AstraZeneca: novos estudos ajudam a entender (mínima) ocorrência de coágulos e a tornar aplicação mais segura

Problema, muitíssimo raro, acontece com mais frequência entre jovens. Pesquisadores reafirmam que descobertas não devem inibir o uso do imunizante nos mais jovens onde há ampla circulação do vírus, porque benefícios superam largamente os riscos

Foto: Dado Ruvic/Reuters
.

Esta nota faz parte da nossa newsletter do dia 12 de agosto. Leia a edição inteira. Para receber a news toda manhã em seu e-mail, de graça, clique aqui.

Uma análise de pesquisadores britânicos sobre coágulos sanguíneos após o uso da vacina de Oxford/AstraZeneca o confirmou que o problema é muito raro, mas acontece com mais frequência entre jovens e traz alto risco de morte. O artigo, publicado ontem no New England Journal of Medicine, examina sintomas e desfechos de 220 casos confirmados e prováveis detectados no Reio Unido. Para para maiores de 50 anos, os coágulos aparecem mais ou menos em uma pessoa a cada 100 mil vacinadas; para os mais jovens a frequência é o dobro – uma em 50 mil. Segundo os autores, nenhum caso foi identificado nas últimas quatro semanas do estudo, depois que o Reino Unido restringiu a aplicação desse imunizante a pessoas com mais de 40 anos.

Vale ressaltar que bulas de medicamentos listam seus eventos adversos muito raros como aqueles que ocorrem com uma frequência menor que 1 em 10 mil. Ou seja, os coágulos estão bem abaixo desse limite e são mesmo muito, muito raros.

Voltando ao estudo: os cientistas viram que, apesar de a maior parte da população idosa ter recebido a vacina, 85% dos coágulos apareceram em menores de 60 anos, sem que houvesse nenhum fator de risco individual anterior. Como se sabe, a síndrome associada ao imunizante, a trombocitopenia e trombose imunológica induzida por vacina (VITT), tem na baixa contagem de plaquetas um de seus sinais. A taxa geral de letalidade foi de 23%, mas, quanto mais baixa a contagem de plaquetas, pior o prognóstico: nos piores casos, a taxa chegou a 73%. Não está claro, porém, se essas mortes se distribuíram igualmente no tempo ou se concentraram no início da vacinação, quando se sabia muito pouco sobre a VITT.

A equipe bolou critérios baseados em cinco pontos para ajudar médicos a identificar a VITT e manejá-la. O tratamento precoce, incluindo troca de plasma sanguíneo, pode aumentar a taxa de sobrevivência em até 90% em alguns casos. “Se os médicos puderem reconhecer essa condição precocemente, administrá-la rápida e corretamente, então isso permitirá a continuidade da distribuição da vacina nos países”, disse Sue Pavord, consultora hematologista dos Hospitais da Universidade de Oxford, que liderou a equipe.

Ela ressalta que os achados não devem inibir o uso do imunizante nos mais jovens onde há ampla circulação do coronavírus, porque, como já está bem estabelecido, nesse caso os benefícios superam largamente os riscos: “Se houver alta prevalência de covid-19, é provável que mais pessoas acabem infectadas e recebam cuidados intensivos e, se tiverem mais de 60 anos, terão maior probabilidade de morrer. Nesse caso, faz sentido dar Oxford/AstraZeneca a todos. Mas quando há uma prevalência mais baixa de covid, um limite de idade seria apropriado. O que é absolutamente crucial considerar é o panorama geral”, pontuou.

Esta nota faz parte da nossa newsletter do dia 12 de agosto. Leia a edição inteira. Para receber a news toda manhã em seu e-mail, de graça, clique aqui.

Leia Também: