Caso de política

Plataforma mapeia candidatos que defendem mudanças na política de drogas.

Equipe da Divisão Estadual de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná. Imagem do Wikimedia Commons.

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01 de agosto de 2018

CASO DE POLÍTICA

Está no ar um projeto interessante para as eleições. Da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, ele se chama ‘Droga é caso de política’ e vai mapear candidatos a cargos federais e estaduais que defendam ao menos uma de três mudanças: a descriminalização do usuário de drogas, a regulação da maconha para fins terapêuticos e a legalização da cannabis. As candidaturas são cadastradas por um formulário e o mapa já está disponível aqui. Tem ainda uma cartilha pra ajudar a qualificar o debate. Nela, as diferenças entre legalização, descriminalização e despenalização, os diferentes modelos de política de drogas ao redor do mundo e os impactos da proibição das drogas na saúde e na segurança públicas.

Enquanto isso, Ponte e o El País repercutem um estudo do Instituto Sou da Paz que levantou dados de 200 mil ocorrências de 2015 a 2017 no estado de São Paulo… E viu que 40% das ações policiais de combate ao tráfico atingiram, na verdade, os usuários, e não os traficantes. Em metade dos casos, a quantidade de drogas apreendida foi menor que 40 gramas. Isso explicaria por que o número de apreensões cresceu, mas a quantidade de drogas em circulação não caiu. Para Bruno Langeani, do Instituto, o foco deveria ser quebrar as estruturas do crime organizado, e não o varejo; a lógica atual consome recursos da polícia e não tem impacto praticamente nenhum.

ALÉM DAS DROGAS

Agir para desmantelar o tráfico de drogas não significa necessariamente diminuir a violência, e o El País mostra que no México aconteceu o oposto. Esta é a época mais sangrenta da história do país, onde no ano passado foram assassinadas 85 pessoas por dia. Está com 25 mortes por 100 mil habitantes – pior que a Colômbia (24), mas ainda melhor que o Brasil (29). A explicação é que a estratégia de guerra às drogas do ex-presidente Felipe Calderón foi centrada em acabar com os grandes cartéis, mas isso gerou conflitos pelos territórios que ficaram livres e, além disso, os grandes grupos se fragmentaram em quadrilhas menores, com atividades diversificadas, como roubo de combustível, extorsão e sequestro. Além do aumento das taxas, outra consequência é que antes as mortes estavam concentradas nas regiões de produção de drogas e nas fronteiras, mas agora estão dispersas em todos os estados.

VENENO ANTES DO PL

Quase ninguém percebeu, mas a Anvisa publicou no mês passado uma ‘orientação de serviço‘ (em um boletim interno) abrindo a possibilidade de que agrotóxicos aprovados na Europa e nos EUA sejam autorizados no Brasil também, mesmo sem análise aqui. Quem revela é Rafael Moro Martins, no Intercept. Ao questionar a Anvisa, recebeu como resposta que isso serve para reduzir o tempo de análise dos produtos. Seria um ‘registro por analogia’. Mas, bem, a analogia só serve para o registro, e não para a proibição: os agrotóxicos proibidos nos EUA e na Europa não precisam ser retirados do mercado brasileiro.

POR ONDE ANDA

E o ex-diretor da Anvisa Jarbas Barbosa assumiu uma subdiretoria da Opas em Washington. Vai supervisionar programas de cooperação técnica. Tem um perfil dele no site da Organização: médico sanitarista, atuante desde os anos 1980, ele já ocupou vários cargos públicos, desde a secretaria de saúde de Pernambuco a secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

CONTAGEM REGRESSIVA

Está chegando a hora das audiências públicas onde o STF vai ouvir argumentos sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Serão dois dias: 3 e 6 de agosto. Na coluna da Folha, Claudia Collucci conta que o Ministério da Saúde está sendo pressionado pela  Rede Nacional em Defesa da Vida de Sergipe e pela Associação dos Parlamentares Evangélicos do Brasil para substituir as técnicas que falarão em nome da pasta. Dizem que elas seriam “propensas pela pretensão do PSOL”. A alternativa? A jornalista entrega: “Indicaram no lugar um médico que entre outras coisas é diácono. Fim.”

Uma das expositoras no STF vai ser Melania Amorim, obstetra e professora da Universidade Federal de Campina Grande. Ela conversou com o Brasil de Fato: “A criminalização do aborto não é efetiva para redução do número de abortos, isto é demonstrado, em estudos, em todas as sociedades do mundo”.

