Novos números da febre amarela

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MAIS SOBRE FEBRE AMARELA

O Ministério da Saúde atualizou os números da febre amarela ontem. O país já tem 545 casos da doença confirmados, com 164 mortes. No mesmo período do ano passado, foram confirmados 557 casos e 178 óbitos. A análise considera o período que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano.

Mas 2018 concentra a maioria dos casos e mortes: 541 e 163, respectivamente. Minas Gerais, que há 10 anos foi incluído no mapa de recomendação da vacina, é o estado com maior número de ocorrências (264 casos; 77 mortes). O estado é seguido por São Paulo (208; 57) e Rio de Janeiro (72; 29).

Mesmo diante desses números, permanece baixa a adesão à vacinação. Estima-se que Rio e São Paulo tenham atingido, juntos, apenas 25% da meta de imunização. Ainda não se tem dados sobre a Bahia, que iniciou a imunização na segunda. Os estados devem manter a campanha até atingirem a cobertura ideal.  

Enquanto isso, o primeiro caso da doença foi confirmado no Rio Grande do Sulontem à noite. Mas segundo a secretaria estadual de saúde, a pessoa contraiu a doença em Minas. Não tinha se vacinado. 

Ontem, a prefeitura de São Paulo decidiu interditar o Parque do Carmo, na zona leste, após confirmar que um macaco encontrado morto no local estava infectado com febre amarela. E recomendou que as pessoas deixem de frequentar outro parque, o Linear Rio Verde, na mesma região.

E um especialista da Organização Pan-Americana de Saúde reforça a recomendação de que se deve combater o vetor da febre amarela urbana: “O risco [de ressurgimento da variação urbana] sempre existe. Dependerá da densidade do mosquito Aedes aegypti”. Segundo Sylvain Aldighieri, que é diretor-adjunto da Opas, o surto atual no Brasil “é o mais importante desde os anos 1940”. É que, segundo ele, a maioria dos mais de 800 casos da doença confirmados no continente entre julho de 2016 e junho de 2017 são do Sudeste brasileiro.

PROPÓSITOS MISTERIOSOS

Qual o propósito do Proadi, o programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS, que dá isenções fiscais bilionárias a hospitais lucrativos como Sírio Libanês e Albert Einstein? Essa é uma pergunta que passa com frequência pelas cabeças da redação do Outra Saúde. Uma matéria da Folhatraz mais elementos para compor esse quadro da atuação dos “filantrópicos lucrativos” frente à justificativa de existência do programa. 

É que o Ministério está revendo quais serão as prioridades do Proadi nos próximos três anos. E decidiu que serão as demandas nacionais do SUS. Mas os hospitais de São Paulo recebem financiamento para fazer assistência no município. A matéria traz as preocupações (legítimas) dos pacientes atendidos. Mas não devemos nos levar apenas pelos dramas (reais) dessas pessoas. Pois lá no final, ficamos sabendo que os projetos de assistência praticam preços “muito acima da tabela SUS”, o que na avaliação do secretário de atenção básica do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo, torna esse braço do Proadi “insustentável”. 

Mas eis que a trama se complica: “Governo pede e Sírio fará programa nacional para tratar câncer de mama” é o título da matéria do Valor, que conta que a pasta quer estender o projeto assistencial do hospital para todo o país. 

Tudo isso nos leva a mais perguntas, mas dividimos uma delas com você: qual o sentido de se criar, com dinheiro público, uma rede paralela de atendimento que, claro, (não duvidamos) é de alta qualidade, mas não melhora em nada o SUS?

NOVOS NÚMEROS

No Brasil, 70% não têm plano de saúde e 56% acreditam que a saúde pública piorou nos últimos 12 meses. Essas são algumas das conclusões do levantamento inédito do Serviço de Proteção ao Crédito e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, divulgado na terça. Foram ouvidas 1,5 mil pessoas nas capitais do país.

A partir da matéria do Valor, compilamos alguns achados: 60% do total sem planos nunca contratou esse tipo de serviço; 32% perderam o acesso após demissão; e 25% cancelaram por não terem condições de pagar as mensalidades. Entre as classes A e B, o percentual de pessoas sem plano de saúde cai a 45%, já para as classes C, D e E sobe a 77%. Quem não tem plano recorre ao SUS (45%) ou paga pelos serviços (25%).

E um bom para pensar nos planos populares e nas propostas do novo marco legal do setor, em discussão na Câmara: cerca de 47% dos planos são contratados com coparticipação e parte dos procedimentos e exames precisam ser pagos pelo associado. Quando o plano de saúde não cobre toda a despesa, 14% recorrem ao SUS.

VOLTOU A CRESCER

Pela primeira vez em 32 meses, o mercado de planos de saúde cresceu. De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, foram 64 mil novos vínculos para planos médico-hospitalares no último ano, totalizando 47,4 milhões. A última variação positiva havia sido em junho de 2015.

