Os planos populares de Trump

Governo autoriza planos mais baratos e limitados; mas pesquisa mostra economia em oferecer saúde para todos.

Crédito: Michael Vadon / Wikimedia Commons

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Governo autoriza planos de saúde mais baratos e limitados; enquanto isso, pesquisa mostra economia em oferecer saúde para todos. Essa e outras notícias aqui, em oito minutos

02 de agosto de 2018

OS PLANOS POPULARES DE TRUMP

Uma nova regra do governo abre caminho para a venda de planos e seguros de saúde que não estão em conformidade com o Afrordable Care Act (o Obamacare, baseado no acesso aos serviços via planos subsidiados pelo governo). E eles serão ainda menos… digamos, seguros. Hoje já existe a possibilidade de fazer planos restritos por períodos limitados, de até três meses – segundo o New York Times, era para ser um ‘paliativo’. Agora, esse período vai ser de um ano, podendo se estender até três anos. Esses planos têm menor cobertura e, ao contrário dos tradicionais, não recebem subsídios do governo, sendo totalmente pagos pelos beneficiários.

Defensores dos consumidores, médicos, hospitais e até algumas companhias de seguros reclamaram. A crítica principal é a de eles não protegerem adequadamente as pessoas, mas também há preocupação de que gente mais saudável (e que hoje paga muito caro) vai migrar dos planos tradicionais para estes, desestabilizando o mercado. E – algo que o próprio governo reconhece – isso deve aumentar os custos dos planos individuais. Mas como os individuais é que são subsidiados, os gastos federais aumentariam…

Aliás, essa semana aconteceu algo inusitado nos EUA. Uma pesquisa foi encomendada pelos irmãos Koch (que se dedicam, entre outras coisas, a fomentar grupos de extrema-direita) para mostrar o quanto sairia caro oferecer saúde para todos, como pretende Bernie Sanders com a proposta do ‘Medicare for All’. Só que o estudo mostrou que na real haveria uma economia de nada menos de US$ 2 trilhões ao longo de 10 anos, porque o foco seria em saúde preventiva, que é mais barata e evita problemas. Em vídeo, Sanders ironizou e agradeceu aos Koch.

AINDA O ABORTO

A situação brasileira, onde nos próximos dias acontecem audiências públicas no STF, é capa na revista Radis. Cerca de 500 instituições se inscreveram para ter seus representantes ouvidos pelo Supremo – um recorde de participação. A revista antecipa dados de revisão sistemática sobre aborto no país que vai sair em breve, e entrevista a ginecologista Lisa Vicente, que participou do processo de inclusão do serviço nos hospitais portugueses. Lá, a descriminalização levou à diminuição do número dos procedimentos.

Depois de sofrer ameaças, tanto na web como fora dela, a pesquisadora Débora Diniz conversou com a Vice. “Me parece que as pessoas que colocam o debate do aborto como contra ou a favor caminham para uma abstração, quase que por uma paixão muito distante do mundo concreto e real das mulheres que sofrem com a criminalização, que correm risco e que colocam sua própria vida em cheque. (…) Talvez eles não estejam pensando nas mulheres concretas porque eles estão nesse nível de passionalidade, de ódio que o tema provoca”.

E, na Argentina, um encontro com a literatura: nos debates sobre aborto, o livro e a série O conto da Aia, de Margaret Atwood, têm sido presentes, inclusive inspirando performances nos protestos, segundo a BBC. Logo após a aprovação do projeto na Câmara, a autora mandou tweets para a vice-presidente argentina, Gabriela Michetti, que é presidente do Senado (e contrária à descriminalização). Atwood também enviou um texto às argentinas que foi lido em uma das manifestações. Diz que “as mulheres que não podem tomar a decisão de não ter bebês são escravas porque o Estado dispõe de seus corpos como propriedades e dita o uso desses corpos”.

“NÃO POSSO MAIS SAIR NA RUA”

Falando em propriedade dos corpos, a Agência Pública entrevistou Janaína Quirino, que ficou conhecida após passar por uma esterilização sem consentimento. E reconta toda a história, contextualizada por datas, legislação e outras fontes.

SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

Arroz transgênico contra o HIV? Essa é a nova aposta de um grupo de cientistas do Reino Unido, EUA e Espanha para lidar com o vírus em países pobres. O grão tem proteínas que se ligam ao HIV e o neutralizam, e poderia ser manipulado para virar um medicamento que atuaria como os antivirais orais. Os pesquisadores dizem que seria uma forma eficaz e mais barata de oferecer tratamento. Mas ainda falta testar a segurança.

Aqui no Brasil, a mistura de política de austeridade com ideias conservadoras já está brecando a prevenção e o tratamento das DSTs, mostra o Saúde Popular. Os problemas não vêm só do governo federal, e a matéria critica especialmente a prefeitura de São Paulo.

E é estranho pensar isso, mas parece que muita gente lava e reutiliza camisinha, ao menos nos EUA. Tanto que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país precisou emitir um alerta à população, no twitter, pedindo que pare. Veio depois da divulgação de dados sobre DSTs por lá – em 2016, foram 2 milhões de casos de gonorreia, clamídia e sífilis, o maior número já registrado.

COISA DO PRESENTE

O Brasil ainda é um dos países em que a esquistossomose permanece endêmica. A doença é totalmente ligada às condições sanitárias: causada por vermes parasitas da água doce, está relacionada ao tratamento de água e esgoto. E o Brasil tem uma situação alarmante: 60% da população não tem esgotamento sanitário, e 1,5 milhão de pessoas vivem em áreas com risco de contrair a doença. Um simpósio internacional sobre a doença está acontecendo no Rio até amanhã.

PARA O ENFRENTAMENTO

A entrevista que transmitimos ao vivo na semana passada com o Ronald dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde, já está disponível por escrito. No lançamento da 16ª Conferência Nacional de Saúde, ele retoma a 8ª, de onde saiu o desenho do SUS, e discute a mobilização hoje.

SOBRE GORJETAS E DEPRESSÃO

Trabalhadores que ganham salários baixos e dependem de boas gorjetas para pagar as contas são mais propensos à depressão, segundo esta pesquisa resumida aqui pela Superinteressante. Foram analisados dados de um estudo nacional de saúde que acompanhou milhares de pessoas do setor de serviços, desde a adolescência até a idade adulta.

LASER PARA ‘REJUVENESCER’ VAGINA? MELHOR NÃO

Aparelhos de laser inicialmente aprovados pela FDA (agência dos EUA que libera medicamentos e tratamentos, entre outras coisas) para usos bem específicos, como tratamento de verrugas genitais e câncer, começaram a ser promovidos pelos fabricantes com outras promessas:  tratar atrofia vaginal, incontinência urinária, ressecamento e funções sexuais, além de uso cosmético. Até spas oferecem. Mas a agência agora anunciou que já alertou várias vezes os fabricantes pra deixarem de vender os dispositivos alegando essa finalidade, porque é perigoso e enganoso.

BANCADA DA CIÊNCIA

Ter uma dessas no Congresso é a expectativa dos Cientistas engajados, que querem alertar a população para a importância do investimento em ciência e tecnologia. A Vice falou com os dois pré-candidatos, Walter Neves e Mariana Moura (vão concorrer a deputado federal e estadual, respectivamente, ambos por SP).

VAI AUMENTAR

A taxa global de mortalidade por câncer de pulmão, entre mulheres,  deve crescer 43% até 2030. A estimativa leva em conta dados de 52 países, e o principal fator é o hábito de fumar. Mas quem puxa a alta são Europa e Oceania. Na América e na Ásia estarão as taxas mais baixas.

FOI E VOLTOU

A República Democrática do Congo mal declarou o fim da epidemia de ebola e, uma semana depois, foram confirmados mais quatro casos. Não há evidências de que este surto esteja ligado à epidemia anterior.

FEBRE MACULOSA

A doença transmitida por carrapatos – em geral o carrapato-estrela, que costuma se hospedar em capivaras -, já matou 15 pessoas em SP. Esta semana foram duas mortes confirmadas: a de um menino de 8 anos e uma adolescente de 15. Nos dois casos, houve demora no diagnóstico.

G1 informa que este ano foram 62 casos em todo o país. Por enquanto, é menos do que no ano passado, quando foram 188 ao todo, com 65 mortes.

 

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