A Covax conseguirá vacinar 70% do Sul Global?

Iniciativa da OMS para distribuir vacinas aos países pobres ainda está longe de cumprir seu objetivo. Mas das nações do Norte e de grandes empresas serão a única saída para que o mundo supere a pandemia?

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Liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o esforço de responder à pandemia de forma justa, distribuindo vacinas aos países de renda baixa, segue aos trancos e barrancos. Um dos grandes objetivos da Covax, em 2021, era ajudar o mundo a atingir o patamar de 40% da população vacinada até o final do ano. Mas surgiram grandes obstáculos, relacionados a financiamento e fornecimento insuficientes, e à má vontade dos países ricos em entregar as doses de vacinas que prometeram ao consórcio. Em uma reportagem publicada na revista virtual Vox, traça-se um panorama do que foi atingido até aqui, e do que esperar do futuro.

Apesar do atraso, e de não ter se alcançado a metade das 2 bilhões de doses inicialmente prometidas, o mês de dezembro pareceu promissor à iniciativa. Mais de 300 milhões de doses foram distribuídas a 144 países, no apagar das luzes de 2021 – um terço de todo o volume oferecido no ano. Pode significar que a colaboração global com o consórcio está enfim engrenando – o que dá esperança à OMS. Mas está distante de diminuir a extrema desigualdade vacinal: ainda hoje, mais cidadãos de países ricos receberam a terceira dose do que aqueles que receberam qualquer uma em países pobres.

Isso acontece, em grande escala, porque países desenvolvidos não estão cumprindo a promessa de doação de vacinas, como se vê no gráfico abaixo. Os EUA e a União Europeia prometeram, respectivamente, 857,5 milhões e 451,5 milhões de doses ao consórcio. Mas os norte-americanos entregaram menos de um quarto da promessa; e os europeus,, pouco mais da metade. E não trata-se de benevolência, mas de uma medida que poderá permitir, enfim, que o mundo se veja livre da pandemia, já que enquanto houver cidadãos não vacinados, novas variantes podem continuar surgindo – e colocarão a perder a eficácia das vacinas.

Apesar das boas notícias recentes, a Covax está muito longe de alcançar seu objetivo de entregar 70% das doses necessárias para países de renda baixa até a metade de 2022. E talvez esta meta nem seja eficaz como horizonte. O que a reportagem explica é que os países do Sul Global já estão encontrando seus próprios caminhos para adquirir as vacinas necessárias. E isso passa, evidentemente, pela pressão para quebrar as patentes e garantir que as grandes farmacêuticas — cuja pesquisa vacinal foi quase toda financida por recursos públicos transfiram tecnologia aos laboratórios do Sul do planeta.

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