MAIS QUE NECESSÁRIO

A USP criou um Escritório de Saúde Mental – entre maio e junho, houve pelo menos quatro casos de suicídio na universidade. Segundo a matéria da Folha, todos os estudantes terão acesso a um primeiro contato para orientação via plataforma online e, “eventualmente”, serão agendadas reuniões presenciais.  Há outras iniciativas nas unidades, e os alunos também estão se mexendo. Criaram uma Frente Universitária de Saúde Mental, depois de tentativas de suicídio na Faculdade de Medicina no ano passado. E, na Faculdade de Veterinária e Zootecnia, o centro acadêmico decidiu bancar sessões de terapia em conjunto, com a assistência de uma psicóloga.

ÓBVIO ULULANTE

“Os bancos fazem uma co-var-dia, não tem outra palavra. Os cinco maiores bancos do país cobram, só de tarifa – cheque especial, operações de bancos de investimento – mais de 130 bilhões de reais. O  orçamento da saúde do Brasil é de 130 bilhões, o da educação é de 110 bilhões”; “Se as pessoas soubessem como funcionam as coisas, os pobres e a classe média fariam uma revolução“. Os apontamentos não são novos, mas a surpresa está no nome de quem disse: o engenheiro e ex-banqueiro Eduardo Moreira, na Rádio Jovem Pan, conhecida por não ser exatamente progressista.

NÃO CABEM

Para quem não é fã de lives, vai aqui a entrevista que fizemos com Lucia Souto, presidente do Cebes, no Abrascão. “Eles dizem que o SUS não cabe no orçamento; dizemos que eles não cabem no Brasil’, diz.

FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM

No Roda Viva, Bolsonaro disse as coisas polêmicas de sempre  mas falhou ao apresentar propostas, entre elas as de saúde. Talita Bedinelli afirma no El País que ele mostrou não conhecer o “Brasil real”: argumentou que o aumento da mortalidade infantil (que tem acontecido por problemas como diarreia) está ligado aos nascimentos prematuros e que há “um mar de problemas”, como a alimentação da mãe e o fato de que “muita gestante não dá para a saúde bucal”. O presidenciável teve a maior audiência do programa no Youtube: 223 mil pessoas assistiram ao vivo.

“Como vocês podem cometer os mesmos erros que nós cometemos?, pergunta, na Época, Brian Winter. Dos EUA, ele lê as notícias sobre Bolsonaro e compara sua trajetória com a de Donald Trump. “Neste novo mundo antiestablishment e antipolítica, as declarações inflamadas de Trump provaram aos eleitores que ele não era como outros políticos. Em vez de se sentir ofendido, um eleitorado furioso viu um caminho seguro para a mudança que desejavam”.

NÃO É O MESMO

Por falar em Trump, o New York Times traz a história de uma família brasileira separada na fronteira dos EUA. Thiago, de cinco anos, e sua mãe Ana Carolina ficaram 50 dias distantes. Agora estão juntos, mas os sinais do trauma continuam e o menino não é mais o mesmo. Voltou a pedir para mamar, se esconde das visitas e não quer mais falar. Segundo a matéria, outras três mil crianças passaram pela separação e, como Thiago, muitas demonstram sinais de ansiedade, regressão, introversão e outros problemas.

DEPOIS DO DR. BUMBUM, MARIANA MIRANDA

A ‘falsa médica’ foi presa preventivamente ontem em Queimados (RJ) por homicídio doloso e pelo exercício ilegal de medicina. Mariana Miranda é estudante de um curso técnico em enfermagem e fazia preenchimento de glúteos por R$ 1,5 a R$ 2 mil. Em março, depois de um procedimento estético feito com ela, Fátima de Oliveira teve complicações e morreu.

VAI COMEÇAR

Foi lançada a campanha nacional de vacinação contra pólio e sarampo, que vai começar a segunda, dia 6 e vai até o dia 31 de agosto. Todas as crianças de um a cinco anos devem ser imunizadas, independente da sua situação vacinal. O Ministério espera atingir 11,2 milhões de crianças; para isso, foram compradas 28,3 milhões de doses das vacinas por R$ 160,7 milhões. A madrinha da campanha é a Xuxa.

Pra facilitar o acesso aos postos de saúde, o início no estado de São Paulo vai ser antes: começa neste sábado, dia 4.

O número de casos confirmados de sarampo no país subiu para 822 (no último balanço, dia 18, eram 667). Já foram cinco mortes.

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