Occhi investigado

Investigação da Caixa aponta que o atual ministro da saúde transferiu dinheiro do banco para negócios do filho

Crédito: Alan Santos / Palácio do Planalto (flickr)

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Investigação da Caixa aponta que Gilberto Occhi transferiu dinheiro do banco para negócios do filho

O resumo desta e de outras notícias você confere aqui em oito minutos.

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OCCHI INVESTIGADO

A Caixa está investigando Gilberto Occhi e a Folha trouxe um dos resultados: tudo indica que, em 2013 (quando era gestor do banco), ele repassou dinheiro de lá para um negócio do seu filho e seu enteado: 200 mil foram transferidos para uma prefeitura de Alagoas e, em seguida, parecem ter sido destinados à compra de uma casa lotérica vendida por esses familiares. Eles tinham ao todo três lotéricas, o que, lembra o jornal, nem era para ser possível. Quem autoriza a concessão das lotéricas é a Caixa; em 2011, quando as concessões foram conseguidas, o hoje ministro era superintendente nacional de Gestão da Caixa no Nordeste, e a participação dos parentes deveria ter sido barrada (por caracterizar nepotismo). A restrição não apareceu no edital, e Occhi disse em nota que respeitou a legislação. Mas ele não falou sobre o desvio. Nem seu filho. Nem o enteado. Nem o prefeito da cidade que participou da transferência… Mas a filha do prefeito (é mesmo uma história com muitos familiares) disse à Folha que a compra da lotérica foi feita com as economias do pai, além de um empréstimo.

MAIS UMA FLEXIBILIZAÇÃO

UPAS que não funcionam poderão ser usadas para outras áreas, sem que estados e municípios tenham que devolver os recursos federais investidos. Quem traz a novidade é Michel Temer. Ele assinou ontem um documento que altera o Decreto 7.827 e a mudança deve sair no D.O. esta semana. As UPÀS ‘flexibilizadas’ só vão precisar continuar na área da saúde, mas, pelo menos segundo o site do Ministério, essa definição aparece bem vaga: elas podem virar desde UBS até academias da saúde (o site diz ainda que, hoje, 148 UPAS estão construídas ou em fase final de obras mas paradas).

AUSTERIDADE MATA. DE VERDADE.

Se mantidas as medidas de austeridade adotadas pelo governo Temer, o Brasil pode ter 20 mil mortes a mais de crianças até 2030, segundo estudo publicado ontem na PloS Medicine. O impacto vem em especial de cortes na Estratégia Saúde da Família e no Bolsa Família. Se a proteção social fosse mantida, além dessas mortes a menos também poderiam ser evitadas 124 mil hospitalizações por problemas como desnutrição e diarreias.

A miséria aumenta em todo o país, mas é no Rio que os números mais impressionam. Em um ano, número de pessoas em extrema pobreza (com rendimento familiar per capita de até R$ 70) saltou de 143 mil para 480 mil.

QUEM FINANCIA O CÉTICO

O meteorologista Luiz Carlos Molion diz que o aquecimento global é um mito, que gás carbônico não causa efeito estufa e que a ação do homem é insignificante para afetar o clima. Ele espalha essa mensagem em 50 palestras por ano, em diversos estados, para centenas de produtores de soja… E é pago por empresas como a Syngenta – grande produtora de agrotóxicos -, além de associações de produtores, prefeituras e governos estaduais. A apuração é de Patrícia Campos Mello, na Folha. A matéria contesta as afirmações e fala da expansão dos ruralistas no Matopiba ( o nome é formado pelas iniciais de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região que tem hoje a maior parte da área agricultável ainda disponível por aqui.

CALOR MATA MAIS DE 60 NO PAQUISTÃO

Em Karachi, cidade com 15 milhões de habitantes, o calor se intensifica pela falta de espaços verdes e já morreram pelo menos 65 pessoas, a maioria trabalhadores de bairros pobres. O Deutsche Welle diz que a situação piora porque estamos no Ramadã, mês sagrado em que muçulmanos jejuam da alvorada ao pôr do sol.

AINDA A ROTULAGEM

Depois do posicionamento da Anvisa, foi a vez de Gilberto Occhi falar sobre a rotulagem de alimentos processados. O tema esteve no seu discurso, ontem, na Assembleia Mundial de Saúde. E ele disse ao Estadão que um acordo de redução de açúcar nos produtos deve ser fechado com a indústria no mês que vem. Sua ideia é que cada setor tenha um percentual de redução diferente.

O relatório em que a Anvisa defende os selos de alerta vai na verdade além disso. No Joio e o Trigo,  João Peres nota que a agência também estuda limitar e mesmo proibir alegações nutricionais que podem enganar – tipo um pão cheio de gorduras saturadas com um destaque de “fonte de fibras” na embalagem.

A propósito: um estudo recente diz que, se mantidos os níveis de obesidade,  em 2045 metade do mundo vai ter diabetes tipo 2.

MONSANTO VAI TER JULGAMENTO INÉDITO

No mês que vem começa o processo de um agricultor de 46 anos, dos EUA, contra a Monsanto. Ele tem câncer, restam-lhe poucos meses de vida e, pela primeira vez, a empresa vai enfrentar judicialmente acusações de que esconde, há décadas, as evidências de que seu principal herbicida (o Roundup) pode levar à doença.

LOBBY DO TABACO

Em outubro, o Brasil vai participar de uma conferência na Suíça sobre o controle do tabaco. Mas, desde já, produtores cobram do governo um posicionamento sobre o tema. Ontem teve audiência pública na Câmara e o auditório ficou lotado por representantes da cadeia produtiva, além de prefeitos de municípios plantadores de fumo. Eles reclamam de não serem chamados para as discussões antes dos encontros internacionais.

VITAMINA S, AGORA CONTRA O CÂNCER

Há tempos se fala na importância de não deixar as crianças totalmente isoladas dos germes – “um pouco de ‘vitamina S’ faz bem, deixa sujar!” -, e, agora, uma pesquisa divulgada no Reino Unido indica que uma vida asséptica demais pode ajudar a levar à leucemia linfoblástica, um dos tipos mais comuns de câncer na infância. A conclusão vem de 30 anos de pesquisa.

50 ANOS DE UM MARCO

Esta semana – no sábado – faz 50 anos que o primeiro transplante de coração foi feito no Brasil. O G1 conta a história a partir das memórias de Euclydes Marques, médico que participou dela: “Todo mundo tinha medo de fazer um transplante e matar a pessoa. Esperava-se para fazer um transplante de coração em um doente que certamente iria morrer”, diz. O primeiro transplantado foi João da Cunha, lavrador do Mato Grosso. Antes disso, foram feitas mais de 200 cirurgias em cães de rua.

ATÉ OS MAMILOS

Muito depois dos implantes de silicone nos seios e também das cirurgias na genitália feminina, chegou a vez dos mamilos. A moda agora é ter bicos proeminentes como os de uma certa celebridade. O procedimento se faz com injeções de ácido laurílico, que é absorvido pelo organismo e tem que ser reinjetado todo ano.

CANNABIS MEDICINAL

O relato de alguém que nunca tinha fumado – nem maconha, nem nada – e testou, por indicação médica, para alívio da dor: no Intercept.

E um evento sobre o tema aconteceu no Rio na sexta passada. A cobertura está aqui.

BEM-ESTAR DOS ‘COLABORADORES’

O Instituto Coalizão Saúde promoveu um encontro na USP para discutir saúde, bem-estar e produtividade – se falou sobre como a promoção de saúde no trabalho dá retorno às empresas.

UMA MULHER NO IARC

A epidemiologista Elisabete Weiderpass Vainio é a primeira brasileira a assumir o cargo de diretora-geral da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês)

ENFIM, O DOCUMENTO

O relatório em que a OMS demonstra só 45% da população mundial tem acesso a serviços de saúde adequados (que mencionamos na segunda-feira) está aqui.

AGENDA

Cine Saúde lembra a luta antimanicomial com o filme Nise – O coração da loucura. Vai ser quinta-feira (24/5), na Fiocruz.

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