Violência sem fim

Imprensa reúne mais evidências de danos físicos e psicológicos causados às crianças presas pela política imigratória de Trump

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O resumo dessa e outras notícias aqui, em oito minutos.

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VIOLÊNCIA SEM FIM

Além de sofrerem com a separação das famílias, algumas das crianças levadas para abrigos graças à política imigratória de Donald Trump foram dopadas. Já falamos disso por aqui, mas à medida que o caso foi ganhando o noticiário, mais gente foi a campo investigar exatamente o que acontecia nas instituições que, ao todo, recebem R$ 3,4 bilhões do governo americano. Raquel Torres, do Outra Saúde, relata as descobertas da imprensa.

AINDA O PACOTE

E como se não bastasse o caráter pouco republicano da votação a portas fechadas que foi contra análise científica e técnica de mais ou menos todo mundo, os deputados da bancada ruralista fizeram festa para comemorar a aprovação do PL 6299/02 conhecido como Pacote de Veneno. Debochados, apelidaram a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Tereza Cristina (DEM-MS), de “musa do veneno”.

Aconteceu num badalado restaurante em Brasília, nas vistas de todo mundo, e contou com 40 convidados, dentre eles representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e o Instituto Pensar Agropecuário. E a conta do banquete, regado a vinho e bacalhau, ficou com um dos empresários presentes, informa Angela Boldrini na Folha.

Claudia Collucci dedicou sua coluna semanal à aprovação do Pacote: “Do ponto de vista de saúde pública e ambiental, é insustentável qualquer argumento em defesa da atual política de agrotóxicos no país. Por que não buscar os padrões de segurança empregados na Europa? As mudanças propostas na regulação sinalizam mais retrocessos. O modelo não tem nada a ver com saúde. É claramente uma opção política, relacionada à pressão da bancada ruralista e das empresas de agrotóxicos. Ponto.”

O entrosamento do “time” ruralista foi o assunto deste texto do Observatório do Clima escrito semana passada, antes, portanto, da aprovação do PL pela comissão especial. Segundo o autor, a bancada está usando as mesmas táticas da época da aprovação do Código Florestal – com a diferença de que, agora, tem mais experiência e poder. Ele lista e compara oito delas, com riqueza de detalhes. Vale a pena ler.

A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado está começando a mobilizar a população para pressionar os deputados federais na votação do PL no plenário da Câmara. Só entra na pauta quando Rodrigo Maia quiser (ou for pressionado). E há poucas chances de isso acontecer antes das eleições.

NOVAS INFORMAÇÕES

Divulgado ontem, o Relatório Mundial sobre Drogas, da ONU, aponta para um crescimento recorde da produção global de cocaína e ópio em 2016. Estima-se que foram produzidas 1.410 toneladas de cocaína, a maior parte na Colômbia. E 1,5 mil toneladas de ópio, sobretudo no Afeganistão. Uma parte dessa matéria-prima não vai ser usada para produzir heroína, mas medicamentos opioides ilegais, diz o escritório das Nações Unidas. Ainda segundo o documento, a maconha continua sendo a droga mais consumida do mundo, com 192 milhões de usuários. E seu consumo cresceu 16% ao longo dos últimos oito anos.

E o Instituto Igarapé lançou uma plataforma que reúne os modelos de políticas públicas para drogas nas Américas, com informações atualizadas sobre as legislações.

TOXOPLASMOSE

O surto de toxoplasmose em Santa Maria (RS) foi provavelmente provocado por água de torneira e pelo consumo de hortaliças, de acordo com investigação do Ministério da Saúde. Com isso, outros fatores – como o consumo de carne, linguiça e queijos supostamente contaminados – foram descartados pelas autoridades. E os reservatórios de água da cidade foram limpos. O surto é o maior já registrado no país, com 569 casos confirmados.

Semana passada, o ministro da Saúde Gilberto Occhi, em entrevista a uma rádio, afirmou que o surto era causado pela água. As autoridades locais criticaram a atitude, já que nenhuma delas tinha sido informada pela pasta desta conclusão.

ABAIXO DA META

Mais de 6,8 milhões de pessoas deixaram de se vacinar contra a gripe, fazendo com que o patamar de adesão com o fim da campanha de imunização tenha ficado em 86,1%, quando o objetivo era 90%. Entre o público-alvo, gestantes e crianças aderiram menos, com índices de cobertura de 73%, e professores mais, com 100%. A campanha terminou na sexta e durou dois meses.

NADA POP

O voucher chegou à saúde brasileira, de acordo com o sociólogo Ricardo Jurca, que escreve para o Saúde Popular. É que redes de consultórios populares, como Dr. Consulta, aparentemente estão usando do expediente para atrair clientes. A pessoa ganha um voucher no valor de R$ 30 e tem direito a usá-lo por um mês. O modelo de negócios dessas clínicas também é um prato cheio para o endividamento de quem recorre a esses serviços. “Paguei a última parcela agora no valor de R$ 238. A médica diz assim, eu tô vendo uma manchinha aqui. Você fica desesperada. Paga R$ 90 pela consulta e depois fica preocupada e paga mais tanto para os exames para ver o que é a manchinha. Fui em outra clínica e o médico tirou essa paranoia da minha cabeça. Avisei uma amiga que recebeu o mesmo alerta da médica do Dr. Consulta e se negou a fazer os exames e pagar mais ainda”, relata uma paciente.

FIO DA MEADA

Uma notícia leva à outra. O Valor informou que o grupo hospitalar Leforte comprou o Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama, localizado em Santo André (SP), por cerca de R$ 400 milhões, levando a melhor em relação a outros compradores em potencial, como a gigante UnitedHealth, dona da Amil. Mas aí ficamos sabendo que o Leforte era uma instituição filantrópica até setembro de 2015. Com faturamento estimado em R$ 700 milhões este ano, os laços do grupo com a filantropia não estão totalmente cortados: o Leforte é dono do Hospital Lacan, em São Bernardo do Campo, que só atende pelo SUS. Mas a administração da unidade é feita não pelo grupo, mas pela Sociedade Assistencial Bandeirantes. Vai para a galeria de retratos das relações entre setor privado e SUS.

GAMES

Com a atualização do Classificação Internacional de Doenças, o CID, o vício em videogames foi alçado à condição de doença mental. Em entrevista ao Estadão, o psicólogo Cristiano Nabuco, que, há 15 anos, trata jovens com algum tipo de dependência tecnológica, fala sobre as mudanças que acompanhou, como no perfil dos jogadores, cada vez mais novinhos.

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

Foi publicada no Diário Oficial ontem a lei que passará a exigir que profissionais notifiquem o Ministério da Saúde sobre os casos de câncer e malformação congênita que atenderem. Começa a valer em 22 de dezembro. Até lá, deverá ser regulamentada pelo Ministério da Saúde.

FICOU DECIDIDO

Ontem, a CPI das Organizações Sociais, que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo, aprovou dois requerimentos para exigir que as OSs cumpram normas de transparência e divulguem os valores de remuneração de dirigentes e funcionários.

NOVO ESTUDO

O ISAGS lançou o estudo Gravidez Não-Desejada em Adolescentes na América do Sul, uma compilação inédita de dados dos 12 países da Unasul, com uma análise das políticas implementadas e propostas para fortalecer planos de ação na região. Em espanhol ou inglês.

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