‘MENOS’ MAIS MÉDICOS

Ontem, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) apresentou na Comissão de Assuntos Sociais o relatório de avaliação do programa Mais Médicos. Segundo o documento, que foi aprovado na CAS, quase oito milhões de brasileiros deixaram de contar com esse atendimento em 2017, já que caiu o número de cidades e de médicos atuantes no programa. O Mais Médicos chegou a ter 18.240 profissionais, mas hoje tem menos de 16 mil. Antes atuava em 4.058 cidades; agora mais de 200 estão sem atendimento atualmente. 

Além da redução, a senadora alertou que uma medida administrativa do Ministério da Saúde tornou discricionárias as despesas do Mais Médicos. Com isso, o programa passou a correr o risco de contingenciamento. 

BALANÇO

E ontem, o ministro Ricardo Barros ouviu diretamente dos conselheiros nacionais de saúde críticas a sua atuação à frente da pasta. Eles colocaram em dúvida a mudança na forma como recursos federais são repassados para estados e municípios (não mais por área – atenção básica, vigilância, etc. – mas em dois blocos – financiamento e custeio – o que dificulta a fiscalização da aplicação dos recursos) e questionaram a propalada ‘eficiência’ da gestão. Também citaram os impactos que a Emenda Constitucional 95 no SUS.   “Esse discurso não adianta, ele não condiz com realidade. E já se votou. Já se provou que com a Emenda a saúde cresceu”, respondeu Barros, sem explicar como. 

AINDA OS RESTOS

A notícia dos R$ 31,25 bilhões de restos a pagar na saúde repercutiu. Segundo o presidente da Abrasco, Gastão Wagner, seria necessária maior atenção do governo federal em relação a cidades pequenas. “A aplicação desdobra-se muitas vezes em contratos, convênios com pequenos municípios que não têm condições de executá-los. Para evitar a corrupção, várias exigências foram criadas. Mas seria necessário ter regras mais fáceis nos casos de municípios menores”, disse.

DADOS PESSOAIS NO SUS

Proposta dos gestores públicos que estabelece procedimentos para acesso e cessão de bases de dados contendo informações pessoais de pacientes atendidos pelo SUS está sob consulta pública até o dia 5 de março.

Mas o Conselho Nacional de Saúde avalia que são necessários mais do que 15 dias para avaliar o texto.

PARA TODO MUNDO VER

Relatores da ONU resolveram expor ao público suas críticas às ações de João Dória na Cracolândia paulistana. Afirmam que as ações têm agravado a exclusão social e se caracterizam pelo uso desproporcional da força policial. A decisão foi tomada depois que o país ignorou um pedido de explicações enviado pelas Nações Unidos em 28 de agosto. O prazo de resposta era de 60 dias. Mas até hoje nada, relata Jamil Chade, no Estadão

SOBRE OVELHAS E TRANSPLANTES

Nexo conta como pesquisas com ovelhas podem representar um avanço para os transplantes. Isso porque os cientistas estão desenvolvendo órgãos nesses bichos a partir de células humanas. E obtido bons resultados.

E, NO ENTANTO, FUNCIONAM

Estudo publicado ontem na revista The Lancet considerou dados de mais de 100 mil pacientes, reunindo um total de 522 estudos, e chegou à conclusão de que antidepressivos são eficazes. Em todos eles, os pacientes foram distribuídos aleatoriamente entre grupos tratados com remédio ou com placebo. Os pesquisadores não sabiam quem fazia parte de qual grupo para reduzir erros decorrentes do viés de observação. No fim, verificaram que a chance de melhora com remédio é de 37% a 113% maior do que com placebo. No mundo, mais de 350 milhões de pessoas sofrem com a depressão.

A FALTA QUE UM SISTEMA FAZ

A desorganização do sistema público de saúde foi mais devastadora do que o ebola para a Libéria. Estudo da Universidade de Washington publicada na revista PLOS Medicine descobriu que até 67% da atenção primária essencial desapareceu durante e imediatamente após a epidemia. O ebola provocou a perda de 25 mil vacinas contra a tuberculose, cinco mil nascimentos desassistidos e 100 mil tratamentos a menos para a malária.

SAÚDE A PRIORI

Em sua coluna no Jornal da USP, o filósofo Renato Janine Ribeiro falou que uma saúde pública de qualidade e com acesso gratuito é ponto de partida essencial para qualquer mudança na Previdência. “Todas as propostas de reforma da Previdência que estão aparecendo no Brasil estão ignorando solenemente essa necessidade ampliada das pessoas mais velhas em termos de despesas de saúde”, afirma ele, se referindo ao aumento de gastos com medicamentos, consultas, exames e procedimentos. “Hoje a discussão é muito superficial e envolve apenas o fechamento das contas”, diz. 

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