Pfizer e AstraZeneca funcionam contra variante Delta, diz estudo

Pesquisadores do Instituto Pasteur apontam, no entanto, que duas doses são necessárias

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Um trabalho liderado pelo Instituto Pasteur e publicado ontem na Nature reforça evidências prévias de que as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca funcionam contra a variante Delta – mas que são necessárias as duas doses. 

Como foi um estudo de laboratório (não envolvendo a observação de seres humanos), seus resultados não indicam a eficácia nem a efetividade dos imunizantes, mas apenas a resposta de anticorpos ao SARS-CoV-2. Os cientistas avaliaram o desempenho de vírus de quatro cepas (Alfa, Beta, Delta e a original) no soro produzido por pessoas que já tinham sido infectadas ou vacinadas. No total, eles avaliaram o soro de 103 pessoas com infecção prévia e de 59 vacinadas, e viram que a Delta escapou de alguns dos anticorpos.

O soro de quem já tinha sido infectado, mas não vacinado, não proporcionou praticamente resposta nenhuma. No entanto, quando pacientes recuperados receberam apenas uma dose da vacina, seus anticorpos já conseguiram neutralizar todas as variantes, incluindo a Delta. 

Já para quem nunca tinha sido infectado, uma dose da vacina não funcionou contra a Delta: uma boa ação dos anticorpos só foi vista no soro de cerca de 10% das pessoas. Mas o cenário mudou drasticamente após a segunda dose, quando esse percentual saltou para 88% (no caso da AstraZeneca) e 100% (com a Pfizer). Ainda assim, os autores indicam que os anticorpos produzidos foram menos potentes contra a Delta em comparação com outras cepas.

A pesquisa não significa necessariamente que infecções prévias e apenas primeira dose dessas vacinas não protejam nada contra a Delta. “A evasão de anticorpos neutralizantes in vitro não explica o que acontece no mundo real e também não explica a amplitude e complexidade da resposta imunológica, que não se restringe aos anticorpos neutralizantes”, explica a virologista Angela Rasmussen ao STAT.

Por aqui, reforçamos mais uma vez que os estudos de vida real têm em geral demonstrado a proteção de vacinas contra a Delta e todas as outras variantes, especialmente em se tratando de hospitalizações e mortes. 

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