Diminui a diferença

Distância cai seis pontos; rejeição a Bolsonaro cresce e a Haddad diminui

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26 de outubro de 2018

DIMINUI A DIFERENÇA

A distância entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial diminuiu, segundo a pesquisa Datafolha. O retrato do instituto captou 56% contra 44% dos votos válidos – na pesquisa anterior, cravou 59% a 41%. É uma queda de seis pontos em uma semana. Doze pontos separam os candidatos. “O resultado é a mais expressiva oscilação na curva das intenções de voto no segundo turno até aqui, e reflete um período de exposição negativa para o deputado do PSL”, diz a matéria da Folha. A rejeição a Bolsonaro cresceu de 41% para 44%; a do petista diminuiu de 54% para 52%.

Haddad cresceu mais no Norte (ganhou 7%) e no Sul (4%), entre jovens de 16 a 24 anos (6%) e entre os mais ricos.  Bolsonaro, contudo, continua à frentede Haddad nos maiores colégios eleitorais: os estados de São Paulo, Minas e Rio. Na capital paulista, a disputa está mais acirrada: 46% para o capitão reformado, 40% para o ex-prefeito.

A contagem dos votos totais fica assim: 48% para Bolsonaro, 38% para Haddad, 6% de indecisos e 8% de votos brancos ou nulos. Desse total, 22% declararam poder mudar de ideia até domingo.

UNIVERSIDADES NA MIRA

Mato Grosso do Sul, Rio, Paraíba, Pará e Rio Grande do Sul são alguns dos estados em que uma ação coordenada da Justiça Eleitoral interrompeu manifestações ou atividades universitárias e de sindicatos de docentes sob a justificativa de que seriam propaganda eleitoral. Os alvos foram faixas como “Direito UFF antifascista” ou “Direito UERJ antifascista”, eventos “contra o fascismo e pela democracia” e manifestos em “defesa democracia e da universidade pública”… Para a OAB do Rio, “a manifestação livre, não alinhada a candidatos e partidos, não pode ser confundida com propaganda eleitoral”. Os fiscais foram a pelo menos 27 universidades, segundo apurou o Deutsche Welle Brasil.

EM ASTANA

A Declaração de Astana foi assinada ontem. Nela, 194 países se comprometem a investir na atenção primária, nível de cuidados que deve ser a base de todos os sistemas de saúde e onde se promovem ações de prevenção. Segundo a OMS, uma atenção primária forte pode resolver de 80% a 90% dos problemas de saúde de uma população. Mas metade dos habitantes do planeta ainda não tem acesso a serviços essenciais, como os voltados para o tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e de transtornos mentais, e para gestantes e crianças.

Na Folhaa repórter Claudia Collucci – que está no Cazaquistão acompanhando a Conferência – relacionou autoritarismo e ameaça à democracia com uma piora ainda maior do cenário global. Questionado, o diretor da OMS Tedros Ghebreyesus disse que não acredita nessa hipótese, pois o acordo entre os países é unânime e amparado em evidências científicas. Já a delegação brasileira, formada por pesquisadores da Fiocruz e pelo Conselho Nacional de Saúde, ponderou que cortes no orçamento podem, sim, reverter conquistas e que é preciso haver continuidade nas políticas públicas. Por aqui, a atenção primária – mais conhecida como atenção básica – atende a 130 milhões de pessoas (o país tem 208 milhões de habitantes).  A Conferência Global de Atenção Primária à Saúde acaba hoje.

DESIGUALDADES NO SUS

UOL continua produzindo boas matérias sobre as desigualdades no SUS. Saiu uma nova safra de três reportagens. Uma delas fala sobre o atendimento em hospitais públicos, que alguns usuários avaliam como excelente e outros como péssimo. “As grandes unidades hospitalares do Brasil que possuem as portas abertas a toda a população costumam apresentar duas faces: uma é o tratamento eficiente de casos de saúde complexos e a resolução de problemas dos pacientes. A outra é formada pela superlotação, as filas e o atendimento caótico”, diz o texto, que aponta que parte da resposta para a contradição está fora dos hospitais, na atenção básica, que deveria receber mais investimentos para prevenir a deterioração da saúde da população. Outra parcela tem a ver com as altas taxas brasileiras de agressões e acidentes de trânsito (as famosas causas externas) e também os níveis altos de doenças crônicas e degenerativas. E isto tudo faz do hospital um lugar muito, mas muito requisitado pela rede de saúde.  “A boa atenção básica contribui muito, mas não evita hipertensão arterial, diabetes, doenças que são consequências de hábitos de vida. Por isso, é preciso que exista boa rede de urgência e emergência e uma boa retaguarda hospitalar para reduzir sequelas e mortes”, explicou Maria do Carmo, ex-diretora de atenção hospitalar e urgência do Ministério da Saúde.

Na sequência, os repórteres apresentam outra contradição brasileira expressa no Sistema Único: as disparidades regionais. Enquanto no Sul e Sudeste, o número de médicos e leitos hospitalares para cada grupo de mil habitantes fica acima da média brasileira, no Norte e no Nordeste fica muito abaixo. A diferença se expressa também nos indicadores, como a mortalidade infantil, com estados como Amapá, Maranhão, Rondônia e Piauí exibindo índices comparáveis a países como Nicarágua, enquanto o Espírito Santo, melhor colocado no ranking, é comparável à Groenlândia.  Ou a expectativa de vida, que expressa uma diferença de nove anos entre o estado com o pior indicador (Maranhão) e aquele que vai melhor (Santa Catarina).

Por fim, UOL fala sobre tratamentos de câncer e de doenças cardiovasculares. Aqui também há histórias revoltantes e edificantes. Com suspeitas de que havia alguma coisa errada com o seio esquerdo, uma aposentada recebeu péssimo atendimento em 2008, recorreu a uma clínica particular e fez um exame, para ser novamente maltratada por um médico do SUS – dois anos mais tarde, ela receberia diagnóstico positivo para câncer, mas a doença já havia se espalhado para outros órgãos. Já uma jovem machucou a perna numa aula de educação física e os médicos do Sistema Único logo detectaram uma marcha anormal abaixo da fratura. Era câncer e foi tratado rapidamente numa unidade conveniada. Uma mesma pessoa pode ter experiências completamente distintas no Sistema, dependendo da cidade em que está.

DESPEJO DE UBS

A Justiça determinou o despejo uma unidade básica de saúde que ocupa um imóvel alugado. A prefeitura da capital paulista não paga o aluguel desde 2012.

GREVE À VISTA?

O Sindicato dos Médicos do Rio convocou ontem uma assembleia para discutir as demissões na atenção básica. A diminuição da cobertura foi decidida pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB). Os médicos cariocas debatem hoje, às 17h, na sede do sindicato.

FRAUDE

Em Fernandópolis, interior de São Paulo, o dono de uma drogaria fraudava o programa Farmácia Popular. Ele ‘vendia’ remédios para gente morta. Ele usava nomes e números de CPF dos falecidos. O comerciante foi denunciado pelo Ministério Público Federal por desvios de R$ 745 mil ao longo de dois anos.

PRISÃO DOMICILIAR

O ministro do STF Ricardo Lewandowski concedeu na quarta prisão domiciliar a mulheres em situação de prisão preventiva por tráfico de drogas que tenham filhos de até 12 anos ou estejam grávidas. Ele é o relator da ação julgada em fevereiro pela Segunda Turma do Supremo. Os ministros não tinham feito ressalvas a mulheres acusadas de envolvimento com o tráfico, mas elas estão tendo dificuldades de obter suas saídas do sistema prisional.

DIFERENTES CANAIS

Uma pesquisa descobriu que os canais vaginais têm formas diferentes ao redor do mundo. Dito assim parece pouca coisa, mas de acordo com a Science Mag o achado é um divisor de águas. Isso porque a teoria mais aceita até o momento pressupunha uma uniformidade. Segundo ela, as mulheres teriam evoluído de forma que esses canais fossem largos o suficiente para permitir a passagem das cabeças dos bebês humanos (grandes) e estreitos o suficiente para que pudessem se movimentar com eficiência. Os antropólogos mediram as pélvis de 348 esqueletos de 24 partes diferentes do planeta. E provaram que há diferenças importantes entre, por exemplo, as mulheres da África subsaariana e as nativas das Américas. A descoberta pode melhorar a atenção ao parto, pois sugere que se os movimentos feitos pelo bebê variam do que é considerado “normal” em algumas regiões, a causa pode ser simplesmente a variação do tamanho do canal.

CESÁREAS NO MUNDO

Vox apresenta os números do que está sendo considerado como “epidemia” de cesáreas no mundo. Em 2000, 12% dos partos eram cirúrgicos. Mas em 2015, o número saltou para 21%.  Na América Latina, a média é enorme: 44%. E o Brasil patina nos 55%, oscilando entre o primeiro e segundo país no mundo que mais faz o procedimento.

ESPANHA VAI DEBATER

O Congresso espanhol votou ontem pela continuidade da tramitação da lei que pretende legalizar a eutanásia no país.

CONTRA SUPERBACTÉRIAS

O Parlamento europeu impôs ontem uma série de restrições ao uso de antibióticos em animais criados para consumo humano. Começam a valer em 2022. O objetivo é evitar o surgimento de superbactérias resistentes aos remédios existentes. Os animais criados por lá consomem mais antibióticos do que os próprios europeus. Pelo menos 25 mil pessoas morrem no continente todos os anos devido a infecções resistentes.

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