A desigualdade da vacinação no planeta continua perversa

Uma engenhosa distorção do mapa global expõe graficamente os déficits de imunizantes nos países emergentes. O privilégio dos países industrializados diminuiu, afirma a OMS. Mas as dificuldades no resto do mundo continuam enormes, registra a imprensa

.

A distribuição desigual de vacinas produziu diferenças gritantes na capacidade dos países de inocular suas populações. E, com isso, dificultou o combate à doença e facilitou sua disseminação e seu agravamento pelo aparecimento de novas variantes. Só nos últimos dias de 2021, após praticamente dois anos de pandemia, deram-se os primeiros e débeis passos para amenizar esse disparate, causado, notoriamente, pelo controle mundial da produção de fármacos por empresas gigantes.

Atento à necessidade de denunciar essa situação, o site Pandemic mostrou que desenhar a desigualdade vacinal é uma maneira maravilhosa de expor os seus efeitos entre as populações do planeta. Nasceu dessa ideia uma geografia singular na forma do “mapa” abaixo, no qual o tamanho dos países reflete o número de seus habitantes não vacinados – quantas pessoas que, por incrível que pareça, ainda não receberam uma única dose de vacina.

Pode-se complementar por meio de números as informações que o mapa sugere visualmente. O dado essencial é que a maior parte das vacinas, proporcionalmente, foi aplicada nos países de alta renda. Até outubro, por exemplo, das 9,3 bilhões de doses de vacina produzidas, a proporção recebida pelos países de maior renda era 10 vezes maior.

A situação agora está um pouco melhor: o número de pessoas imunizadas com ao menos uma dose nos países de alta renda, por exemplo, chega a 1,8 trilhão. Apenas 273 milhões de pessoas não receberam nem uma dose. Já nos países de renda média-alta, média baixa e baixa, 2,8 trilhões não tomaram nenhuma dose, e 3,8 trilhões tomaram ao menos uma dose, como mostra o gráfico abaixo.

A melhora relativa, conforme o jornal Washington Post, se deveu ao aumento da quantidade de vacina enviada aos países menos aquinhoados após um longo período de preferência aos países ricos. Nos últimos 40 dias de 2021, diz o diário, o programa de imunizantes Covax, apoiado pela ONU, enviou mais doses aos países necessitados do que no resto do ano passado inteiro. Mesmo assim, as campanhas de distribuição enfrentam uma combinação de desafios, como dificuldades de levar os remédios às populações, de ter recursos limitados para fazer a distribuição e, particularmente, por depender de sistemas de saúde precários e subfinanciados.

Leia Também: