Airton Cascavel depõe à CPI e minimiza atuação no Ministério

Conhecido nos bastidores como “ministro de fato” da gestão de Pazuello na Saúde, Cascavel afirma que era apenas um “facilitador”. Mesmo sem vínculo formal, ex-empresário negociava com estados e municípios em nome do governo

Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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Um “colaborador eventual”, sem vínculo oficial, mas responsável pelas relações institucionais do Ministério da Saúde com parlamentares, estados e municípios. Por mais contraditório que pareça, foi assim que Airton Soligo, o “Airton Cascavel”, explicou sua atuação na Saúde em depoimento à CPI ontem.  O empresário, que depois do período de atuação informal foi nomeado assessor especial do Ministério, tem extenso currículo na vida pública de Roraima: já foi prefeito, deputado estadual e deputado federal. Ele participou de viagens com ministros e reuniões com gestores antes de ter qualquer cargo oficial no governo. 

Falando à CPI, buscou minimizar sua atuação no Ministério durante a pandemia e disse que era apenas um “facilitador”, usando sua experiência política para auxiliar a pasta loteada a militares a quem faltava o “traquejo” institucional. Como lembrou a Folha, não era exatamente assim que o viam secretários estaduais e municipais de saúde, que chegavam a chamá-lo de “ministro de fato” na gestão Pazuello. 

Como assessor especial, Cascavel esteve no Ministério entre junho de 2020 e março deste ano. Mas sua chegada à pasta coincide com a integração de Pazuello à Saúde, quando o general ainda era secretário-executivo na gestão de Nelson Teich. Quando pipocaram na imprensa reportagens dando conta de sua atuação informal junto à Pasta, Cascavel foi convidado por Teich para assumir o cargo de assessor especial. 

Mas nem deu tempo de oficializar o vínculo antes que a animada dança das cadeiras no Ministério substituísse o então ministro Teich por Pazuello. Coube, então, diretamente ao general e amigo pessoal de Cascavel refazer o convite e conduzi-lo ao cargo

Ainda no depoimento, Airton Cascavel confirmou que, mesmo sem cargo oficial, atuava como representante no Ministério e negociava politicamente com estados e municípios. No entanto, disse que a informalidade seria apenas uma espécie de problema técnico: por ser administrador de sua própria empresa, estaria impedido de assumir cargos públicos. A proibição, que longe de ser uma formalidade técnica, busca garantir os princípios da administração pública, parece não ter sido empecilho para que o empresário atuasse na prática como agente do primeiro escalão do governo. 

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