Filmes e Debates preparam Greve do Clima

Encontros debatem, em SP, grandes temas ambientais brasileiros. Com Lucimara Patter, Ladislau Dowbor, Ricardo Abramovay e Angela Pappiani, ajudarão a mobilizar para manifestações de 20/9 e a resistir à devastação de Bolsonaro

25/8: No Rio, milhares vão às ruas, em defesa da Amazônia e contra Bolsonaro
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Por Antonio Martins | Imagem: Mídia Ninja

CINEDEBATE 1
Belo Monte, anúncio de uma guerra, de André D’Elia
Participação de Ladislau Dowbor e Lucimara Patté
Terça-feira, 3/9, 19h
Teatro Commune: Rua da Consolação, 1218 – Metrô Higienópolis-Mackenzie — São Paulo

A defesa da Amazônia, que levou milhares de pessoas às ruas em diversas cidades do país, no último fim de semana, voltará a convocar a sociedade em breve. A nova data é 20 de setembro. Nesse dia, o Brasil participará, pela primeira vez, das Greves Globais pelo Clima, que atraem multidões crescentes de jovens – e adquirem claro caráter anticapitalista – desde o ano passado. Em São Paulo, uma coalizão organiza, em reuniões que atraem dezenas de pessoas (a próxima ocorrerá neste sábado), manifestação que começará na Avenida Paulista. Outras Palavras decidiu somar-se ao processo. Em conjunto com a Associação Scientiae Studia, nossa contribuição será exibir, num curto ciclo, três documentários, sobre grandes temas ambientais brasileiros. Serão seguidos de debate e permitirão, a novos interessados em se envolver com a greve, articular-se com os coletivos que já mobilizados. Ocorrerão no Teatro Commune, central e acolhedor.

A série começa às 19h da próxima terça-feira, 3/9. Belo Monte, anúncio de uma guerra, do diretor André D’Elia, expõe o tema crucial das fontes de energia. Ao contrário do que ocorre na maioria dos países, a matriz elétrica brasileira é, majoritariamente, livre de petróleo. Mas o aumento de consumo, e em especial os interesses de certos grupos econômicos, levaram à multiplicação de barragens – algumas delas, na Amazônia, e em território indígena. É o caso de Belo Monte: em Altamira (PA), surgiu um caldeirão explosivo de contradições, multiplicadas pela desigualdade e ausência de planejamento urbano. A construção da usina atraiu milhares de pessoas, que trabalharam em condições desumanas. Qual seu destino, ao final da obra e do emprego? Sujeitar-se a ocupações ainda mais precárias e destrutivas?

Lucimara Patté (uma das animadoras da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB) e economista Ladislau Dowbor (autor, entre outros de A Era do Capital Improdutivo) abrirão, em seguida, um debate. Não há pretensão acadêmica, nem formalidade. O objetivo principal é incorporar as experiências e vozes de quem já está envolvido na Greve Global, quer se integrar e, principalmente, deseja somar-se à reflexão e às mobilizações ambientais no Brasil. Por isso, a Coalizão pelo Clima estará presente neste encontro e nos seguintes.

O miniciclo prossegue 8 dias depois (11/9, uma quarta-feira), sempre no Teatro Commune. Outra obra de André D’Elia, A Lei da Água, trata de um tema ainda mais amplo: os retrocessos no Código Florestal Brasileiro. Por fim, em 18/9 (dois dias antes da greve), será a vez de O Amanhã é Hoje, Com roteiro de Laura Toledo Dauden e Thais Lazzeri, o documentário situa nossos dramas no cenário global, ao tratar de um tema pouco debatido na mídia: como as mudanças climáticas já afetam a natureza, a economia e milhares de pessoas no Brasil. Para debater o segundo e o terceiro filmes estão convidados o economista Ricardo Abramovay e a jornalista e antropóloga Angela Pappiani. Também intervirá o professor de Filosofia Pablo Mariconda (USP), presidente da Associação Scientiae Studia e coordenador do Grupo de Estudos em Filosofia e História da Ciência do IEA/USP.

Ao estimular abertamente a devastação da Amazônia, o presidente pateta menosprezou o risco de despertar um poderoso movimento socioambiental no Brasil. Temos agora a possibilidade de fazê-lo pagar por isso – e, talvez, de abrir novos caminhos para a transformação do país.

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