texto). Márcio França (PSB) reciclou proposta de ampliar o acesso a serviços essenciais de saúde, que já constava no plano de governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014, candidato do qual ele era vice. Luiz Marinho (PT) pegou de Artur Chioro, ministro na gestão Dilma, a proposta do Mais Especialidades.

Além da reciclagem, outro problema é que eles desconsideram o orçamento enxuto e não dizem de onde sairia o dinheiro para concretizar as propostas. Por exemplo, todos os prometem expandir a atenção primária, mas não dizem como viabilizar. “As propostas são genéricas, não mencionam metas ou custos. Corujão, mutirão são medidas paliativas, é como enxugar gelo”, disse Mário Scheffer, professor da USP.

SOBRA

A apenas três meses do fim da gestão Temer, o governo distribuiu nesta segunda-feira R$ 3,9 bilhões para ministérios. O da Saúde foi o que mais recebeu novas verbas, R$ 1 bilhão. Em seguida vieram Educação e Defesa. O aporte extra vem de uma folga de R$ 8,224 bi em relação à meta fiscal programada para esse ano. Mas, por conta do teto de gastos, não se pode repassar tudo aos ministérios.

NA TV

E ontem o Jornal Nacional deu uma matéria bem grande, de quase 10 minutos, sobre o SUS. Foi a partir daquela série de vídeos que as pessoas enviam falando sobre o Brasil que elas querem, e a saúde é uma das áreas que mais apareceram nas mensagens.

Primeiro falaram muito mal dos serviços em alguns lugares, com os problemas já conhecidos das filas, da demora (e às vezes impossibilidade) de fazer exames. E depois veio o exemplo de onde o sistema funciona, apesar de o país gastar pouco com saúde, porque quando há boa estão e  “quando o médico e a equipe também se sentem responsáveis pelo destino do paciente, a situação muda”. O foco foi o município de Três Lagoas. “Para mim é o melhor plano de saúde que existe no Brasil. É o SUS”, diz um dos moradores. E é a Saúde da Família que está por trás do sucesso, com agentes comunitários de saúde, prontuário eletrônico, fisioterapia e pequenos procedimentos feitos na UBS. Por lá, pelo menos 95% dos problemas são resolvidos na atenção básica.

PEDIDO DA INDÚSTRIA

A Interfarma, que representa laboratórios e pesquisadores da indústria farmacêutica, fez uma parceria com os jornais O Globo Valor e a revista Época, para realizar sabatinas com os cinco candidatos à presidência mais bem colocados nas pesquisas. O Globo publicou ontem uma grande matéria paga, assinada pela Interfarma e com o título ‘Saúde ganha uma nova chance’. Traz o resultado das sabatinas e ainda sugestões que a entidade enviou aos presidenciáveis. Como a diminuição das taxas tributárias sobre os medicamentos.

MENOS AÇÚCAR

O ministro da saúde, Gilberto Occhi, anunciou ontem que a pasta vai fazer um ‘pacto voluntário’ com a indústria alimentícia para reduzir o açúcar nos alimentos processados. Iogurte, suco em caixa, refrigerante, biscoito, bolo e achocolatado serão os primeiros. E o documento vai ser assinado depois do primeiro turno das eleições. A matéria do Estadão diz que a proposta veio da própria indústria, depois que o então ministro Ricardo Barros encomendou estudos sobre o aumento de impostos de bebidas açucaradas (por sinal, eles mostram ótimos resultados). Parece que, afina, não vão mexer nas taxas.

NOBEL PARA COMBATE AO CÂNCER

O Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia de 2018 foi anunciado ontem. Quem vai levar são o americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo, por descobertas ligadas ao combate do câncer com a chamada imunoterapia.

É O MERCADO

Qualicorp perdeu ontem 1,3 bilhão de reais em valor de mercado, com 30% de quedas nas ações. Segundo o Estadão, foi porque ela fez um acordo com seu presidente José Seripieri Filho, para que ele não possa venda de sua participação (de 15%) por um prazo de seis anos nem competir com empresa. Em troca, vai receber R$ 150 milhões.

PROPOSTAS

O Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP fez um ciclo de debates, com cinco encontros, sobre as eleições deste ano. Cada encontro teve a exposição de dois pesquisadores apresentando propostas que considerassem imprescindíveis para determinadas áreas. O último evento foi sobre saúde e teve apresentações de Mário Scheffer e Dráuzio Varella.

MAIS DE 800

Já são 844 os mortos pelo tsunami que atingiu uma ilha na Indonésia na sexta-feira. Pode haver mais, já que muitas áreas permanecem inacessíveis. Para evitar danos à saúde, estão sendo cavadas valas comuns para fazer enterros em massa.

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