Ataques tóxicos

Para tentar passar o Pacote do Veneno, a estratégia agora é publicitária

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Agrotóxicos:

O resumo dessa e outras notícias aqui, em sete minutos.

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ATAQUES TÓXICOS

Para tentar passar o Pacote do Veneno, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) contratou o publicitário Nizan Guanaes. Segundo Andréia Sadi, em blog do G1, o objetivo é “trabalhar imagem do setor”: “Só chamar agrotóxico já mostra que o setor se comunica mal. Meu papel é fazer o setor se comunicar melhor, nem canonização nem satanização”, disse Nizan, que não gosta de ser associado ao termo “bancada ruralista”. E um vídeo repassado no whatsapp distorce dados para ridicularizar uma campanha da organização 342 Amazonia contra o Pacote – chamam dados concretos de fake news… Mas notícias verdadeiras foram entregues aos parlamentares durante a última sessão que discutiu e não votou o Pacote: a terceira parte do Dossiê Técnico contra o projeto de lei.

Enquanto isso, depois da queda, novo aumento: no ano passado, o desmatamento na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim (sudoeste do Pará) tinha diminuído 67% mas, nos últimos dois meses, a região teve mais que o dobro da área desmatada em todo 2017: foram 57 km2 só entre abri e maio. O ICMBio diz que o processo de grilagem é movido pela especulação imobiliária e pela atividade pecuária, e a reportagem da Folha informa que 12,4% da cobertura florestal já foram perdidos para o pasto.

A Flona foi criada no governo Lula, em 2006, e é alvo da pressão da bancada ruralista para ter sua área reduzida. No fim de 2016, Temer editou uma MP para de fato reduzi-la, legalizando grileiros. Depois, o Congresso tentou reduzir ainda mais via lei, mas, pressionado por ambientalistas, o Planalto vetou e enviou um novo projeto, propondo também uma redução, mas um pouco menos drástica (chegaria a 27% da área, contra 37% propostos pelos parlamentares).

E em Goiás… Já se passaram mais de cinco anos desde o episódio de pulverização de agrotóxicos sobre uma escola em Rio Verde (GO), quando 92 pessoas foram contaminadas, mas as empresas responsáveis – Syngenta e Aerotex – seguem impunes. O documentário Brincando na chuva de veneno: cinco anos depoise está disponível online.

O CASO DAS FAMÍLIAS SEPARADAS E O IMPACTO NA SAÚDE

Pediatras e pesquisadores de saúde infantil se posicionaram na BBC US & Canada contra a política estadunidense de separar crianças de suas famílias na fronteira. Um representante da Academia Americana de Pediatria afirma que isso “pode causar danos irreparáveis ao desenvolvimento ao longo da vida” e “contradiz tudo o que representamos como pediatras”. E Jack Shonkoff, pesquisador do desenvolvimento infantil, aponta para o “efeito de desgaste e biologia” das separações de longo prazo. “Eles não estão gritando, mas seu sistema de estresse ainda é altamente ativado – silenciosamente, invisivelmente”. Trump recuou ontem e anunciou o fim da prática, mas não está claro o que vai acontecer com as duas mil crianças que estão separadas dos pais.

CADA VEZ MENOS

Os resultados de um estudo da Fiocruz e do Ministério da Saúde lançado ontem – Contas do SUS na Perspectiva da Contabilidade Internacional – mostram em números uma realidade que é há tempos criticada por gestores municipais: embora a União seja a esfera que mais usa recursos do SUS, são estados e, principalmente, municípios, que mais contribuem financeiramente para sustentá-lo. O governo federal começou dando 52% das verbas para a saúde e o percentual foi caindo até chegar a 43% em 2015. No fim do ano que vem, vai sair o balanço de 2015 a 2018 e, no início de 2020, um relatório dos gastos em saúde suplementar. O lançamento foi no Simpósio de Economia da Saúde.

POR TODOS OS LADOS

Sonia Fleury: “Nós estamos sendo afetados tanto no projeto do SUS quanto em todas as áreas que têm a ver com a saúde da população, que é uma visão ampla. Se você pensar que eles colocaram na reforma trabalhista que a mulher grávida pode trabalhar em ambiente insalubre, fica muito claro que não tem mais regulamentação do Estado e que os interesses do capital estão diretamente na política: eles agora definem a política, sem mediação por um Estado que deveria compatibilizar com os interesses mais gerais da sociedade”. A entrevista completa, ao Observatório de Análise Política em Saúde, está aqui.

NOVO PISO

Agentes comunitários de saúde e de endemias conseguiram a aprovação de um novo piso salarial, via Medida Provisória. Mas a negociação não saiu como o esperado. O piso atual está congelado em R$ 1.014 desde 2014, quando foi aprovado, e a MP 827 vai escalonar o aumento, começando em R$ 1.250 em janeiro e chegando a R$ 1.550 em 2021 (deve ainda ser votada nos plenários da Câmara e do Senado). Os comentários dos trabalhadores nas redes sociais mostram muita insatisfação (exemplos aqui).

MUDANÇAS COGITADAS

Em São Paulo, deputados cogitam mudar a lei que rege contrato com as OSs,diz a reportagem de Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual. A legislação deveria se tornar mais clara em relação à fiscalização de serviços e aplicação das verbas, à contratação de empresas pelas OSs e à relação de ex-funcionários com a secretaria de saúde.

LEGALIZOU

O Canadá aprovou a legalização do consumo recreativo da maconha: adultos poderão portar e dividir 30 gramas, cultivar até quatro plantas em casa e fazer preparados para uso pessoal. O país é o segundo a legalizar (o primeiro foi o Uruguai).

TESTES FALHOS

A maior parte dos laboratórios brasileiros – públicos e privados – tem testes de zika que funcionam mal. Um estudo publicado na Emerging Infectious Diseases e realizado por diversos pesquisadores (entre eles, profissionais da Fiocruz, do Grupo DASA e da USP) avaliou 15 laboratórios de 7 estados, e viu que 11 deles (73%) falharam na detecção. Houve tanto falsos positivos quanto falsos negativos. O problema não é só no Brasil: em estudos feitos na Europa, a taxa é de 60%. Uma possível explicação para os erros é o uso de reagentes de baixa qualidade.

MUITO MAIS QUE AS OITO HORAS

Um dos maiores especialistas em sono do mundo, Daniel Gartenberg, afira que oito horas de cama não são o suficiente para descansar. É preciso somar, às horas necessárias de sono, o período que se passa na cama antes de adormecer, e respeitar o tempo de cada um. Sonecas ajudam.

PARA ASSISTIR

Estão disponíveis os vídeos do Congresso Brasileiro de Direito Médico e da Saúde, que aconteceu esta semana. Começam aqui.

CONSULTA PÚBLICA

Está aberta a consulta pública da Anvisa sobre a rotulagem de alimentos. Contribuições até o dia 9 de julho.

AGENDA

Neste domingo (24) vai ter Ciência na Paulista: um grupo de pesquisadores vai estar perto da estação Trianon-Masp pra conversar com curiosos que queiram perguntar basicamente qualquer coisa sobre ciência.

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